quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Disco da Semana - Rafael Castro (Um Chopp e Um Sundae)

Eu já havia lido sobre o jovem cantor, compositor e multi-instrumentista Rafael Castro em alguns lugares, mas nunca tinha dado a devida atenção. No entanto, zapeando pelo Deezer, encontrei seu nono (!!) álbum recém-lançado, Um Chopp e Um Sundae, disponível para audição. O músico paulista havia produzido pela primeira vez um "álbum físico" com o elogiado Lembra?, de 2012, sendo que até então seus discos eram todos disponibilizados online. Confesso que sempre curti quem ousasse seguir por caminhos musicais pouco ortodoxos e, embora o estilo principal de Castro seja o rock and roll, encontram-se lampejos de influências bem variadas, sendo seu trabalho muitas vezes comparado a artistas como Raul Seixas e Os Mutantes.

A guinada musical em Um Chopp e Um Sundae, contudo, é radical - tanto em temática quanto sonoridade - comprovando a característica "camaleônica" do artista, o que, segundo o próprio, pode deixar muitos fãs "de cara" com o que vão encontrar. Ao contrário da sobriedade e tom mais sério do álbum anterior, aqui o músico emula o som - inclusive toda a atmosfera "brega" e exagerada - dos anos 80, criando o que o próprio convencionou chamar de "Música Gata" (!!). Nas palavras de Rafael, segundo o site O Globo: "(...) sonhei que uma garota dizia que faço ‘Música Gata’. Imaginei que beats eletrônicos antigos, maquiagem carregada, sintetizadores, salto alto, guitarras com litros de chorus e unhas prateadas compunham o gênero (...) é música festeira, muito menos cabeça e muito mais quadril".



O disco, totalmente produzido e gravado pelo próprio cantor em seu estúdio caseiro, consegue resgatar com perfeição a sonoridade anacrônica da década homenageada, trazendo momentos bem excêntricos e, por isso mesmo, divertidos. Com algumas regravações, incluindo Aquela (de Gabriel Thomaz, "eternizada" pelo grupo Raimundos), Víbora (Tulipa Ruiz), e Um Trem Passou Por Aqui (da banda Joelho de Porco) - esta última, por sinal, fazendo referência ao suposto acidente do "Rei" Roberto Carlos - é nas composições próprias que o músico se destaca: Preocupado e Motivo seriam hits certos de artistas dos 80 como Ritchie ou até de grupos como Dominó e Polegar. A impagável Caetano Veloso faz menção ao ícone da MPB, mimetizando até seu timbre de voz, ao ironizar a popularidade do músico.

Vale observar também a transformação visual do artista, uma espécie de David Bowie tupiniquim, e a capa um tanto quanto bizarra ousada - o que será que a Júlia, do blog Frescurinha, teria a dizer? - de forma a complementar o conceito do disco e podemos perceber que não estamos diante de um trabalho convencional. Contudo, para os apreciadores da inventividade, Rafael Castro é um artista talentoso, inquieto, multifacetado e que, certamente, merece ser levado em consideração.

Você pode ouvir o álbum no player abaixo ou baixá-lo gratuitamente (inclusive toda a discografia) no site oficial do artista.

Nota: 7,5
 





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