O Rei do Show (The Greatest Showman) é o tipo de filme que facilmente conquista a simpatia do público. Pra começar tem um elenco carismático e bem entrosado capitaneado por nomes como Hugh Jackman, Michelle Williams e Zac Efron. Depois, possui uma história de superação de dificuldades, com um claro subtexto sobre a importância de se respeitar as diferenças. Por fim, tem uma série de canções divertidas, cheias de números contagiantes e bem coreografados. Fora o excelente desenho de produção, a montagem dinâmica e outros atributos que nos fazem abrir um sorriso de satisfação durante a projeção.
Baseado em fatos reais (e com uma série de licenças poéticas), o filme conta a história de Phineas Taylor Barnum, empresário do ramo do entretenimento, famoso por enganar o público com as suas peças e considerado um dos pais do modelo de circo que conhecemos hoje em dia (com lona, na rua e com um picadeiro). De origem humilde e, desde a infância sonhando com um mundo mágico, Barnum (Hugh Jackman) desafia o status quo, se casa com a filha do patrão do pai (Michelle Williams) e inicia um projeto para a realização de seu maior desejo: abrir uma espécie de museu de curiosidades. É claro que nem tudo serão flores na jornada do sujeito, que enfrentará dificuldades após o espetáculo fracassar. Sem deixar de lado o espírito empreendedor ele investirá em um novo show, este estrelado por pessoas a margem da sociedade, rejeitadas ou desfiguradas, podendo ser desde o homem mais gordo do mundo, até a mulher barbada.
E é ao perceber que o cidadão de bem americano do começo do século 19 tem curiosidade pelos freaks, que P.T. Barnum encontrará o seu grande filão, enriquecendo, aumentando seu patrimônio e ficando a cada dia mais ambicioso. Até se perder nas finanças, especialmente após apostar todas as suas fichas na cantora de ópera - e potencial "par romântico" - Jenny Lind (Rebecca Ferguson). É a famosa história de ascensão e queda. De aprendizado. De sofrimento. De arrependimento. De precisar dar um passo atrás para rever aquilo que se fez e tentar consertar os erros e se apegar nos acertos. Mas, afinal de contas, quem nunca? E talvez seja por isso que o público de identifique tanto com a película, afinal de contar, acertar e errar é inerente a qualquer um de nós.
A crítica tem dito que o diretor estreante Michael Gracey "romanceou" demais a história, que foi roteirizada por Jenny Bicks e Bill Condom - e que Barnum seria um sujeito muito pior, mais sacana e fraudulento do que aquele que vemos nas telas, sendo difícil simpatizar com ele. E, nesse sentido, não pode haver ironia maior do que sermos "enganados" por uma trama que apresenta o protagonista como um sujeito cheio de truques, mas absolutamente cativante e agradável. (e não é por acaso que se torna quase impossível não nos emocionarmos com sequências como aquela em que o protagonista leva para uma das filhas um "presente" de aniversário) "A arte mais nobre é fazer os outros felizes", já dizia Barnum. É exatamente o que ocorre no decorrer dessa singela película.
Nota: 8,0