quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Cinema - O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

De: Peter Jackson. Com: Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen e Evangeline Lilly. Fantasia/Aventura, EUA/Nova Zelândia, 144 minutos, 2014.

Se não me falha a memória, foi o Pablo Villaça que afirmou que, se Peter Jackson tivesse realizado O Senhor dos Aneis nos mesmos moldes em que elaborou a trilogia O Hobbit, que finalmente chega ao final com este A Batalha dos Cinco Exércitos, não teríamos "apenas" três filmes e sim nove. Que poderiam totalizar, pasme, mais de 30 horas de película sobre uma mesma obra. Quase uma minissérie, no caso. Acho que, o que todo mundo já sabe é que Jackson, talvez na ânsia de capitalizar em cima da história criada por J. R. Tolkien, tenha exagerado na dose ao transformar um volume de pouco mais de 300 páginas em uma trilogia.
O resultado foi uma franquia arrastada, lenta e em alguns casos, como no episódio intermediário, intitulado A Desolação de Smaug, constrangedora, tamanha a encheção de linguiça. Ainda assim, é preciso que a justiça seja feita: se os dois filmes anteriores poderiam muito bem ter passado por mais cortes na ilha de edição - talvez virando um só, sei lá - o terceiro episódio é disparado o melhor, compensando as desastrosas obras anteriores, que quase colocam todo o universo mágico de Tolkien a perder. E aqui, nem entremos no mérito da ambição das produtoras, muito interessadas em faturar. Aliás, estratégia que parece dar certo, em muitos casos.


Retomando os eventos que finalizaram A Desolação de Smaug, o terceiro episódio já começa a todo vapor, quando o dragão Smaug, após ser expulso da montanha de Erebor, resolve atacar a Cidade dos Homens, povoado que fica próximo ao local. Após a queda de Smaug pelas mãos de Bard (Luke Evans), a riqueza de Erebor - a caixa forte do Tio Patinhas talvez fosse um cômodo do local - passa a chamar a atenção de anões, homens e elfos. Só que, enquanto eles debatem quem fica com a BOLADA, as forças do mal - e um exército de milhares de orcs, é claro -, se encaminha pro local, com o objetivo de pegar a bufunfa na marra.
A trama centra seu foco no Rei Thorin (Armitage) que, embebido pela ambição, acredita poder se apossar de todo o ouro disponível, mesmo tendo prometido, anteriormente, apoio financeiro aos homens e a sua cidade. O arco dramático criado por Jackson, nesse caso, funciona, uma vez que, de nada adiantará o bate-boca sobre grana, se os orcs estão chegando pra passar o rodo no local. As cenas de batalha - que ocupam mais de 60% da película - seguem sendo o grande ponto forte, devendo agradar em cheio a gurizada chegada num videogame. E se, até então, O Hobbit nada mais era do que uma obra fastidiosa, pode-se dizer que, ao menos no fechamento, ela mostrou a que veio.

Nota: 6,9


Da Série Melhores Músicas de 2014 #6

Johnny Marr - Dynamo

Aos 51 anos, o britânico Johnny Marr continua fazendo boa música e brindando os fãs de longa data com verdadeiras gemas pop/rock. Pra quem não lembra, Marr fundou em 1982, juntamente com Morrissey, a banda The Smiths. Após o fim da banda, tanto Morrissey quanto Marr mantiveram-se na ativa, tendo este último atuado em bandas como The Cribs (uma das bandas inglesas mais interessantes da atualidade) e sido escolhido pela revista Rolling Stone como um dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos.
Em 2014 lançou Playland, segundo disco de sua carreira solo, um grande álbum com todas as características que fizeram de Marr um dos maiores músicos de seu tempo: guitarras potentes, melodias grudentas e uma jovialidade que relembra os tempos áureos porém sem perder a contemporaneidade do rock inglês. Dynamo é uma música que combina todos estes elementos, e é uma de nossas favoritas de 2014. Se você curtir, corra atrás deste álbum que, com certeza, irá satisfazer os fãs antigos além de arrebatar novos admiradores.


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Aquecimento para o Oscar - A Teoria de Tudo

A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, 123 minutos), que estreia no Brasil no próximo dia 22 de janeiro, é mais um filme baseado em fatos reais. A trama toma como base a biografia do astrofísico Stephen Hawking (Eddie Redmayne), que, em sua juventude, fez importantes descobertas sobre o tempo. A obra, comandada pelo diretor James Marsh - do curioso documentário O Equilibrista (Man on Wire, 2008) -, também retrata o romance com uma aluna da Universidade de Cambridge e a descoberta da doença motora degenerativa, quando Hawking tinha apenas 21 anos.
Ainda que não seja o grande favorito para a principal estatueta da noite do Oscar, a indicação para a categoria Melhor Filme é praticamente certa. Além desta, o filme deve receber mais algumas nominações, estando entre elas, Melhor Ator (Redmayne) - nunca é demais lembrar que Hollywood adora esse tipo de interpretação e, vamos combinar, o trailer já dá uma mostra da qualidade do trabalho do jovem ator britânico -, Atriz (Felicity Jones), Roteiro Adaptado (Anthony McCarten) e Trilha Musical (Jóhann Jóhansson).




Cinema - Êxodo: Deuses e Reis

De: Ridley Scott. Com: Christian Bale, Joel Edgerton e Ben Kingsley. Épico, EUA, 150 min., 2014.

O ano de 2014 trouxe pelo menos duas superproduções focadas em personagens bíblicos. Noé, de Darren Aronofsky, e agora este Êxodo: Deuses e Reis, do experiente diretor Ridley Scott, de clássicos como Alien - o Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner - Caçador de Andróides (1982).

O filme conta a história de Moisés (Bale), responsável por conduzir milhares de escravos hebreus à fuga do antigo Egito (o êxodo do título) em busca da terra prometida, Canaã. Ao tomar conhecimento de seu passado hebraico, o questionador Moisés, criado até então como um general egípcio, passa a ter como seu adversário o ambicioso faraó Ramses (Edgerton, irreconhecível). Bale, como sempre, realiza aqui uma grande atuação como o personagem principal, passando credibilidade mesmo em cenas constrangedoramente forçadas como, por exemplo, as românticas entre ele e sua esposa. Já Edgerton, como Ramses, acaba por soar um tanto caricato mesmo que o filme, em seu terceiro ato, tente humanizá-lo após as sete pragas lançadas por Deus sobre o Egito. Deus este que, por sinal, acaba revelando-se como o maior vilão do filme: responsável por diversas catástrofes, doenças e assassinatos, não a toa é representado na figura de uma criança raivosa, vingativa e controladora (quem assistir entenderá).


Contando com todos os elementos dignos de um filme épico tais como: batalhas, trilha sonora grandiloquente, belas fotografia e direção de arte, efeitos visuais e figurino, a produção tem chances de abocanhar algumas indicações ao Oscar nas categorias técnicas, devendo ser assistida na tela grande para uma melhor apreciação do resultado final. Embora não traga novidades ao gênero, é um filme bem dirigido e executado e, apesar de trazer diversos clichês deste tipo de produção, proporciona alguns diálogos interessantes como, por exemplo, a fala de Moisés sobe o fanatismo religioso e seus perigos. Mostrando o início de uma busca por território que, infelizmente, continua a deflagrar guerras ainda hoje, o filme ainda conta com um elenco estelar como Ben Kingsley, Aaron Paul (o Jesse, de Breaking Bad), John Turturro, e Sigourney Weaver.

Nota: 7,1.

Curiosidade: a exibição deste filme foi banida no Egito, sob alegação de passar uma imagem "racista" dos judeus retratados na tela.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Lançamento de Videoclipe - TV On the Radio (Lazerray)

Na última semana em meio as comemorações do Natal, os nova-iorquinos do TV On the Radio lançaram mais um videoclipe para divulgação do ótimo último disco, intitulado Seeds, sendo Lazerray a faixa escolhida como single. Todo em preto e branco, o vídeo, dirigido pelo fotógrafo Atiba Jefferson, mostra um grupo de skatistas tentando algumas manobras radicais, com imagens recortadas onde aparece a banda. Não é nenhum Thriller do Michael Jackson em termos visuais, mas, vamos combinar, quem precisa de imagem com um baita som desses??


Cine Baú: Janela Indiscreta

De: Alfred Hitchcock. Com James Stewart, Grace Kelly e Thelma Ritter. Suspense, 1954, 112 minutos.

Escolher um filme do diretor Alfred Hitchcock para figurar no quadro Cine Baú talvez seja tão complicado quanto selecionar apenas um prato em um restaurante de comida italiana - na falta de metáfora melhor. É tarefa dificílima dada a vasta e qualificada filmografia daquele que recebe a alcunha de "mestre do suspense". Psicose, Um Corpo que Cai, Intriga Internacional, Pacto Sinistro.. são tantas obras memoráveis que há uma forte tendência de o inglês aparecer muitas outras vezes aqui no Picanha.

Mas pra começar, falemos de Janela Indiscreta (Rear Window), de 1954, que, particularmente, não é apenas o meu filme favorito do Hitchcock. É meu preferido de todos os tempos!


A trama gira em torno de um repórter fotográfico (Stewart), que, após sofrer um acidente e ter sua perna imobilizada, passa os dias a observar, da janela de seu prédio, a movimentação da vizinhança. Hitchcock nos presenteia uma seleção dos moradores mais excêntricos, estando entre eles uma jovem e fogosa bailarina, um pianista autodidata, uma solteirona, um casal em lua-de-mel, entre outros tipos curiosos. As interações entre eles e entre outras pessoas que, eventualmente, aparecem no pátio do que parece ser um condomínio, é o fruto da curiosidade do fotógrafo que, enfadado, tem o voyeurismo como sua principal atividade diária.
Só que aquilo que, inicialmente, não passa de uma ação prosaica, vira fruto de uma verdadeira obsessão, quando Stewart tem a impressão de ter presenciado um assassinato em um dos apartamentos do prédio em frente. Se já não bastasse a história magistral - capaz de equilibrar suspense de arrepiar com momentos genuínos de humor - o diretor ainda nos apresenta a um elenco de apoio inspiradíssimo. Grace Kelly, exuberante como sempre, vive a namorada, uma patricinha mimada que tem dificuldade em fazer com que o fotógrafo se apaixone por ela, dadas as diferenças de personalidade entre ambos. Mas quem rouba a cena é a enfermeira vivida pela sempre competente Thelma Ritter que, espirituosa, entrega alguns dos melhores diálogos dessa obra-prima.
Em uma época em que nunca esteve tão na moda espiar, fotografar, mostrar - o BBB e o Facebook, com os seus infinitos autorretratos, estão aí para não me deixar mentir -, a curiosidade pelo outro mantém essa obra atemporal, mesmo tendo sido lançada há exatos 60 anos. E, nunca é demais lembrar: foi com Janela Indiscreta que Hitchcock pavimentou o caminho para três das principais obras de sua filmografia: Um Corpo que Cai (1958), Intriga Internacional (1959) e Psicose (1960). Fundamental.


domingo, 28 de dezembro de 2014

Da Série Melhores Músicas de 2014 #5

St. Vincent - Digital Witness

O St. Vincent, com o seu homônimo quarto disco, não para de aparecer em listas de melhores álbuns do ano. E, justiça seja feita, é um DISCAÇO! Ruidoso, bem arranjado, repleto de canções melódicas que remetem ao que de melhor se fez nos anos 80, mas com uma roupagem cheia de modernidade, o álbum é um verdadeiro deleite sonoro. Em meio a ótimas canções como Birth in Reverse, I Prefer Your Love e Severed Crossed Fingers, o destaque é Digital Witness. Atenta ao que representam, atualmente, as redes sociais, a vocalista Annie Erin Clark pergunta com alta dose de ironia What's the point of even sleeping? If i can't show it, you can't see me (algo como "qual o sentido de dormir se eu não posso mostrar e você não pode me ver?"). E, o melhor: ainda que tenha uma cara experimental, não deixa de ser um pop com uma base sonora mais dançantes.


sábado, 27 de dezembro de 2014

Pérolas do Netflix: Os Falsários

Um dos passatempos favoritos daqueles que possuem o serviço de streaming Netflix é ficar minutos (ou até horas!) zapeando, antes de escolher algum filme ou série. Mas e na hora de decidir a melhor, em meio a tantas opções? O objetivo desse quadro, que chega a sua segunda postagem, é o de auxiliar você, leitor, nesse "tortuoso" processo de garimpar as melhores pérolas existentes nessa plataforma. Hoje, a sugestão é o filme Os Falsários (Die Fälscher), obra austríaca que foi a grande vencedora na categoria Melhor Filme Estrangeiro, na cerimônia do Oscar de 2008.

Baseada em fatos reais, o filme narra os bastidores da Operação Berhard, que tinha o objetivo de falsificar, com a ajuda de prisioneiros de guerra, notas de dinheiro de inimigos do Terceiro Reich. A intenção era, ao mesmo tempo, minar a economia dos países contrários ao nazismo e financiar a guerra. O fio condutor da trama envolve o falsário Salomon Sorowitsch (Karl Marcowics) que, com o apoio de outros presos, foi o responsável por imprimir cerca de 130 milhões de libras esterlinas. Com boa direção, a obra não pega leve ao mostrar os horrores da guerra, fazendo refletir sobre aquilo que um homem comum é capaz de fazer para garantir sua sobrevivência em situações extremas. A câmera sempre próxima aos atores, somada ao tom acinzentado (e sombrio), humaniza os indivíduos, fazendo com que não esqueçamos da angústia vivida um segundo sequer. Um filme difícil, áspero e, por isso, extremamente realista.

Grandes Cenas do Cinema (ou não!): Debi & Loide: Dois Idiotas em Apuros

O cinema já proporcionou cenas extremamente românticas e beijos inesquecíveis. No entanto, a cena do sonho de Lloyd Christmas (Jim Carrey) beijando sua amada Mary Swanson (Lauren Holly) em Debi & Loide - Dois Idiotas em Apuros (Dumb and Dumber, 1994) permanece como uma das mais divertidas do gênero. A partir dos 3 minutos e 24 segundos do vídeo abaixo você pode relembrar este momento único.


Os atores ganharam o prêmio do MTV Movie Awards daquele ano na categoria melhor beijo. Agora em 2014, após 20 anos do primeiro filme, Jim Carrey e Jeff Daniels reuniram-se para filmar a continuação Debi & Loide 2, juntamente dos diretores do original, Peter e Bobby Farrely.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Da Série Melhores Músicas de 2014 #4

SILVA - Janeiro

O capixaba Silva lançou em 2014 Vista pro Mar, um dos melhores discos nacionais do ano em nossa opinião. Batidas eletrônicas misturadas com uma melancolia um pouco mais ensolarada, que casou bem com o vocal tímido do cantor e instrumentista, trazem um teor pop que faz com que a audição seja menos desafiadora do que o álbum antecessor, Claridão, de 2012.

Em Janeiro, terceira faixa do álbum, uma base lenta de sintetizadores faz a cama para os versos inocentes e apaixonados do compositor. A letra faz alusão a um amor adolescente e com clima praiano, no qual o personagem vê a oportunidade de declarar o seu sentimento a uma amiga após uma decepção amorosa desta. O desenvolvimento da canção comove com seus versos simples, o início sutil vai preparando o ouvinte para a mudança a partir da metade da canção, culminando em um final belíssimo onde os metais fundem-se ao crescendo instrumental, traduzindo o sentimento há tanto reprimido em uma emocionante catarse em forma de melodia e sons.

Ouça:

Cinema - Boyhood: Da Infância à Juventude

Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
De: Richard Linklater. Com: Ellar Coltrane, Patricia Arquete e Ethan Hawke. Drama, EUA, 166 minutos, 2014.

Desde o surgimento do cinema - com os Irmãos Lumiére, em 1895 - foram várias as vezes em que paradigmas foram quebrados. Com o curta-metragem Viagem A Lua (1902), foi realizado o primeiro filme com começo, meio e fim. Em 1906, o raro filme australiano The Story of Kelly Gang, é tido como o primeiro longa-metragem, com os seus imponentes 70 minutos. Após alguns anos de cinema mudo, o mundo foi assombrado em 1927 com a tecnologia do som, presente pela primeira vez em O Cantor de Jazz (1927). Vieram, após, as primeiras obras em cores, em 3D, em computação gráfica e muitas outras rupturas que ocorreram e ainda vão ocorrer.
Ocorre que talvez o diretor Richard Linklater tenha sido um dos responsáveis por mais uma dessas quebras com o seu épico Boyhood: Da Infância à Juventude, que estreou no cinema há algumas semanas. A história, por assim dizer, não tem nada de mais: conta a vida de um jovem, Mason (Coltrane), dos seis aos 18 anos. O grande diferencial: o jovem ator, ao surgir ainda pequeno, imaturo e inocente, na infância, será o mesmo ao final da película, sem maquiagens, quando tem de tomar decisões como ir para a faculdade, onde morar, deixar a casa dos pais, com quem namorar ou conviver, enfim, como ocorre na vida de qualquer adolescente.

O naturalismo impressiona, uma vez que, além de Coltrane, todo o elenco envelhece junto ao lado do menino - com destaque para um divertidíssimo pai vivido por Ethan Hawke e para a responsável mãe, encarnada de forma admirável por Patrícia Arquette. Para gravar o filme, que iniciou em 2002, Linklater juntava todo o elenco uma vez por ano, para pequenos recortes de gravações que não chegavam a durar uma semana. O resultado é uma obra que impressiona pela simplicidade dos eventos e pela concepção de uma ideia nada comum e que teria muita chance de dar errado - e se algum dos atores desistisse? Ou, pior, morresse?
Deu tão certo, que Boyhood, é um dos favoritos para a principal estatueta na noite do Oscar - o próprio Linklater já andou arrebanhando prêmios, como o Urso de Prata de Melhor Diretor, no Festival de Berlim. Mas se você espera ver grandes eventos em um filme de quase três horas, recomendamos que guarde seu dinheiro para outra empreitada. A película é feita de pequenos momentos, valorizando os personagens que, multifacetados, são capazes de mudar de comportamento, conforme os anos passam, a maturidade chega e a vida se modifica. E, tudo embalado por uma trilha sonora impecável, com nomes como Wilco, Arcade Fire, Vampire Weekend e Coldplay. De ver e rever.

O leitor Bruno Zanatta Salvatori já nos havia alertado sobre as qualidades da obra. Algo que confirmamos após assisti-lo!

Nota: 9,7


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Aquecimento para o Oscar - O Jogo da Imitação

Baseado em fatos reais, o filme O Jogo da Imitação (The Imitation Game, 113 minutos), conta a história do matemático americano Alan Turing (Benedict Cumberbatch), que utilizou seus conhecimentos em áreas relacionadas a temas como tecnologia, lógica e ciências da computação, com o objetivo de combater o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Programado para estrear nos cinemas brasileiros no dia 29 de janeiro, o filme deverá correr por fora para tentar superar os favoritos Boyhood e Birdman na corrida pela principal estatueta da noite. Atualmente seria o terceiro na bolsa de apostas!
Com a maior cara de cinemão americano - história de época, tema edificante, fotografia escurecida,  atores do momento - a obra, dirigida pelo norueguês Morten Tyldun, é adaptada do livro Alan Turing: The Enigma, escrito por Andrew Hodges. Além da indicação para a categoria principal, é bem provável que receba outras nominações, em categorias como Melhor Ator (Cumberbatch), Atriz Coadjuvante (Keira Knightley), Roteiro Adaptado (Graham Moore), Montagem (William Goldenberg) e Trilha Musical (Alexander Desplat). Os indicados serão conhecidos no dia 15 de janeiro e o Oscar ocorre no dia 22 de fevereiro.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Cinema - Ida

Ida (Ida)
De: Pawel Pawlikowski. Com Agata KuleszaAgata Trzebuchowska e Dawid Ogrodnik. Drama, Polônia, 82 min, 2013.

Com estréia no Brasil prevista para dia 25 de dezembro, Ida desponta desde já como um dos favoritos para o Oscar 2015 de melhor filme em língua estrangeira.

Na Polônia dos anos 60, uma jovem e órfã noviça, Anna, está prestes a receber seus votos. Vivendo no convento desde que tem lembrança, finalmente ela recebe uma carta de uma tia desconhecida, a juíza Wanda, que decide ir na companhia de Anna em busca de segredos do passado obscuro de sua família - segredos estes relacionados às cicatrizes deixadas pela invasão da Polônia pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, ocasionando o extermínio de milhares de judeus poloneses.

Um dos vários destaques do filme consiste na dinâmica entre as duas personagens principais. Enquanto Anna representa a juventude, a pureza e a inocência de uma religiosa, a tia/juíza Wanda é uma mulher alcoólatra, com estilo de vida libertino e extensas cicatrizes emocionais. A antítese entre as duas rende alguns dos melhores momentos do filme.

Religião X Ceticismo

A belíssima fotografia em preto e branco e a direção são outros destaques, remetendo a filmes tais como A Fita Branca (2009), do cineasta austríaco Michael Haneke, e também ao cineasta sueco Ingmar Bergman. A austeridade na condução da trama, sem apelar para o melodrama, mostrando mais expressões do que diálogos, acaba por dar ao filme uma aura toda especial.

Nota: 8,7.
Veja o trailer:


Novidades em DVD - Magia ao Luar

De: Woody Allen. Com: Colin Firth, Emma Stone, Marcia Gay Harden e Jackie Weaver. Comédia, 98 minutos.

Os críticos podem falar o que quiser, mas, do alto de seus 79 anos - recém-completados, no último dia 1º de dezembro - Woody Allen está em uma de suas melhores formas. Se pegarmos os últimos dez filmes do diretor, pode-se dizer que a única nota menor talvez seja o decepcionante Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos (2010). No mais, sempre fomos brindados com produções acima da média, estando dentro desse período os já clássicos Match Point (2005), Vicky Cristina Barcelona (2008) e Meia Noite em Paris (2011).
Ou seja, se o negócio de Allen é curtir fazer filmes - e ele parece estar adorando seu ofício cada vez mais - por que nós aqui do outro lado temos de ficar achando problemas ou defeitos? Magia ao Luar não é o Manhattan (1979) ou o Zelig (1983, meu favorito), mas diverte, tem diálogos rápidos e inspirados, bons atores - quem mais poderia se dar ao luxo de ter Marcia Gay Harden e Jackie Weaver como coadjuvantes de luxo? - os já tradicionais clássicos do jazz e tudo o que um fã do diretor aprecia em sua filmografia.
Na trama, Colin Firth vive o cético, cartesiano e sarcástico mágico Stanley - uma espécie de Sheldon Cooper de Big Bang Theory, que trabalho no circo. Ele é contratado para tentar desmascarar a suposta farsa da médium Sophie (Stone). O encantamento provocado pela moça - que já no primeiro encontro entre os dois se mostra muito habilidosa em seu dom - poderá ser a válvula de escape para uma revisão em seus conceitos, conforme os dias passam e ambos se aproximam.

Nota: 8,3


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Da Série Melhores Músicas de 2014 #3

Weezer - Back to the Shack

O Weezer finalmente parece ter voltado a boa forma, com o lançamento do disco Everything Will Be Alright in the End, em meados de 2014. Após alguns álbuns desastrosos, como Raditude (2009) e Hurley (2010) - que mais pareciam feitos para "cumprir tabela" - o grupo liderado por Rivers Cuomo, apresentou um material de qualidade, algo que, para alguns críticos, não acontecia desde o elogiadíssimo Pinkerton (1995). Com Back to the Shack, uma das canções mais legais desse ano, a banda parece disposta a mudar a figura, mostrando consciência em relação a situação: Sorry guys I didn't realize that I needed you so much / I thought I'd get a new audience, I forgot that disco sucks, canta um furioso Rivers. Tudo embalado pela sonoridade quase garageira da época do Blue Album. Mas sem perder o refrão.


Cine Baú: Matar ou Morrer

É com muita alegria que passamos da marca de 100 curtidas em nossa página do Facebook e, para comemorar, estamos estreando um novo quadro aqui no blogue: o Cine Baú. O objetivo deste quadro é falar um pouco de filmes antigos (clássicos) que achamos possuir relevância ainda nos dias de hoje. Uma espécie de arqueologia cinéfila. Para os amantes dos antigos e também para os jovens interessados em aprender (e apreciar) um pouco mais da sétima arte.

Para estrear em grande estilo começaremos com o filme Matar ou Morrer (High Noon), de 1952.


De: Fred Zinnemann. Com Gary Cooper, Grace Kelly e Thomas Mitchel. Faroeste, 85 min.

No dia de seu casamento, o xerife recém aposentado Will Kane (Gary Cooper) recebe a notícia de que um homem perigoso que havia sido enviado à prisão por ele anos antes, está solto e planeja retornar para a cidade com seus capangas em busca de vingança. Inicialmente decidido a deixar a cidade junto à sua esposa (Grace Kelly), Kane decide - sendo contrariado por toda a população local - a permanecer na cidade e enfrentar o seu antagonista.

Ao contrário dos faroestes tradicionais, Matar ou Morrer inova ao trazer tensão por algumas características peculiares: a trama ocorre toda em tempo real, com diversos relógios aparecendo em cena para demonstrar a passagem do tempo. Além disso, valoriza muito mais o psicológico dos personagens ao invés da tradicional troca de tiros que tanta notoriedade trouxe ao gênero. Soma-se a isso um enredo com subtexto muito relevante à época, sendo considerado uma alegoria ao período do Macartismo. Há aqui a tomada de consciência de um homem perante uma realidade hostil que insiste em tentar convencê-lo a fugir, funcionando também como um estudo sobre covardia e coragem. O roteiro foi escrito por Carl Foreman a partir da pequena história "The Thin Star", de autoria de John W. Cunningham. Foreman foi incluído na lista negra de Hollywood no período do governo McCarthy, sendo obrigado a sair dos Estados Unidos. 

Considerado um clássico do cinema mundial, o filme obteve 7 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, diretor e roteiro. Gary Cooper venceu o Oscar de melhor ator pela excelente interpretação do xerife Will Kane. Filme obrigatório não só para os fãs do gênero western, mas para qualquer amante da sétima arte.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Aquecimento para o Oscar - Birdman

A cerimônia do Oscar está marcada apenas para o dia 22 de fevereiro. Mas enquanto não saem os indicados, podemos fazer projeções! E aqui no Picanha não é diferente. A ideia desse quadro é falar de alguns prováveis candidatos para a noite mais aguardada do cinema. O filme Birdman: A Inesperada Virtude da Ignorância conta a história de um ator, vivido por Michael Keaton, que, no passado interpretou um herói muito famoso, que se tornou ícone cultural. Só que como conviver com esse fardo, depois que a carreira vai pro beleléu, devido a problemas de ego?
O que dá pra se dizer de antemão é que foi uma baita sacada da produção escolher Keaton pra ser o tal herói decadente, afinal, quem não se lembra da famosa encarnação dele como o Batman de Tim Burton? E depois? Ele não virou uma espécie de Baby Jane de capa? O ator já desponta como um dos favoritos na categoria Melhor Ator, que deverá ter também Benedict Cumberbatch por O Jogo da Imitação e Steve Carrel por Foxcatcher. Birdman, que estreia por aqui no dia 22 de janeiro, também deverá ser nominado nas categorias: Filme, Diretor, Ator Coadjuvante (Edward Norton), Atriz Coadjuvante (Emma Stone), Roteiro Original, Fotografia e Montagem. É aguardar!


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Sabemos como é difícil se manter ligado na quantidade absurda de informação gerada na Internet. São tantos sites e blogs sobre temas variados que é praticamente impossível acompanhar tudo!

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10 Melhores Filmes de 2014 - Por Tiago Bald

10) Nebraska (Nebraska)

De: Alexander Payne. Com Bruce Dern, Will Forte e June Squibb. Comédia dramática, 115 min.

A "safra" do Oscar desse ano tava tão boa que quase dá pra arremessar todos os filmes que concorreram pra cima e pegar qualquer um que cair, pra constar nessa lista. Nessa pérola de Alexander Payne - que já havia nos brindado anteriormente com outros ótimos filmes como Sideways - Entre Umas e Outras (2004) e As Confissões de Schmidt (2002) - um idoso (Bruce Dern) acredita ter ganho US$ 1 milhão, após receber uma daquelas propagandas chatas de revista. Mesmo ciente do "golpe", o filho David (Will Forte) resolve encarar a empreitada junto do pai, como forma de se reaproximar dele. Com fotografia em preto e branco e coadjuvantes inspiradíssimos - June Squibb é pura diversão! -, a obra diverte e emociona ao mesmo tempo.


9) Fruitvale Station - A Última Parada (Fruitvale Station)

De: Ryan Coogler. De: Michael B. Jordan, Melonie e Octavia Spencer. Drama, 85 minutos.

Quase passa meio batida a empreitada do diretor estreante Ryan Coogler, mas o fato é que Fruitvale Station - A Última Parada é um filme impactante, pesado, amargo e, em muitos aspectos, revoltante. Baseado em fatos reais, o filme narra os últimos dias de vida de Oscar Grant (Jordan) que, em 2008, ao sair para ver as festividades de ano-novo em San Francisco, sofre as sérias consequências de uma abordagem de polícia inconsequente, despreparada, racista e, pronta para apontar qualquer armamento para um sujeito, apenas pelo fato de ele ser negro. Grant não é flor que se cheire - acaba de ser demitido, tem problemas familiares e passagens pela polícia - e este fato torna a composição de personagem fascinante. Um filme essencial.


8) Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown)

De: Felix Van Groeningen. Com: Johan Heldenbergh, Veerle Baetens e Nell Catrysse. Drama, 109 minutos.

Filmes sobre pais que perdem filhos por conta de uma tragédia não chegam a ser novidade - puxando pela memória é possível se lembrar de O Quarto do Filho (2001), Anticristo (2009) e Reencontrando a Felicidade (2010). Mas a abordagem desse, candidato ao Oscar pela Bélgica, é tão sincera e honesta que é impossível não se envolver com a história. Ele, músico, é um inveterado romântico. Ela, tatuadora, não acredita na felicidade fruto de relacionamentos homem/mulher. A despeito das diferenças, eles têm uma filha que, aos seis anos, é diagnosticada com uma grave doença. A escalada montanha-russa abaixo, de um casal que "era feliz e não sabia", é retratada com câmera na mão, de forma intimista, com alta exposição de cada personagem. 


7) O Homem Duplicado (Enemy)


De: Dennis Villeneuve. Com Jake Gyllenhaal, Melanie Laurent e Sarah Gadon. Suspense, 90 minutos.

Dennis Villeneuve é o diretor de Incêndios (2010) e Os Suspeitos (2013) - naquela época o blogue ainda não existia, mas eu garanto que ambos estavam no nosso Top 10 de seus anos. A qualidade das suas produções anteriores é uma boa credencial para esta curiosa obra, sobre um tranquilo e introspectivo professor de história, que descobre um sósia seu, entre os figurantes de um filme - que até parece do Wes Anderson, diga-se. A obsessão em encontrar o sujeito se torna a sua prioridade, em uma trama com suspense sufocante, que só vai crescendo conforme passam os minutos. As possíveis discussões incitadas pelo filme, são parte da diversão, já que é possível ficar horas e horas discorrendo sobre aquilo que se viu (ou não!) na tela.


6) 12 Anos de Escravidão (12 Years A Slave)

De: Steve McQueen. Com Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch e Lupita Nyong'o. Drama, 133 minutos.

12 Anos de Escravidão é aquele filme que faz com que A Cor Púrpura (1985) e Amistad (1997) - pra citar apenas dois que abordam temas relacionados ao preconceito racial - mais pareçam filmes infantis. Solomon Northup (Ejiofor) é um escravo liberto, que vive ao lado da esposa, nos Estados Unidos do ano de 1841. Enganado por empregadores, o homem é sequestrado e acorrentado, passando a viver novamente como escravo, sem chance de qualquer explicação. A degradação de Northup que, durante anos sofre as mais duras humilhações físicas e emocionais - ao lado de outros negros -, é mostrada nesse filme áspero, de fotografia amarelada e melancólica e com elenco estelar. Um tema que, dados os eventos recentes, nunca esteve tão atual. Infelizmente.


5) O Lobo Atrás da Porta

De: Fernando Coimbra. Com Leandra Leal, Milhem Cortaz e Fabíula Nascimento. Suspense, 100 minutos.

O Lobo Atrás da Porta é um exemplar brasileiro daqueles pra mostrar que o cinema "tupiniquim" (ô palavrinha), de fato está mudando. Saem os regionalismos e a favela - temas tão batidos - para entrar o Brasil urbano, dos subúrbios, dos grandes centros, das estações de trem - algo que os nossos hermanos argentinos, há HORAS já fazem. O filme envolve o desaparecimento de uma criança, que faz com que os pais Bernardo e Sylvia (Milhem Cortaz e Fabíula Nascimento, sempre boas presenças), prestem queixa na delegacia. Mas é o surgimento de uma amante, vivida por uma impressionante Leandra Leal, que vai fazer com que se descortine uma trama de mentiras, ciúmes e vingança. Fundamental.


4) O Passado (Le Passé)

De: Asghar Farhadi. Com Bérenice Bejo, Tahar Rahim e Ali Mosaffa. Drama, 130 minutos.

Os dois filmes anteriores de Asghar Farhadi - Procurando Elly (2009) e A Separação (2010) - já seriam suficientes para incluí-lo ao lado de grandes diretores estrangeiros modernos, como Michael Haneke e Kim Ki Duk. No filme, um homem retorna a casa da esposa para acertar os detalhes que concluirão o processo de divórcio. No local, o iraniano Ahmad (Ali Mosaffa), descobre o real motivo do pedido: ela já conheceu outro homem, com quem pretende casar. A partir desse fato, ocorre uma enxurrada de situações, capazes de levar o trio - e todos a sua volta - a ruína. A presença de personagens multidemensionais - nunca sabemos quem é bom ou ruim ou quem provocou tudo aquilo verdadeiramente - é um dos grandes méritos.


3) A Grande Beleza (La Grande Bellezza)

De: Paolo Sorrentino. Com Toni Servillo, Carlo Verdone e Sabrina Ferilli. Comédia dramática, 141 minutos.

Discutir a arte nos dias de hoje parece ser um dos temas fundamentais de A Grande Beleza, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano. O roteiro gira em torno de um escritor, interpretado pelo ator Toni Servillo, que, após escrever um grande sucesso, nunca mais retoma a boa forma artística. Frustrado, ele não deixa de aproveitar os prazeres da vida, participando das altas rodas da sociedade, em festas luxuosas e imponentes - no melhor estilo Marcelo Mastroiani em A Doce Vida de Fellini. Visualmente impactante, a obra diverte e provoca a respeito daquilo que seria arte nos dias de hoje. Livros de auto-ajuda? Marina Abramovic? Michel Teló? O espectador é quem decide.


2) Garota Exemplar (Gone Girl)

De: David Fincher. Com Ben Affleck, Rosamund Pike e Neil Patrick Harris. Suspense, 149 minutos.

Um dos possíveis candidatos ao próximo Oscar, Garota Exemplar é aquele tipo de filme em que as aparências enganam. No dia do aniversário de casamento Amy Duke (Rosamund Pike, arrebatadora), desaparece. O marido Nick (Ben Affleck), após algumas desastrosas aparições em programas sensacionalistas de TV, somadas a algumas evidências aparentemente deixadas no local do crime, se torna um dos principais suspeitos. As idas e vindas da edição, mostrando as motivações de cada personagem são de cair o queixo. E talvez Rosamund Pike não ganhe a estatueta dourada - dizem que Juliane Moore está demais em Para Sempre Alice (2014). Mas a sua entrega a personagem é um dos pontos altos da trama.


1) Ela (Her)

De: Spike Jonze. Com Joaquim Phoenix, Scarlett Johansson e Amy Adams. Drama / Ficção científica, 126 minutos.

Não bastasse a pertinente discussão sobre os caminhos da tecnologia - e de como seremos conduzidos, no futuro, por ela - o filme, uma obra-prima de ficção científica, é um suspense romântico daqueles de te deixar grudado na cadeira até o final dos créditos de encerramento. Na obra, o personagem Theodore (vivido por um atormentado Joaquin Phoenix), é  um escritor solitário que adquire um sistema operacional que possa entretê-lo. O problema é a perfeição desse sistema: não conseguindo resistir a voz rouca e sussurrada de Samantha (Scarlett Johansson), Theodore se "apaixona" pelo sistema. Um filme diferente, que, de quebra, ainda vem embalado pela trilha sonora composta por Karen O (vocalista do Yeah Yeah Yeahs).

Da Série Melhores Músicas de 2014 #2

The War On Drugs - An Ocean In Between the Waves

Foi esta a música que me abriu os olhos para o The War On Drugs, banda americana cujo disco Lost In the Dream frequenta praticamente todas as listas de melhores do ano de 2014. Apesar da sua longa duração, a faixa possui uma progressão simples de acordes - ao contrário do rock progressivo (que faz muita gene torcer o nariz). No entanto, o trunfo consiste na simplicidade e intensidade da interpretação da banda para a letra que versa e contempla a melancolia e a solidão. A medida em que a canção progride, mais e mais camadas vão sendo adicionadas, culminando num clímax emocionante - e do qual não podemos nos livrar.


Pérolas do Netflix: Quanto Mais Quente Melhor

O Netflix é o serviço de streaming de filmes mais popular do momento. Embora este tipo de sistema não possua quantidade substancial de lançamentos, vez por outra nos deparamos com alguma surpresa. Algum filme raro de se encontrar, outros clássicos e alguns bem alternativos. O objetivo deste quadro é dar dica de filmes que consideramos verdadeiras 'pérolas', para auxiliar a diminuir o tempo gasto 'zapeando' o extenso catálogo. Para os não-usuários da plataforma, #ficadica para a próxima visita à sua locadora preferida.


A dica de hoje é o filme Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot), de 1959. Dirigido pelo versátil Billy Wilder (1906-2002), é considerada por muitos a melhor comédia de todos os tempos. Neste filme Wilder, diretor de clássicos como Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944) e Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950), dentre inúmeros outros, provou que é um mestre na arte da comédia. No filme os atores Tony Curtis e Jack Lemmon - impagáveis - vivem dois músicos desempregados que acidentalmente testemunham um ataque da máfia na Chicago do ano de 1929, sendo obrigados a fugir e arrumar qualquer trabalho que aparecer: no caso, como músicos em uma banda exclusivamente de mulheres. Esta trupe é acompanhada pela lenda (e linda) Marilyn Monroe. Para isso, eles se travestem do sexo oposto e a partir daí as confusões só aumentam - e o riso também. Vou parar por aqui para evitar revelar muito da trama, mas vale dizer que a última frase do filme já está na história como um dos melhores encerramentos ever! Diversão garantida.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Da Série Melhores Músicas de 2014 #1

Future Islands - Seasons (Waiting On You)

A canção Seasons (Waiting On You) do Future Islands, até não é nenhum primor de criatividade em relação a letra: na composição, um homem procura mudar pra agradar a amada, conforme os anos (e as estações) passam. Mas ocorre que a sonoridade e, especialmente, o refrão, são tão grudentos, que é praticamente impossível ficar alheio a essa joia. A obra faz parte do disco Singles (2014), que tem feito uma boa temporada, tendo inclusive constado em algumas listas de melhores do ano - e é importante que se diga que outra músicas como Doves, Sun in the Morning e Spirit mantém elevada a qualidade do álbum. De quebra, o vocalista Gerrit Welmers ainda fez uma performance daquelas prontinhas pra virar meme da internet (o que de fato aconteceu!), no programa do David Letterman.


5 Melhores Discos de 2014 - Por Henrique Oliveira

Iniciando as postagens e aproveitando a época do ano, optei por começar com uma lista dos mais mais. No meu caso um Top 5, ao contrário do nosso editor-chefe Tiago Bald. Até porque eu não ouvi tantos álbuns assim neste ano e também não tenho a bagagem de um crítico musical. No entanto, o objetivo aqui é listar os 5 discos que mais me emocionaram e fizeram ter vontade de ouvi-los inúmeras vezes, aquele tipo de álbum que dá vontade de recomendar pra todo mundo que a gente gosta. E como aqui é um bom espaço pra isso, vamos lá!

5) The War on Drugs - Lost in the Dream



Este disco estava no meu playlist há tempos devido a super aclamação da crítica internacional, mas eu não me puxava pra ouvir por causa da duração das faixas (a maioria ultrapassa os 6 minutos), e de prima assim não me prendeu muito. Até que eu vi uma apresentação ao vivo que me fez ver a banda com outros olhos. O carisma, a intensidade e a beleza das interpretações me fizeram voltar ao álbum e tudo que eu buscava estava lá: canções simples, porém com camadas e mais camadas de violões, guitarras, teclados, tudo de uma beleza ímpar! Ecos de clássicos como Bob Dylan, Neil Young, mas com uma roupagem dream pop contemporânea. Ouça:  Red Eyes, An Ocean Between the Waves, Eyes to the Wind.




4) TV on the Radio - Seeds




O TV on the Radio é uma de minhas bandas favoritas, então cada lançamento é aguardado com expectativa. No início faziam um som mais hermético, mas com o passar dos anos foram aprimorando seu som até chegar em Seeds, seu disco mais pop e acessível, com inúmeras canções candidatas a hit - porém sem perder a qualidade dos álbuns anteriores. Não chega a ser uma obra-prima como o Dear Science, de 2008, mas é uma excelente porta de entrada para novos ouvintes e um dos melhores do ano pra deixar no repeat. Destaques: Careful You, Happy Idiot, Love Stained.




3) The Afghan Whigs - Do to the Beast



No início dos anos 90 o grunge dominava o mundo do rock alternativo com bandas como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, entre outras. Porém uma banda que se sobressaiu e me conquistou neste período foi o The Afghan Whigs, que incorporava elementos do soul e do funk com a sujeira das guitarras, além das letras e vocais passionais. Em 1998 a banda abandonou as atividades com o já clássico disco 1965, no entanto o vocalista Greg Dulli manteve-se na ativa com outros projetos - dentre eles o maravilhoso The Twilight Singers. Eis que, 16 anos depois, a banda volta a lançar um belíssimo álbum, amadurecido e referenciando os tempos longínquos, porém sem perder o senso de inovar e surpreender. O lançamento deste disco seria feito no Bar Opinião, em Porto Alegre, porém foi cancelado devido à falta de procura por ingressos. Com isso, meu sonho de ver a banda ao vivo (suas performances são espetaculares) desvaneceu - numa das maiores decepções do ano. Mas resta o registro sonoro a ser divulgado pra que mais pessoas tomem conhecimento deste magnífico trabalho. Ouça: It Kills, Algiers, Lost in the Woods.




2) Spoon - They Want My Soul



O Spoon é uma banda bem conhecida no meio alternativo porém não do grande público. Com uma discografia irrepreensível, apresentam todos os elementos que fizeram o rock alternativo ser um gênero apreciado praticamente no mundo todo: linhas de guitarras espertas e pouco convencionais, o vocal rasgado, um certo experimentalismo, e um senso pop que, quando desvendado, tornava a experiência de ouvir as canções ainda mais rica. Lembro com clareza do momento em que coloquei os fones e ouvi este disco do início ao fim: por diversas vezes abri um sorriso ao me dar conta que ali nascia o meu novo favorito da banda. Sabendo que, no momento em que o mesmo terminasse, voltaria a tocar no player. Um disco redondo, com 10 canções enxutas e perfeitas, uma série de hits prontos pra tocar no rádio e tornar a banda finalmente conhecida. E, o melhor, sem perder a qualidade e a peculiaridade que tornou sua identidade inconfundível. Destaques: Inside Out, Rainy Taxi, Do You, New York Kiss.




1) Ryan Adams - Ryan Adams



O motivo deste disco estar em primeiro da lista é simples: foi o álbum que mais ouvi em 2014. Aquele tipo raro de disco que faz ter vontade de voltar a ele de tempos em tempos. O poder está nas canções. O Ryan Adams é prolífico e lança uma penca de músicas cada pouco, tudo com grande qualidade. Mas parece que ele deixou para seu álbum homônimo deste ano uma espécie de best of, surpreendendo com um discaço na sua já excelente e extensa discografia. É incrível como ele consegue transformar cada canção em uma peça única, com emoção e simplicidade. Fazer algo experimental e barulhento é fácil, mas despir as canções, deixá-las com o seu básico, e trazer um tipo de produção que faz as mesmas soarem atemporais (do tipo em que parece trazer à tona algo há tempos escondido na nossa memória), não é tarefa pra qualquer um. E aqui há uma amostra do melhor que o rock americano vem desenvolvendo desde os anos 90, uma boa pedida para as estradas (metafóricas e literais) da vida. Destaque: Todas.

Falta um mês

Faltando exatamente um mês, a expectativa pela apresentação do Foo Fighters no Brasil, que ocorre no dia 21 de janeiro, no estacionamento da Fiergs, em Porto Alegre, só aumenta. Ainda mais após a divulgação de Sonic Highways, último disco e um verdadeiro petardo sonoro, com apenas oito faixas de puro ROQUENROU. A faixa Something From Nothing taí pra que não se deixe mentir.

sábado, 20 de dezembro de 2014

10 Melhores Discos de 2014 - Por Tiago Bald

10) The New Pornographers - Brill Bruisers



É bem verdade que este não é nem de longe o melhor disco do The New Pornographers, mas eu não resisto em colocar a banda capitaneada por Carl Newman - ou A. C. Newman, como ele se autodenomina na carreira solo - entre os 10 mais. Se o álbum não chega a ser tão retumbante como o Mass Romantic (2000), ou mesmo o espetacular Twin Cinema (2005), ainda assim é capaz de entregar algumas das mais saborosas canções de 2014, como é o caso de Fantasy Fools, War on the East Coast e Champinos of Red Wine. Para quem é fã, indispensável. Para quem ainda não conhece, não deixa de ser um bom começo.

9) Interpol - El Pintor



Os fãs de Interpol costumam dizer que o Turn on the Bright Lights (2002) é um dos melhores discos da década passada, muito por conta de seu caráter soturno, com letras enigmáticas. Os mesmos fãs também costumam dizer que muito da graça da banda se foi embora a partir de Antics (2004), quando o grupo liderado por Paul Banks assumiu de vez um caráter mais pop. Se você não se importa tanto com isso, vai encontrar em El Pintor uma das melhores obras da banda. Já sem o baixista Carlos Dengler, o conjunto se mantém sombrio mas abraça de vez os refrões, que se tornam irrepreensíveis em canções como My Desire e Everything is Wrong.

8) Skank - Velocia



Sempre que o Skank lança um disco, a gente pensa: "lá vem o Samuel Rosa de novo, não acredito que ele seja capaz de lançar algum bom material novamente" e, PIMBA, sempre acabamos quebrando a cara. Tão bom ou até melhor do que discos como Maquinarama (2000) ou o Cosmotron (2003), Velocia chega com aquele potencial sonoro de sempre, capaz de misturar reggae, pop, rock, axé e até hip hop - como no caso de Multidão, composta em parceria com B-Negão. Se você quiser se antecipar as rádios, pode começar a ouvir músicas como Alexia, Do Mesmo Jeito, Esquecimento, Ela Me Deixou e Périplo (uma das mais bacanas no ano).

7) Real Estate - Atlas



Se não chega a ser tão ensolarado e divertido quanto Days (2011), a empreitada anterior do Real Estate, o álbum Atlas, novamente entrega canções que nos fazem sorrir ao mergulhar em um ambiente de sonoridade primaveril, capaz de ganhar o ouvinte já na primeira audição. No disco sai um pouco aquele clima de "pé na areia no fim de tarde", para entrar divagações sobre amores perdidos, volta pra casa e a vizinhança em um dia cinza. Ainda assim, é praticamente impossível não sorrir ao escutar pérolas musicais tão saborosas e bem produzidas como Talking Backwards, Past Lives e The Bends.

6) St. Vincent - St. Vincent



Com uma sonoridade que mais parece uma mistura de Tori Amos e Sarah McLachlan, mas com uma embalagem mais dançante, o St. Vincent, com o homônimo quarto álbum, tem chamado a atenção até daqueles que desconfiavam desse negócio de "mais uma banda com uma mulher a frente". Além do imenso potencial sonoro da vocalista Annie Erin Clark, ainda há, como atrativos, uma coleção de canções pop, repletas de críticas ao mundo virtual (Digital Witness), provocações de cunho religioso (I Prefer Your Love), amores deixados pra trás (Severed Crossed Fingers) e dias em que parece termos "nascido ao contrário" (Birth in Reverse).

5) Banda do Mar - Banda do Mar


Ao juntar forças, Mallu Magalhães e Marcelo Camelo lançaram, com a Banda do Mar, um dos discos mais bacanas desse ano. Camelo, em alguns momentos, parece reproduzir aquilo que de melhor o Los Hermanos fazia em hits como Hey Nana e Pode Ser. Mas vamos combinar que é a Mallu, que torna esse álbum ainda melhor. Amadurecida desde o disco Pitanga (2011), a cantora se entrega em composições ao mesmo tempo singelas (Muitos Chocolates) e imponentes (como no caso da divertida Mia). O futuro parece incerto, mas, momentaneamente, a Banda do Mar parece ter vindo pra ficar. Ao menos nos corações dos ouvintes.

4) Jack White - Lazaretto



Você pode até não gostar do Jack White, mas é preciso respeitar um número alcançado pelo artista: Lazaretto, lançado em vinil, foi o disco mais vendido dos últimos 20 anos, no formato. Bom, se isso não significa nada, na prática, é preciso que se diga: é um BAITA ÁLBUM! Dando continuidade as sonoridades experimentadas em Blunderbuss (2012), o líder do White Stripes se junta a um time de músicos para compilar uma coleção de canções saborosíssima - e que mesclam o rock clássico dos anos 60, com blues e eletrônica. Tente não sorrir ao escutar Temporary Ground, Just One Drink e That Black Bat Licorice. Não tem como.

3) Spoon - They Want My Soul



Há uma piada que diz que, um fã de boa e moderna música, perguntado sobre qual o melhor disco do Spoon, teria dito: o último. Bom, pode até ser que essa anedota não seja lá verdadeira, mas se já não bastasse a banda comandada por Britt Daniel ter arrebatado os fãs, com discos como Girls Can Tell (2001), Kill the Moonlight (2002) e Ga Ga Ga Ga Ga (2007), com They Want My Soul, o grupo parece, inclusive, aprimorar aquilo que já havia feito em trabalhos anteriores. Inside Out, Rent i Pay, Knock, Knock, Knock e Do You, são verdadeiras gemas para serem ouvidas continuamente no repeat. Indispensável.

2) O Terno - O Terno



Vamos combinar que só a letra de Desaparecido - que fala de um pai que, desesperado pela morte do filho tenta "reconstruí-lo", ao melhor estilo Frankenstein -, canção que fecha o segundo disco d'O Terno, já seria o suficiente para incluir os paulistas no Top 10. O álbum dá continuidade as divertidas experiências apresentadas no disco anterior, 66 (2012), quando o grupo liderado por Tim Bernardes, apresentou ao mundo pérolas como Zé, Assassino Compulsivo e Enterrei Vivo. Com um pouco mais de maturidade - pero perdendo, como de praxe, a ternura - os guris misturam jovem guarda, rock clássico e música de vanguarda em uma coleção de hits sacanas e divertidos.

1) TV On the Radio - Seeds



O TV On the Radio é o responsável por um dos melhores discos dos anos 2000, Dear Science (2008), que se você ainda não ouviu, corra! Com Seeds, o grupo liderado por Tunde Adebimpe dá continuidade a série de bons discos que mistura jazz, soul e rock. A diferença para o anterior, Nine Types of Light (2011), é que nesse disco, além do já reconhecido referencial do grupo, há um grande potencial sonoro (e até radiofônico) das composições. É tudo muito bom de ouvir. Careful You, Could You, Happy Idiot, Love Stained, Winter... são músicas que te pegam de um jeito impossível de desgrudar. Pra curtir, afaste o sofá da sala. Pode ser uma boa medida.

Novidades em DVD - Mesmo se nada der certo

De: John Carney. Com Mark Rufallo, Keira Knightley, Catherine Keener e Adam Levine. Comédia romântica, 104 minutos.

A comédia romântica talvez seja um dos estilos mais previsíveis do cinema, em muitos casos valendo muito mais pelo caminho a ser percorrido do que pelo resultado em si. Bom, essa premissa não vale para o diretor John Carney e sua nova empreitada Mesmo se nada der certo (Begin again, EUA, 2013). Inspirado novamente no mundo da música - assim como no belo Apenas uma vez de 2006 - Carney faz uma oportuna crítica ao mundo das grandes gravadoras, repletas de homens engravatados e produtores cheios de vontade de manobrar qualquer artista que esteja buscando seu espaço.
Cansado disso tudo, o produtor musical Dan (Mark Rufallo, sempre uma boa presença), praticamente "cava" a sua demissão, ao discutir com o seu sócio. Na hora de afogar as mágoas, num bar, ele descobre muito por acaso a cantora Gretta (Keira Knightley, finalmente evitando as caras e bocas), acreditando que, ali, possa estar a chance de dar a volta por cima na carreira. Decidido a produzir as singelas canções da musicista, Dan sai a cata de músicos que estejam dispostos a executar as composições ao ar livre mesmo, em diversos pontos da cidade.
 A obra até pode exigir do espectador um pouco de paciência dada a falta de verossimilhança de algumas situações - como no caso em que um grupo de crianças que está jogando basquete, se junta aos artistas formando instantaneamente o coro mais bem afinado da história. Mas as bem montadas idas e vindas do roteiro, as divertidas referências e os diálogos criativos fazem a experiência valer a pena. Isso sem contar os luxuosíssimos coadjuvantes que vão de Catherine Keener e Cee Lo Green, chegando até o Adam Levine, do Maroon 5, que no filme interpreta, vejam só, um rockstar. É pra se divertir.

Nota: 8,2


Pequena apresentação

Sites e blogues sobre música e cinema não chegam a ser exatamente uma novidade e nem é o nosso objetivo aqui - o do Henrique e deste que vos fala - reinventar a roda. A ideia é trazer para o contexto da nossa região algum material sobre estes temas. Por meio de resenhas, listas, notícias, curiosidades, disponibilizaremos nossas impressões sobre ambas as artes, com o objetivo de ser uma alternativa a mais para aqueles que já são fãs de outros portais do gênero. Aqui o negócio será na paixão. Tentando trazer textos leves e, de alguma forma, divertidos, sobre conteúdos os mais diversos. Mais ou menos como saborear aquela picanha gostosa e que sempre nos deixa com vontade de mais! Sejam todos bem-vindos.