terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Cinema - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo.

De: Bennett Miller. Com: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, e Vanessa Redgrave. Drama, EUA, 2014, 129 min.

Baseado em uma história real, este Foxcatcher: Uma História que Chocou os Estados Unidos o Mundo (Foxcatcher) narra um drama que se passa em cenário tendo como pano de fundo a luta greco-romana, mas não é um filme sobre o esporte - pelo contrário. Na trama, o humorista Steve Carell (conhecido por filmes como O Virgem de 40 Anos e pela versão americana do seriado The Office) está irreconhecível e surpreendente como o excêntrico milionário John E. du Pont que, nos anos 80, cria e patrocina um centro de treinamento para lutadores em sua mansão, sendo a equipe batizada de Foxcatcher, com o objetivo de prepará-los para as Olimpíadas de Seul. Eis então que os irmãos Mike e David Schultz são contatados para fazer parte do grupo. Mike (Tatum), o caçula, é um ser introspectivo e desencantado devido aos resultados dos treinamentos recentes, e cuja relação com o irmão mais velho guarda uma série de ressentimentos, o que faz com que o mesmo encontre em du Pont uma figura paterna. David (interpretado pelo sempre talentoso e boa praça Mike Ruffalo), pelo contrário, é um atleta respeitado e responsável para com sua família, aceitando treinar o irmão na preparação devido à solicitação do milionário.

Contando com fortes atuações do elenco principal (Carell e Ruffalo tiveram suas performances indicadas ao Oscar), o filme centra suas atenções na dinâmica entre os três indivíduos. O personagem de Carell é um enigma inicialmente: com discurso de empresário bem sucedido e patriota, aparenta ser uma espécie de fomentador de astros do esporte que tanto gosta, oportunizando aos atletas um lugar distante e bem equipado para treinar, além de um salário mais digno e belas instalações para moradia. No entanto du Pont, cuja relação com a mãe (Redgrave, que mora junto na mansão), é um tanto fria e distanciada, aos poucos vai revelando outras facetas de sua personalidade e influenciando a relação com os demais, trazendo à tona sentimentos como ciúme, possessão, egocentrismo e negação da realidade.


Apesar de algumas inserções dos treinos de luta, Foxcatcher é um drama intimista, sem grandes explosões, mas com uma tensão latente. Apostando em uma paleta fria, o diretor indicado ao Oscar Bennett Miller (de Capote e O Homem que Mudou o Jogo) não apressa em desenvolver seus personagens, o que pode tornar a sessão um tanto arrastada em alguns momentos, mas que funciona ao apresentar as motivações e os desvios de personalidade de seu personagem principal de forma gradual, trazendo uma sensação de desconforto e preparando o espectador para o desfecho anunciado indevidamente no infeliz subtítulo do lançamento no mercado brasileiro. Devido à história ser pouco conhecida no Brasil, recomenda-se fortemente que se assista ao filme sem saber de nada, o que tornará o impacto dramático da experiência mais eficaz.

Nota: 8,0.


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