Era nessa época que era possível acompanhar melodias que tinham como base instrumentos tão versáteis como violino, acordeão e xilofone e que versavam sobre duquesas, baronesas, concubinas, elefantes, carruagens, prostitutas, reis mouros, virgens prometidas, canhões de guerra, esposas de militares, reis canibais e até órfãos que "acordam" dentro da barriga de uma baleia apenas para confrontar seu algoz - como no caso da magistral The Mariner's Revenge Song, presente no disco Picaresque, uma das mais divertidas letras do rock moderno. Todos esses personagens fantásticos - e em muitos casos melancólicos - eram e são concebidos a partir do riquíssimo vocabulário do compositor e letrista Colin Meloy.
Após uma tentativa frustrada de fazer uma espécie de ópera-rock, com ecos de heavy metal, no insuportável The Hazards of Love (2009), o grupo abraçou de vez o pop no disco The King is Dead (2011) que tinha, entre outros, hits saborosos como This is Why We Fight, Rise to Me e Down By the Water. E esta proposta segue no agradável What a Terrible World, What a Beautiful World, lançado há algumas semanas que mantém o estilo que mistura rock com folk, como se o REM tivesse tum encontro com Neil Young para a realização de um disco. Canções como Cavalry Captain, Philomena, The Wrong Year e Make you Better são verdadeiras gemas para os ouvidos e, em alguns casos, parece até indicar uma nova guinada para a banda, que chega a flertar com música eletrônica e até, eventualmente, com o jazz.
Os temas, como se pode perceber já nos títulos das canções, permanecem, apenas saindo de cena as composições mais longas que, em alguns discos, chegavam a ultrapassar os 10 minutos - talvez para desespero dos puristas, fãs do modelo que já os incluiu entre os artistas do rock progressivo. A estratégia, aliada a um bom punhado de letras mais românticas e sensuais - I am the cavalry captain/ I am the remedy to your heart - pode ter o objetivo de atingir uma nova fatia de ouvintes que, vivendo em um mundo cada vez mais veloz e tecnológico, talvez não tenha paciência para ouvir uma música de mais de 12 minutos - e Better Not Wake the Baby, com seus impressionantes 1m45s talvez seja o melhor exemplo disso. Independentemente da estratégia da banda, ou de qual será o caminho adotado daqui pra frente, uma coisa é certa: o The Decemberists continua um grupo muito bacana. Como (quase) sempre foi.
Nota: 7,5
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