quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Cinema - Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody)

De: Bryan Singer. Com Rami Malek, Lucy Boynton, Mike Myers, Gwylin Lee e Ben Hardy. Biografia / Drama, EUA, 2018, 132 minutos.

Antes de se fazer qualquer comentário mais crítico a respeito de Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody) há que se destacar a ousadia de se levar para tela uma história tão magnética como a de Freddie Mercury (Rami Malek) e, consequentemente, do Queen. E não é fácil condensar. Muita coisa aconteceu naqueles cerca de 20 anos em que se concentra a narrativa - que vai dos primeiros anos de faculdade, quando Mercury (na época ainda o jovem Farrokh Bulsara, nascido na Tanzânia) conhece os seus futuros parceiros de banda, até a indefectível apresentação no Festival Live Aid, quando o Queen já era uma banda consagrada. Nos meio do caminho estão os bastidores das composições, o complicado relacionamento com Mary (Lucy Boynton), o homossexualismo, a descoberta do HIV, o comportamento hedonista, intempestivo e cheio de trejeitos. As inseguranças. As certezas. E a música.

Aliás, o público aparentemente tem gostado do filme - que foi dirigido por Bryan Singer e finalizado por Dexter Fletcher após o primeiro ter sido demitido - por que ele centra boa parte de seus esforços na parte musical. Sim, a ordem com que as músicas surgem na tela pode estar trocada, não respeitando uma ordem cronológica, mas o deleite que sentimos ao assistir de que forma Bohemian Rhapsody foi concebida, por exemplo, é indescritível. E tão prazeroso quanto acompanhar o processo criativo é "presenciar" o empresário Ray Foster (o impagável Mike Myers debaixo de TONELADAS de maquiagem) desacreditando a canção, não apenas pelos excessivos seis minutos, mas também pelo seu caráter hermético. Aliás, em partes, Foster tinha razão - a crítica odiou na época (e o filme mostra isso). Mas os fãs, que eram quem mais importava, amaram. E lotaram estádios!



O exercício criativo está em todo o canto e, aqui e ali, temos pinceladas de como podem ter surgido grandes clássicos como Love Of My Life, Another One Bites The Dust e We Will Rock You - e o fato de os verdadeiros Brian May (Gwylin Lee) e Roger Taylor (Ben Hardy) terem sido consultores da película é um indicativo de que possamos estar próximos da verdade (ainda que, aqui e ali, há que se considerar as justas "licenças poéticas" do grupo de realizadores). Em meio a tudo, brigas, excessos ególatras, festas luxuosas e luxuriosas e alguma arrogância. E Malek absolutamente impecável em sua caracterização de Mercury, com seus movimentos sinuosos, dentes proeminentes e postura de rock star, com direito a brigas com a imprensa e outros comportamentos moralmente duvidosos. Aliás, não é por acaso que, a despeito das críticas feitas à película, Malek tem aparecido em algumas bolsas de apostas como possível indicado ao Oscar.

E se há um grande pecado - e muitas vezes esse é o problema das cinebiografias - é a clara tentativa de não macular a história de Mercury. E de tornar o filme mais palatável para as "famílias de bem", que poderiam ficar em choque se "descobrissem" que Mercury era gay e que morreu de AIDS. Sim, eu estou ironizando. Na tela, apenas dois beijos gays e o sexo "nas entrelinhas" entre homens. O mesmo vale para o uso de drogas, nunca mostrado claramente - e sim por meio de estratagemas como mesas "esbranquiçadas" ou névoas permanentes. Mas são opções dentro de um filme, repito, ousado em sua megalomania. Que tem belo desenho de produção (a recriação da época é perfeita) e fotografia e figurino que remetem facilmente aos anos 60, 70 e 80. E a música? Bom, a música é o que move o filme. E é o que te fará estar com lágrimas nos olhos quando os créditos subirem.

Nota: 7,5

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Cine Baú - Perdidos na Noite (Midnight Cowboy)

De John Schlesinger. Com Dustin Hoffman, Jon Voight, Sylvia Miles e Brenda Vaccaro. Drama, EUA, 1969, 113 minutos.

Um dos mais surpreendentes, debochados e absolutamente excêntricos filmes a ter faturado a estatueta máxima no Oscar, o clássico Perdidos na Noite (Midnight Cowboy) segue sendo uma comédia imperdível que vai no limite do absurdo na abordagem do desmantelamento do "sonho americano". Ao som da insinuante Everybody's Talkin', interpretada por Harry Nilsson, somos apresentados ao texano Joe Buck (Jon Voight, em sua estréia como ator), que está se mudando para Nova York onde acredita que mulheres ricas estarão dispostas a pagar para fazer sexo com ele. Sim, ele quer se aproveitar do fato de ser jovem, loiro e bonito para faturar uma grana como garoto de programa na cidade grande.

Só que não demora muito para que a realidade bata na cara de Joe: após uma frustrada primeira tentativa como michê, a sua cliente fica decepcionada ao descobrir a "profissão" do rapaz. Tudo piora após ele conhecer o trambiqueiro Enrico Ratso Ricco (Dustin Hoffman, em inesquecível caracterização), que lhe promete um bom empresário em troca de 20 dólares. É claro que tudo não passa de balela - Ratzo pega a grana e some do mapa -, restando a Joe uma descida ao fundo do poço que culminará em uma fracassada sessão de prostituição gay. Empobrecido, solitário (e furioso), Joe vagará pelas ruas da cidade onde reencontrará Ratso. Após o desentendimento inicial, ambos passarão a morar juntos em um decadente prédio do subúrbio, onde tentarão de todas as formas tocar a vida, mantendo a esperança por dias melhores.



Marca dessa obra-prima do diretor John Schlesinger (que nunca mais emplacaria um sucesso como este), o sentimento de melancolia generalizada é o que rege a película. Joe vai em uma espiral autodestrutiva que culmina na necessidade de ter de ajudar aquele que, no fim das contas, se torna o seu único amigo (e Ratso passa por uma série de problemas de saúde durante o filme). Em cada investida, um tropeço. Em cada nova tentativa, uma queda. Não é por acaso que cenas como aquela que mostram Ratso tendo devaneios com acalorados dias na Flórida, com pompa e boa vida, não são nada menos do que desalentadores. Se há uma dupla improvável nesse mundo em que absolutamente NADA do que eles desejam dará certo, estes são Joe e Ratso.

Ainda assim, mesmo que a tônica geral da obra seja de desconsolo - há ainda os flashbacks perturbadores do passado envolvendo Joe -, ela jamais apela para a dramaticidade excessiva. O clima de otimismo surge, aqui e ali, seja em alguma boa piada - como no caso do outdoor que lembra os motoristas sobre a importância de trocar o óleo (o filme tem o sexo como pano de fundo, afinal) - seja em sequências que beiram o delírio ou o absurdo, como naquela em que a dupla vai parar em uma bizarra festa ao estilo daquelas promovidas por Andy Warhol. Com clima de literatura pulp e edição absolutamente ágil, a película também diverte nas cenas de sexo (como no caso da sequência em que um controle remoto fica embaixo dos corpos em movimento, provocando aleatórias trocas de canal).


Com grandes interpretações - Sylvia Miles foi indicada ao Oscar, sendo que ficou menos de 10 minutos em cena, assim como Hoffman e Voight, que também foram lembrados - o filme também concedeu a Schlesinger e ao roteirista Waldo Salt, as estatuetas em suas categorias. Na principal premiação, Perdidos na Noite deixou para trás obras-primas como Butch Cassidy e Z (aquele do Costa-Gavras). No livro 1001 filmes Para Ver Antes de Morrer é lembrado, o mesmo valendo para a lista de 100 Maiores Filmes da História, elaborada pelo American Film Institute (AFI), que lhe concedeu um honroso 36º lugar. Todas essas são ótimas credenciais, claro. Mas a maior delas segue sendo o fato de que o filme envelheceu muito bem e segue sendo um verdadeiro líbelo sobre pessoas excluídas tentando encontrar o seu lugar no mundo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Cinema - O Quebra-Cabeça (Puzzle)

De: Marc Turtletaub. Com Kelly Mcdonald, Irrfan Khan, David Denman e Liv Hewson. Drama, EUA, 2017, 103 minutos.

Filmes que mostram o despertar de consciência de certos personagens não chegam a ser uma novidade - e é exatamente isso o que ocorre com a protagonista desse O Quebra-Cabeça (Puzzle), em cartaz nos cinemas do País. Agnes (Kelly Mcdonald) sempre foi uma dona de casa dedicada ao marido e aos dois filhos - e não é por acaso que a película já inicia com ela trabalhando durante o seu aniversário de 40 anos. Em meio aos presentes dados para marcar a data, um quebra-cabeças de mil peças lhe chama a atenção. E será ao se dedicar ao desafio em certa tarde que Agnes perceberá que tem o dom para coisa. O que fará com que ela se aproxime de Robert (Irrfan Khan, visto em As Aventuras de Pi), um excêntrico especialista no assunto, que busca uma parceira para participar de competições internacionais de montagens de quebra-cabeças.

A premissa é razoavelmente interessante e o produtor Marc Turtletaub, em sua estréia como diretor, não se enrolará para mostrar a importância que o quebra-cabeças passará a ter na vida de Agnes. E sobre como a dedicação ao jogo fará com que ela perceba o quão infeliz é em sua rotina de dona de casa suburbana. Sim, o filme força um pouco a barra ao mostrar o quebra-cabeças como uma metáfora para a vida da protagonista que, desencaixada (e desinteressante) anteriormente, agora passa a ter um verdadeiro sentido. Assim, as nem tão sutis mudanças de comportamento de Agnes no dia a dia - agora encorajada a questionar o marido em suas decisões ou mesmo percebendo que ela não é a faxineira dos filhos - ocorrem a partir de pequenas ações, como uma piada dita na Igreja, a opção por fumar ou mesmo pelos encontros fortuitos com Robert.



É um tipo de "grito de independência" que vai se descortinando não apenas a partir de gestos e pequenas mudanças de comportamento - e Agnes é uma figura absolutamente deslocada de seu tempo ao sequer saber o que é o Google -, mas também a partir de detalhes como a sua roupa (que vai recebendo cores mais vivas). Já a opção do roteiro por tornar Robert uma espécie de par romântico de Agnes não poderia ser mais equivocada, já que, além das personagens não serem nada interessantes, não há nenhuma química - e a restrição à relação de ambos para algo puramente profissional certamente seria um acerto. Assim como é a paleta de cores monótona e eventualmente pálida que rege a película e que diz respeito ao estado de espírito geral daqueles que vemos em cena - pessoas bem sem graça, introspectivas e, até, melancólicas.

Sim, é um filme que não mudará a vida de ninguém, mas que, em tempos em que tanto se discutem questões relacionadas à importância do respeito a igualdade entre os gêneros, também cumpre o seu papel. Agnes percebe aos poucos que não precisa dar satisfação para o marido em relação a tudo o que ela faz ou que não haverá problema algum se ela atrasar um pouco o jantar. Da mesma forma, fará com que o cônjuge perceba que não há problema algum em um dos filhos optar por seguir carreira como chef de cozinha - e ele não será menos homem por isso. No fim das contas é uma obra que traz a sua mensagem de forma pouco sutil e até eventualmente forçada - mas que nos fará sorrir com seu arco dramático direto e com as interpretações que vão do contido (Mcdonald) ao eventualmente caricato (Khan).

Nota: 6,0

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Foi Um Disco Que Passou Em Minha Vida - Los Hermanos (Ventura)

Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair

(Conversa de Botas Batidas - Los Hermanos)

Vocês que gostam de música e nos acompanham aqui no Picanha sabem melhor do que nós: quando a gente gosta de um disco a gente escuta ele. E escuta de novo. E escuta mais uma vez. E vai escutando, escutando e escutando. E parece que sempre que a gente escuta aparece algo novo, diferente, que não havíamos percebido. Alguma nota. Algum verso. Algum efeito. E que faz com que a gente volte a amar novamente aquele registro com todas as forças. E, quando vê, se passaram cinco anos. Dez. Quinze. Trinta. E aquele álbum se torna um dos nossos preferidos de sempre. Para sempre. Fazendo parte da nossa formação musical. Ou formação como sujeito mesmo. Pra mim esse é o caso do Ventura, o terceiro trabalho do Los Hermanos, lançado em 2003. Um dos discos que mais ouvi na vida. E que, volta e meia, vai parar na vitrola novamente.

Não fosse o Ventura, com todas aquelas letras maravilhosas, robustas e cheias de significados e, hoje em dia, talvez eu nem tivesse disposição para conhecer outros artistas, como Silva, Marcelo Jeneci, Vanguart, Mahmundi, Maglore ou outros. Nesse sentido o Los Hermanos serviu como porta de entrada. Uma riquíssima porta de entrada. Em uma época em que comprar CDs ainda era hábito, gastar o dinheiro suado para ouvir o que mais aqueles cariocas tinham para oferecer depois do Bloco do Eu Sozinho (que tinha os hits Todo Carnaval Tem Sem Fim, Retrato Pra Iaiá e A Flor) era um daqueles prazeres raros. No limite entre o rock e a MPB, o alternativo e o comercial, o quarteto carioca - formado por Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba - transformaria o disco em objeto de culto. E não seria para menos.



Lembro até hoje de quando o primeiro single foi lançado. Era Cara Estranho, com aquela letra sobre desajustados tentando encontrar o seu lugar na sociedade (Olha ali quem tá pedindo aprovação / Não sabe nem pra onde ir / Se alguém não aponta a direção). Uma música com pegada roqueira, que vai crescendo até a explosão final. Lembro que gostei, mas, na época, achei ok. O caso do Ventura não são nem os singles ou mesmo o conjunto da obra, mas os tesouros "escondidos". Se O Vencedor, Samba a Dois e A Outra tocaram a exaustão (vá lá) nas rádios e na MTV, foi com Além do Que Se Vê, O Velho e o Moço e Conversa de Botas Batidas que o jogo começou a ser ganho. Que a complexidade (e o aconchego) dos versos se sobressaíram. Que a comoção tomou conta. Que os amigos de faculdade começaram a falar. A repetir. A tentar entender o que aquelas frases lindas queriam, no fim das contas, dizer. Foi algo bonito. Que fez a moçada cantar junto nos shows. E dar risada do repórter estúpido que perguntava pro Amarante porque a banda não tocava mais Anna Júlia.

O tempo passou e o Ventura ainda ecoa pelos cantos em que se fala de boa música. Estamos todos quinze anos mais velhos, alguns já pensando como o "velho" da já citada O Velho e o Moço sobre o que poderia ter sido se agíssemos diferente. Ou não. Ou velhos para ainda amar e morrer de amor, abraçados, juntos, sem largar, como na também já citada Conversa de Botas Batidas - com seu arranjo insinuante, cheio de curvas. Otimista e melancólico, festivo e reflexivo em iguais medidas, este é um daqueles trabalhos raros, capazes de sobreviver muito bem ao tempo e de trazer reflexões existencialistas misturadas com outras, relacionadas à rotina do homem comum. Tudo pontuado por arranjos que tomam por base os metais, mas que se aproximam do cancioneiro popular, evitando a aposta em um hermetismo duro. Um disco que foi um verdadeiro divisor de águas: se por um lado indicou o começo do fim para os cariocas - seria apenas mais um trabalho, o 4 (2005) - por outro pavimentou o caminho para o surgimento de dezenas de outros artistas nesse novo milênio.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Novidades em DVD - Mamma Mia 2: Lá Vamos Nós de Novo

De: Ol Parker. Com Lily James, Amanda Seyfried, Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard. Comédia / Musical, EUA, 2018, 114 minutos.

Em tempos sombrios, cheios de ódio e de intolerância como estes que vivemos um filme como Mamma Mia 2: Lá Vamos Nós de Novo (Mamma Mia! Here We Go Again) é um verdadeiro alento. Aliás, é uma obra tão graciosa, tão gostosa de assistir que a gente chega a torcer para que não acabe. Se me perguntarem da história, bom, é um fiapo que serve apenas para que um bando de atores simpaticíssimos e talentosos possam cantar, dançar, fazer coreografias e animar o nosso dia. Roteirista de O Exótico Hotel Marigold (2012), o diretor Ol Parker consegue a proeza de reunir novamente todo o elenco que participou do primeiro episódio - agregando ainda nomes interessantes como Andy Garcia e Cher que, não por acaso, participarão (juntos) de algumas das melhores e mais engraçadas sequências da película.

A trama é absolutamente simples e conta a história a partir do primeiro ano da morte de Donna (Meryl Streep). Como forma de marcar a data, Sophie (Amanda Seyfried) pretende reinaugurar o hotel mantido pela mãe que, agora, está totalmente reformado. Entre os convidados estão os três "pais", Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skarsgard), além das inseparáveis amigas da mãe Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski). Além de pensar nos detalhes da organização do evento, Sophie precisa lidar com a distância do marido Sky (Dominic Cooper), que está cursando hotelaria em Nova York. O reencontro fará reavivar uma série de memórias envolvendo Donna - e aí está uma das grandes sacadas da obra, já que será nestes flashbacks que entenderemos como Donna resolve ficar na Grécia e, claro, como ela conhece cada um dos postulantes a par romântico.



Assim, como no ótimo primeiro filme, a película se valerá das letras das canções do ABBA durante todo o decorrer da história, inclusive com o objetivo de conferir um senso de continuidade a narrativa. E como o quarteto sueco tem um milhão de hits, músicas que haviam ficado de fora do primeiro filme, como Waterloo, I Have a Dream, Knowing Me, Knowing You, Fernando e I Wonder (Departure) serão descortinadas conforme a trama avança. Já músicas como Dancing Queen serão inevitavelmente resgatadas - seja por meio de flashbacks ou em trilhas incidentais. E, como dica, há uma cena final pós-créditos envolvendo a música Take a Chance On Me que é simplesmente a sequência mais divertida do filme!

Sim, sabemos que Mamma Mia 2 não vai mudar nossas vidas. Não é uma obra de profundidade ou que trará algum debate político/ideológico absolutamente relevante e necessário como muitas que são lançadas nos dias de hoje - e é bem provável daqui a algumas semanas a gente esqueça dela. Mas como disse no começo da resenha, o clima anda pesado, hostil, sufocante. E, vez ou outra, a gente também precisa rir - e, va lá, rir, rir do absurdo que ocorre no nosso dia a dia, também pode ser uma forma de resistir a tudo o que tem acontecido. Se entreter, enfim. Se a vida real não anda convidativa, que possamos nos perder nas cores absolutamente primaveris dessa querida obra, cheia de um otimismo latente, de canções inesquecíveis e com o envolvimento de tantos atores legais. Torcer o nariz pra um filme tão bem humorado, tão amistoso e tão leve como esse, só torna você um chato. Talkey?

Nota: 8,0