Se pensarmos em tudo aquilo que a tecnologia nos possibilita nos dias de hoje, podemos dizer que está muito fácil escolher aquilo que vai nos fazer rir. Na internet, o coletivo Porta dos Fundos entrega semanalmente uma série de vídeos curtos, com sacadas, na maioria das vezes, divertidíssimas. Na plataforma de streaming Netflix, são tantas as opções de comédia stand up que podem ser assistidas no espaço de um clique, sejam elas nacionais ou estrangeiras, que fica até difícil selecionar qual ver primeiro. E, grande parte delas, atenta ao espírito de nosso tempo, com um humor dilacerante (e ótimo), capaz de atacar todos os tipos de instituição. O próprio Facebook, com sua timeline repleta de memes criativos, feitos e espalhados por qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento das ferramentas, também se torna em si mesmo uma boa fonte.
Mas então, dado todo esse contexto, por que assistir ao recém lançado em DVD Debi & Lóide 2 (Dumb and Dumber), que chega ao mercado exatos 20 anos após a primeira aventura de Lloyd Christmas (Carrey) e Harry Dunne (Daniels)? Pois a razão, é preciso que se diga, é puramente sentimental. Debi & Loide, o primeiro, foi uma das coisas mais engraçadas que eu já tinha visto em toda a minha curta existência - em 1995 tinha apenas 13 anos - de Topa Tudo por Dinheiro e Escolinha do Professor Raimundo. Assistir a aqueles dois malucos tentando se dar bem a todo custo, tendo absolutamente NENHUMA noção das coisas, fazendo uma série de piadas escatológicas (e absurdas!), tudo somado as caretas e os trejeitos impagáveis de um ainda novato Carrey, eram o suficiente para garantir horas de diversão.
Ao olhar para trás, é possível que aquele filme tenha ficado datado - e uma boa experiência que poderia (ou não) comprovar essa tese seria exibir a película dos irmãos Farrelly às novas gerações. Aquela gurizadinha que tenha entre 10 e 15 anos e que vive um mundo altamente veloz, não apenas do ponto de vista tecnológico, mas da vida como um todo, no sentido mais amplo da palavra. Só o que não muda para quem cresceu assistindo ao Jim Carrey fazer suas caretas é a sensação nostálgica e gostosa - aquela mesma que nos inunda ao ouvir alguma canção que marcou a nossa adolescência. A trama do filme, que envolve a descoberta de que Harry possui uma filha que poderá, por uma dessas ironias do destino, ser a salvação para a sua vida, é só uma desculpa para mais uma série de mongolices naquele mesmo estilo.
Tanto Harry quanto Lloyd se divertem tocando a campainha de uma casa sem parar, arremessando o companheiro pra dentro de um matagal, peidando dentro do carro e outros absurdos que, acreditem, me fizeram gargalhar novamente. De quebra, os diretores, atentos aos fãs de outrora resgatam não apenas personagens do primeiro filme - como o guri cego que está numa cadeira de rodas e que recebe como presente, na época, um pássaro morto -, mas também a trilha sonora - Boom Shack-A-Lack do Apache Indian já te faz, de saída, ter vontade de dançar na sala - e o indefectível carro-cachorro. Há aqui e ali referências que, nitidamente, tentam dialogar com novos públicos - como o novo "companheiro de quarto" de Harry. Mas para os mais observadores, chamará mais a atenção um pôster mofado de uma mulher seminua, na sala do ambiente. E que mostra que a dupla não mudou em nada seu comportamento mesmo 20 anos mais velha. Pra alegria dos fãs.
Nota: 7,5
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