Que o diretor canadense David Cronenberg é um cara pouco convencional todo mundo já sabe. Que seus filmes são muitas vezes repulsivos, recheados de personagens bizarros e situações absurdas, também. É só lembrar de filmes como Videodrome - A Síndrome do Vídeo (1983), A Mosca (1986) e eXistenZ (1999) que não me deixam mentir. Na década passada, contudo, Cronenberg nos presenteou com duas pérolas cinematográficas que enveredaram por um caminho um pouco mais "normal", se é que podemos assim dizer, com os indicados ao Oscar Marcas da Violência (2005) e Senhores do Crime (2007). E agora, com este Mapa Para as Estrelas, o diretor volta com força total na categoria personagens repulsivos e situações bisonhas - embora desta vez o mesmo não necessite fazer a fusão de um homem com uma mosca ou até expor tripas na tela.
Tendo como pano de fundo o mundo de Hollywood e a produção cinematográfica, com seus artistas egocêntricos e sem um pingo de humanidade, o roteiro, escrito por Bruce Wagner, nos apresenta à Havanna Segrand (Julianne Moore, em papel diametralmente oposto ao que a atriz desempenhou na premiada performance de Para Sempre Alice), atriz que busca ganhar o papel em uma refilmagem na qual ela faria o mesmo papel que sua falecida mãe interpretou no passado. Soma-se a ela um astro mirim arrogante e ex-viciado (!!) em drogas (Bird), que parece o Justin Bieber, e seu pai, um guru da auto-ajuda (Cusack). Com a chegada da jovem Agatha (Wasikowska), que esteve internada após incendiar a casa onde seus pais moravam, a dinâmica entre os personagens será alterada.
Flertando com o terror e o suspense psicológico em alguns momentos, Mapa Para as Estrelas é um filme difícil de digerir, e certamente a parcela do público não acostumada com o diretor sairá decepcionada da sessão. Temas como incesto, drogas, famílias disfuncionais e ambição são retratados sem qualquer pudor pelo cineasta, em uma trama que não oferece alívio para o espectador e que carece de uma trama mais elaborada, parecendo sem foco em alguns momentos. Embora os personagens ali sejam essencialmente pessoas como eu e você, a podridão moral representada por eles acaba por torná-los tão ou mais repulsivos do que a galeria já explorada pelo diretor em suas obras passadas.
Nota: 6,5.
talvez seja dificil chegar as "estrelas"por causa desse mapa do Filme!mas pode ser interessante!! Marcos Punch.
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