Tudo o que o grupo, originário do Brooklyn, em Nova York, tinha realizado até então, foi deixado para trás em prol de uma elevação estética que alçou a banda, capitaneada pelo vocalista Ezra Koenig, a um outro patamar. Sim, estão lá ainda as batidas tribais e a música punk. Novamente estão presentes as boas letras, com refrões marcantes e vocal preciso. Só que tudo foi melhorado, renovado e melhor produzido, ampliando também as fontes de referências, que agora incluem elementos que remetem não apenas a musicalidade dos anos 60, mas também a composições clássicas concebidas em séculos passados. O que pode ser observado no uso de pianos, violinos e outros instrumentos que surgem de forma orgânica e natural, formando um conjunto extremamente coeso (e saboroso) de canções.
A abertura, com a espetacular Obvious Bicycle, já deixa essa proposta clara de saída. Seu arranjo curioso, pontuado por uma percussão de batida aparentemente simples, se encaixa de maneira perfeita a voz límpida do vocalista. O final, com piano precisamente inserido é daqueles para seduzir o ouvinte de primeira viagem. Logo após vem Unbelievers, com seu refrão grudento e um trabalho exemplar do tecladista Rostam Batmanglij, um dos grandes responsáveis pelo apuro estético do álbum. Step, a terceira canção do trabalho, surge como forma de consolidar a experiência que faz com que a banda ultrapasse os ritmos tropicais, chegando com mais clareza a sua nova fase. Não à toa, o uso de violinos gerou uma curiosa comparação com o clássico Canon in D Major, do compositor barroco Johann Pachelbel que, vejam só, viveu no século 17.
O disco segue com outras ótimas canções, que mesclam momentos mais introspectivos, como no caso de Hannah Hunt e outros com uma maior dinâmica, como em Diane Young, que é aquele tipo de música que te faz afastar o sofá pra cair na dança. Aqui e ali o registro apresenta corais de vozes - algo mais claramente visto na saborosa Worship You - e mesmo o barulho de conversas e de sussurros, que mostram que, no fundo, a principal temática do álbum tem a ver com a balbúrdia das grandes cidades, a vida na metrópole e a condição do homem moderno. Em Obvious Bicycle, tem-se um exemplo disso, quando Ezra canta sobre o sujeito que vai e volta pro trabalho e vive sem que ninguém lhe veja ou que isso faça alguma diferença pra alguém.
Vampiros da cidade, mas não os da saga Crepúsculo |
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