De: Anusha Rizvi. Com Omkar Das Manikpuri, Raghubir Yadav, Shalini Vatsa e Farrukh Jafar. Comédia dramática, Índia, 2010, 96 minutos.
Na trama, a família Manikpuri está em crise por não conseguir pagar a hipoteca da pequena propriedade que mantém em um vilarejo do interior da Índia. Ao tentar pedir algum tipo de socorro para lideranças locais, os irmãos Natha (Omkar Das Manikpuri) e Budhia (Raghubir Yadav) descobrem que existe um novo programa de Governo que oferece 100 mil rúpias para as famílias de fazendeiros que tenham cometido suicídio. Com a intenção de recuperar a propriedade, Natha se oferece para tirar a própria vida - para desespero da esposa Dhani (Shalini Vatsa) e da mãe (Farrukh Jafar). Bom, não demora para que a notícia passe a circular pelo vilarejo, atraindo a atenção não apenas de políticos, mas de outros poderosos, além da mídia sensacionalista.
Aliás, a chegada da imprensa ao local é o que converte o episódio em um verdadeiro circo, com cinegrafistas, repórteres e outros circulando pela região, na busca pela notícia mais impactante, pela revelação mais chocante, por algum tipo de "furo" que possa ressignificar aquilo tudo. Nesse sentido, a diretora jamais pesa a mão ao denunciar o abuso sofrido pelos agricultores de uma forma leve, quase debochada - como no caso da sequência em que um jornalista faz uma longa digressão a respeito da forma e do conteúdo das fezes de Natha (que poderiam ser um indicativo de como ele estava sob severo estresse, o que poderia explicar seu comportamento). O mesmo valendo para a mesquinharia do descaso político, com as autoridades municipais, estaduais e federais jogando uma no colo da outra a responsabilidade pela morte de produtores.
À moda de um A Montanha dos Sete Abutres (1951) da Nova Bollywood, o filme converte a região de Peepli em um verdadeiro centro de debates que se intensifica às vésperas das eleições (com cada interessado tentando utilizar o desastre em benefício próprio, sem nunca pensar efetivamente no bem-estar do povo). Com ótima trilha sonora - músicas evocativas como Desh, de Raman Ji pontuam a narrativa e contribuem para contar a história - e cenários arenosos e desoladores, a obra jamais deixa de abandonar o otimismo, ainda que nos deparemos com uma Índia absurdamente desigual e miserável. Ao final, em meio a tantas incertezas, fica o sentimento de que, por mais que se dê algum tipo de visibilidade para o tema, ele dificilmente será solucionado. Uma pena.
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