segunda-feira, 28 de março de 2022

10 Considerações Sobre a Cerimônia do Oscar 2022

1) Era pra ser o Oscar da retomada, do pós-pandemia, da celebração. Mas, hoje, é apenas a premiação em que o Will Smith desceu o braço no Chris Rock - uma reação patética, diante de milhões de pessoas ao redor do mundo, que apenas o fez se rebaixar ao nível grosseiro da piada feita pelo "comediante" (ele brincou com a Jada Pinket Smith sobre ela, por estar careca, ter sido escalada para o segundo Até o Limite da Honra, aquele filme dos anos 90 com a Demi Moore). Sim, a Jada sofre de alopecia, uma doença que a obriga a raspar os cabelos e a piada, como já disse, foi grosseira, sem graça, babaca. Mas isso não autoriza alguém a descer o sarrafo no outro. Eu, ao menos, não concordo com isso. É o meu código de ética nesse caso. Havia muitas outras formas de recriminar o Chris Rock pela ofensa. Talvez um bom processo por assédio moral seria um bom começo. Agredir? Bom, não estamos na Idade Média onde a barbárie é a ordem do dia.

2) Aliás, Smith ganhou um Oscar - injusto por sinal, mas a Academia ama uma boa história de superação embalada em lágrimas, como no caso de King Richard - e, na hora de subir no palco, o ator fez um enrolado discurso sobre defesa da família, da honra e tudo o mais. Chorou e chorou muito. Mas dava pra perceber de longe que o choro não era pela conquista da estatueta. E sim de vergonha pelo que ele acabara de fazer instantes antes. E esse, a meu ver, é o maior atestado do equívoco que, de cabeça quente, ele protagonizou. Resto uma nota de repúdio da própria Academia. E um constrangido pedido de desculpas de Smith a seus membros. Ainda vai render bastante, certamente.



3) No mais foi um Oscar de poucas surpresas. As prévias já nos davam o tom de quem venceria as categorias de atuação - além de Smith, Jessica Chastain (Atriz por Os Olhos de Tammy Faye), Troy Kotsur (Ator Coadjuvante por No Ritmo do Coração) e Ariana DeBose (Atriz Coadjuvante por Amor, Sublime Amor, aliás, a primeira afro-latina a vencer). Aliás, muitos se surpreenderam com a vitória de No Ritmo do Coração na principal estatueta da noite, mas quem acompanhou as prévias de perto sabia que a calorosa obra da diretora Sian Hader poderia desbancar Ataque dos Cães.

4) Ainda sobre No Ritmo do Coração, o filme fez história ao conceder a Troy Kotsur a primeira estatueta dourada a um ator surdo. O filme venceu também o prêmio de Roteiro Adaptado. E, no fim, com todas essas conquistas, a obra se tornou a grande vencedora da noite.

5) Ataque dos Cães teve como prêmio de consolação a vitória de sua diretora Jane Campion - algo que celebrei bastante. Ela foi apenas a terceira mulher na história a faturar essa estatueta (as outras foram Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror e Chloe Zhao por Nomadland). Um feito.

6) Duna passou o rodo nas categorias técnicas - como era de se imaginar - e embolsou seis estatuetas douradas (Efeitos Visuais, Fotografia, Som, Trilha Sonora, Edição e Desenho de Produção). Achei justo porque a refilmagem é ótima TAMBÉM por causa de todo o aparato técnico envolvido.



7) Drive My Car, Encanto e Summer of Soul confirmaram o favoritismo nas categorias Filme em Língua Estrangeira, Animação e Documentário, mais um indicativo de uma noite de poucas surpresas - ao menos nas premiações.

8) No mais foi uma noite enxuta, com boa fluidez, sem excessos e ótima apresentação do trio formado por Wanda Sykes, Regina Hall e Amy Schumer (e a piada de abertura, sobre elas terem sido contratadas pelo fato de ser mais barato chamar três mulheres do que um homem já dava o tom do que viria na noite).

9) Talvez uma das partes mais bacanas da premiação tenha sido a homenagem a clássicos como O Poderoso Chefão, Pulp Fiction e à franquia 007, entre outros - com direito a presença no palco dos astros envolvidos nestas obras. O mesmo valendo para a entrega do prêmio máximo da noite, com Liza Minelli no palco, ciceroneada por Lady Gaga. Valeu bastante.

10 Mas, vem cá, e o tapão do Will Smith hein?

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