O final de tarde na cidade, os dias cinzas de outono, a escadaria do colégio, a mistura de sensações que nos invade em meio a divagações cotidianas. Definir a música feita pelos paulistas do Terno Rei é colocar uma série de referências no liquidificador, para extrair de lá uma sonoridade cheia de personalidade, de vigor. No limite entre a urgência dos tempos atuais e a nostalgia oitentista, o coletivo percorre cenários palpáveis, eventualmente melancólicos, em que dilemas afetivos e existenciais colidem com uma estética vibrante, pop e quase juvenil. Em seu mais recente trabalho, intitulado Gêmeos, esse tipo de expediente pode ser percebido já no saboroso single Dias de Juventude - com sua melodia curvilínea e letra que não faria feio na abertura daquele seriado adolescente que, agora, parece deslocado no tempo (Eu quero te lembrar / Dos dias da juventude / Da noite legal, viagem sem fim / Da boca no ouvido e a cabeça na Lua). Outras canções como Sorte Ainda, Brutal e Olha Só reforçam esse conceito, representando ainda um avanço em relação aos primeiros e enfumaçados álbuns (caso de Essa Noite Bateu Como Um Sonho). Não por acaso deverá ser figurinha fácil nas listas de melhores do ano.
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