sexta-feira, 3 de abril de 2015

Disco da Semana - The Cribs (For All My Sisters)

Há alguns anos atrás, um trio de ingleses não tão conhecidos acabou por se tornar uma de minhas bandas preferidas da "terra da rainha". O The Cribs, formado em 2003 pelos irmãos Jarman (os gêmeos Ryan e Gary, mais o caçula Ross) fez, em seus dois primeiros álbuns, aquilo que a gurizada fã de Strokes tava acostumada a fazer: um rock sujo meio low-fi, melodioso, porém nada muito atraente. No entanto foi com o terceiro álbum, Men's Needs, Women's Needs, Whatever, de 2007, que o grupo pareceu dar o passo além na carreira. Recheado de riffs melodiosos extremamente bem sacados de característica peculiar, canções viscerais e apaixonadas, a obra, produzida por Alex Kapranos (vocalista da banda Franz Ferdinand), ganhou minha simpatia de imediato, tornando o Cribs uma banda a se acompanhar de perto.

O sucesso do disco no Reino Unido fez com que o guitarrista Johnny Marr, do The Smiths, viesse a se juntar ao grupo, inclusive nas composições. Com uma guitarra a mais, a banda aprimorou sua sonoridade no álbum seguinte, Ignore the Ignorant, de 2009. Com mais uma bela sucessão de canções, o Cribs mudava sem perder a identidade, nos presenteando com um grande disco que viria a se tornar o meu favorito da banda. Porém, reza a lenda, a banda acabou por "demitir" o veterano Marr por discordâncias quanto ao futuro das composições e do próximo álbum que viria a ser lançado - uma grande ousadia, por sinal. O resultado desta mudança foi o intenso In the Belly of the Brazen Bull, de 2012, que foi produzido pelo lendário Steve Albini, de álbums como Surfer Rosa, do Pixies, e In Utero, do Nirvana. O disco foi bem recebido e sua sonoridade mais crua e pesada deu um ar de jovialidade ao grupo, que chega em 2015 com seu novo disco: For All My Sisters.



A novidade desta vez não é tão grande, exceto pela mudança de produtor. O trio convidou para o novo álbum o produtor Ric Ocasek, vocalista da banda The Cars e conhecido por produzir os discos da banda americana Weezer. A escolha, podemos dizer, foi apropriada, visto que em For All My Sisters o grupo criou um repertório bem pop/rock, no estilo em que Rivers Cuomo e Cia costumavam fazer. Obviamente, ainda é o Cribs de sempre, com seus riffs e vocais tradicionais, e com a atmosfera mais crua do que os superproduzidos álbuns da banda supracitada. Uma aposta certa para os fãs, mas uma decepção para pessoas que, como eu, esperavam algo mais de uma de suas bandas prediletas.

Não que o álbum seja ruim - longe disso! - mas parece que carece de algo que surpreenda, como ocorreu nos últimos três discos. A sonoridade perde um pouco em intensidade se comparado ao disco anterior, In the Belly..., que guarda características similares a este lançamento. For All My Sisters é um disco previsível, sem grandes surpresas, e que conta com hits certeiros como Different Angle, Mr. Wrong e An Ivory Hand - esta última, por sinal, contando com alguns sintetizadores a lá Weezer, algo raro na discografia da banda. Pode funcionar como uma boa porta de entrada para novos fãs mas, em contrapartida, deve passar longe das listas de melhores do ano. Como costumam dizer sobre um de meus cineastas favoritos, Woody Allen, "um Allen meia boca é melhor que 90% dos lançamentos por aí", mudo o sujeito da frase para o Cribs que, mesmo sem ousar, acaba entregando um álbum acima da média em relação outras bandas de rock do momento.

Nota: 7,0


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