Senhoras e senhores: é com grande honra que nós, aqui do Picanha, trazemos pra vocês um daqueles espécimes raros que, desde já, é um dos fortes candidatos a disco do ano e, porque não, um dos novos clássicos desta década - o impressionante
Sound & Color, da banda americana
Alabama Shakes. Não é novidade a qualidade do grupo que, desde o lançamento de
Boys & Girls no ano de 2012, vem conquistando um público cada vez maior e liderando festivais importantes como o
Coachella, ocorrido recentemente. E a expectativa pelo segundo disco não foi só totalmente correspondida, como significou um passo além na carreira da banda capitaneada pela ex-motorista de caminhão Brittany Howard.
Howard, por sinal, continua cantando como nunca - e aqui, a cantora alcança vôos ainda mais altos no
Southern Rock produzido pelo grupo, com falsetes e vocais rasgados até então inéditos mesmo para os padrões impressionantes do disco de estréia. Não à toa, Brittany é frequentemente comparada a divas da música tais como Janis Joplin, Etta James, Nina Simone, dentre outras. Provavelmente a melhor voz do rock atual, a compositora destila em seus versos letras sobre amor e solidão, tudo regado a muito
soul e
blues, um tipo de música de sonoridade atemporal - como se as músicas já existissem em um tempo há muito distante e só tivessem se revelado agora para o ouvinte.
Em
Sound & Color vemos um material mais diversificado, com algumas surpresas, mas sem decepcionar os fãs da banda. Pelo contrário, acrescentando elementos que enriquecem ainda mais o já precioso catálogo do grupo. Este passo além já pode ser percebido logo na abertura com a faixa-título que, lenta e com teclados, traz uma performance vocal bem diferente da que estávamos acostumados, mas não menos bela. A faixa seguinte, a candidata a hit
Don't Wanna Fight, traz um climão funkeado muito legal que já tem pinta de clássico e deve soar muito bem nos shows. Os instrumentos estão todos muito bem colocados, os timbres e linhas da guitarra fazem bonito, acompanhados pelo baixo e bateria belamente entrosados. Outro momento sublime vem na música
Gimme All Your Love, que começa lenta e aos poucos vai revelando seus elementos
bluesy, desembocando numa visceral canção de rock "classudo" - uma pérola.
As músicas que trazem mais novidade ao trabalho são a modernosa
Future People, a hardcore (?)
The Greatest, a auto-explicativa
Shoegaze, e a
jazzy Guess Who. A longa
Gemini, de quase 7 minutos, é a mais experimental, lenta, arrastada - talvez a única que faça o ouvinte querer pular de faixa em todo o disco. As baladas de amor também estão presentes, tais como
Dunes,
This Feeling e
Miss You que, valorizadas pela interpretação visceral de Howard, adquirem um significado ainda maior. Incrivelmente bem produzido,
Sound & Color traz um som quente,
vintage que, ao mesmo tempo que reverencia estilos clássicos (aos moldes da banda
The Strokes), traz um som próprio facilmente reconhecível e relevante para esta segunda década do novo milênio. Isto só corrobora para que o
Alabama Shakes seja considerado uma das bandas mais importantes da atualidade. Imperdível!
Nota: 9,5.
Nenhum comentário:
Postar um comentário