quinta-feira, 23 de abril de 2015

Picanha em Série - Unbreakable Kimmy Schmidt

A divertidíssima e recém lançada série original do Netflix, Unbreakable Kimmy Schmidt, não é aquele tipo de programa que te pega imediatamente. Assim como ocorre com Seinfeld, Scrubs, Modern Family e outras tantas comédias americanas, é preciso uma boa dose de paciência nos primeiros episódios, até que tenhamos nos familiarizado não apenas com os personagens, mas com o conceito como um todo. Mas é preciso que se diga: quem se aventurar a ultrapassar a eventual desconfiança inicial, será recompensado por uma série recheada de piadas inteligentes e sarcásticas, que fazem uma espécie de de crítica generalizada ao modo americano de vida, com seus tabus religiosos, ânsia por consumismo, diferenças sociais, preconceito, sonhos, frustrações, entre outros. Nada mais natural, já que se trata de uma série concebida pela comediante Tina Fey - a mente por trás da ótima 30 Rock -, que se uniu ao roteirista Robert Carlock.

Kimmy, a protagonista, viveu durante 15 anos - desde que era uma jovem adolescente - em uma espécie de bunker, ao lado de outras três mulheres. As quatro foram sequestradas por um fanático religioso, que acreditava que o fim estava próximo e que ele ocorreria exatamente no dia 06 de junho de 2006 - algo relacionado ao tal number of the beast. Bom, o mundo não acabou e, após serem resgatadas por uma equipe da Swat, Kimmy e companhia devem redescobrir a vida e reaprender a viver, algo que, numa grande metrópole como Nova York, não será tarefa fácil. Kimmy precisa arrumar um lugar pra viver e isso implica em conseguir trabalho, dinheiro e todas essas coisa que lhe possibilitem um mínimo conforto. O problema é que ela ainda parece presa a um tempo em que a Cristina Aguilera era número um nas paradas e Friends era a série do momento.


A propósito das referências culturais, elas são uma das partes que tornam a experiência saborosa. Não são poucos os atores, cantores, comediantes e outras personalidades americanas ou não, que são citadas, conforme Kimmy vai tomando conhecimento do que a vida se tornou nos últimos anos. E é só pensarmos em quanto evoluiu a tecnologia na última década e meia para termos a certeza de que o processo de adaptação da protagonista - vivida de maneira altamente otimista pela atriz Ellie Kamper, de The Office - não será tarefa fácil. Não à toa, o simples fato de escolher uma roupa adequada aos tempos atuais, se torna algo complexo. Algo que inevitavelmente diverte, já que Kimmy, quase como uma Amelie Poulain nova-iorquina, pouco parece se preocupar, tão deslumbrada que está com a sua nova vida.

Outro ponto positivo são os coadjuvantes que, em muitos casos, roubam a cena. Titus Burgess, que já havia trabalhado com Tina em 30 Rock, é o amigo gay que sonha em ser famoso. Jane Krakowski é Jenna, a madame rica, cheia de frescuras, que se tornará chefe de Kimmy. E a veterana Carol Kane é Lillian, a estranha e desconfiada senhoria, que acredita em teorias conspiratórias. Mas esses são apenas alguns dos personagens que passarão a fazer parte da vida da protagonista, colocando-a nas situações mais curiosas. As participações especiais são um capítulo a parte, devendo gerar muitas gargalhadas, especialmente para aqueles que estiverem familiarizados com outros programas. Enfim, uma série que não fez nem a metade do barulho feito por House of Cards ou Orange is the New Black, mas que parece ter caído no gosto do público, que já aguarda ansioso pela segunda temporada, que já está confirmada.

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