quarta-feira, 15 de abril de 2015

Picanha em Série - Louie

Existem séries que passam a nos acompanhar por diversos momentos de nossa vida, onde aprendemos, rimos e choramos com os seus personagens. Devido a longa duração, acabamos por nos envolver com seus protagonistas mais do que em um longa-metragem, por exemplo. Vemos os atores envelhecer, amadurecer, errar, acertar, nos tornamos íntimos. Depois de assistir Breaking Bad eu pensei que nunca mais uma série iria me conquistar da mesma maneira. Eu estava certo, até assistir Louie

Louis C.K. é considerado o melhor comediante stand-up da atualidade. Seus shows tratam de diversos temas de forma despudorada, desafiando tabus, o que pode chocar muitas pessoas não acostumadas a este tipo de humor. Se você considera Rafinha Bastos e Danilo Gentili ousados, ou politicamente incorretos, com certeza não conhece Louie. A diferença está na inteligência do humorista, que reside na forma com que seu humor é apresentado: o alvo das próprias piadas (minorias, no caso de Gentili, o rei da piada-bullying) é ele mesmo - quando rimos, rimos do ridículo das situações que ele narra e não das pessoas que muitas vezes são alvo das piadas .


E eis que em Louie, a série, vemos a entrega de C.K. à sua arte. Intercalando momentos de seus shows com sua vida pessoal, passamos por uma série de sensações, seja através do riso ou da própria dor e insegurança de nosso protagonista - que, de forma terapêutica, acabam sendo a inspiração para suas piadas. Gordo, calvo, feio (segundo o próprio), divorciado e com duas filhas, Louie é um homem comum - nada mais inapropriado para uma série que busca sucesso de público - mas por isso mesmo tão universal. É possível nos identificarmos com suas dores, as situações que o homem comum enfrenta em busca de aceitação e amor.

Um dos episódios, onde Louie declara seu amor à sua amiga Pamela, é uma das coisas mais tocantes que eu já assisti. A coragem do homem, que se esconde sob a pecha de humorista, de se revelar episódio após episódio, é louvável - uma espécie de auto-análise que serve de catarse em forma de arte. Robin Williams, por exemplo, era conhecido por seu humor, o que não foi suficiente para camuflar um homem profundamente amargurado, cuja vida tornou-se impossível de suportar. Louie parece sofrer do mesmo mal e, como "amigo" que me tornei desta figura tão tragicômica (e hilária!) ao acompanhar seus percalços, espero que continue tornando sua existência mais suportável ao nos presentear com verdadeiras pérolas de sua arte, enriquecendo consequentemente nossas vidas muitas vezes ausentes de sentido.  

2 comentários:

  1. vi recentemente a primeira série dele, Lucky Louie, e ainda pretendo futuramente assistir Louie.
    ele é um comediante sensacional porque quando rio do que ele fala, sinto que de alguma forma estou rindo de mim mesma.
    dica: tem alguns shows dele no Netflix. :)

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    1. Que bacana Tammy, não sabia desta outra série. Já vi alguns shows dele e são sensacionais mesmo! Obrigado pelas dicas, um abraço!

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