"Há que se manter esperançoso, mas sem esquecer da luta". Da inaugural e ensolarada A Vida É Uma Aventura aos instantes finais com Maio, 1968 nunca deixa de impressionar a capacidade do Maglore, de converter seu novo trabalho, V, em um veículo que expressa a verdadeira fé em dias melhores - em meio a um contexto de turbulência política e social -, mas sem deixar de lado os romances ensolarados, as dores cotidianas e as crônicas sociais. Como se fosse uma espécie de pacote musical completo, a banda composta por Teago Oliveira (voz e guitarra), Lelo Brandão (guitarra e sintetizadores), Felipe Dieder (bateria) e Lucas Gonçalves (baixo) intercala estilos, indo do power pop ao rock alternativo, passando pelo tropicalismo e pelo reggae. Tudo sem perder a personalidade a coesão que apaixonariam os fãs - eu entre eles!
Um bom exemplo desse expediente de idas e vindas, de passagem do tempo, de utopia e de celebração da vida pode ser encontrada na maravilhosa Espírito Selvagem que, com seu refrão grudento, melodia primaveril e letra zombeteira, cheia de ironia (Não vim aqui pra debochar / Nem boto o dedo na ferida de ninguém / Mas não consigo fingir graça / Pra essa gente que é uma farsa de doer) expressa com senso de humor o contexto de retrocessos, de extremismo e de pós-pandemia. Outra que vai pelo mesmo caminho é a colorida Amor de Verão, que pode até passar a imagem meramente escapista - a melodia e o refrão são fáceis (Quero meu amor de verão / Na próxima estação, no céu escuro) -, mas que pode guardar uma profundidade metafórica à Chico Buarque. Assim como aconteceu com Todas as Bandeiras - nosso primeiro colocado na lista de melhores nacionais de 2017 - esse é mais um registro que posiciona o Maglore entre as grandes bandas brasileiras da atualidade.
Nota: 9,0
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