De: Roland Emmerich. Com Patrick Wilson, Halle Berry, John Bradley e Donald Sutherland. Ficção científica, EUA, 2022, 120 minutos.
Não sei se é a idade que vai deixando a gente mais impaciente pra esse tipo de experiência, mas o caso é que eu não gostei de absolutamente nada nesse Moonfall: Ameaça Lunar (Moonfall) - mais nova bizarrice de Roland Emmerich (de Independence Day e 2012). Tá tudo errado aqui. Tudo. Incluindo os efeitos especiais, que mais parecem coisa de estudante de computação gráfica em início de carreira, do que resultado de um filme que custou quase US$ 150 milhões. Sim, acreditem, quem deposita uma cifra astronômica dessas num projeto tão raquítico, tão inconsistente? Ok, eu sei que o cinema blockbuster tem como princípio básico o entretenimento. Só que o problema é que esse aqui sequer alcança esse objetivo. Pra começar o roteiro é tão desconectado de qualquer sentido, que faz com Não Olhe Para Cima (2021) de Adam McKay, um outro exemplar daquilo que se pode chamar de cinema-catástrofe, pareça uma obra-prima do cinema.
Na trama acompanhamos Brian Harper (Patrick Wilson), um astronauta desacreditado após uma tragédia que destruiu um satélite e tirou a vida de um colega de profissão 10 anos atrás. Aqui, ele volta a ativa para uma missão que visa salvar a humanidade após a Lua sair de sua órbita e entrar em rota de colisão com a Terra - o que começa a gerar um sem fim de problemas. No tal acidente do passado que acompanhamos no começo do filme, Harper se empenha em salvar a vida de sua colega de profissão Jo Fowler (Halle Berry), que hoje é uma "grandona" na Nasa. Paralelamente, um nerdola mais estereotipado que os integrantes de The Big Bang Theory (papel de John Bradley) é o esquisitão conspiracionista, que vê sua teoria esdrúxula sobre o desvio de eixo do satélite confirmar algo sobre a Lua ser, na realidade, um satélite artificial (com direito a engenhocas que fornecem energia a algum tipo de "vida inteligente" em seu interior, que é oco).
Aliás, oco. (ou oca) Taí uma palavra que resume bem a forma como a narrativa vai sendo costurada, por meio de explicações científicas apressadíssimas (e pouco lógicas) e um empenho sôfrego em converter, novamente, os Estados Unidos no salvador da Pátria. Ou "das pátrias". E aí haja bandeira norte-americana tremulando, oficiais em roupas camufladas, diálogos quadrados que parecem saídos de churrascos de clubes de tiro conservadores e personagens tão rasos quanto pratos de buffet que só permitem pegar um pedaço de carne no bandejão (inclusive os secundários, que parecem inúteis basicamente o tempo todo). E o que acontece em um combo tão completo do desastre é que no fim das contas nós, espectadores, que estamos acompanhando o desenrolar, pouco nos importamos. No fim a gente só quer que tudo acabe de uma vez porque esse tipo de filme não colaria nem em meados dos anos 80.
Aliás, até os anos 80 aparecem de forma deslocada no roteiro - a inserção de uma discussão sobre a música África, do Toto, ainda no comecinho pretendia, o quê? Soar nostálgica só porque está na moda? E, aproveitando, porque em filmes desse tipo personagens que supostamente deveriam ser inteligentes tomam decisões tão estúpidas? Ou se comportam como pessoas que parecem ter algum tipo de deficiência cognitiva? Lá pelas tantas, diante de uma grande dúvida, o nerdola se pergunta: o que Elon faria numa situação dessas? É sério? Elon? Ele tá falando de quem eu estou pensando? Com tantos elementos tão terraplanistas tudo se torna triplamente pior quando nos damos conta que a obra não tem sequer a leveza, o senso de humor ou a presença de espírito de não se levar tão a sério. No fim das contas a gente sabe qua o mundo vai ser salvo, com trilha sonora edificante, por algum americano aleatório e meio cínico voltando pra casa como heroi, enquanto a cena o acompanha em câmera lenta. É tudo dolorosamente previsível. Desgraçadamente falho. Tediosamente monótono. Mas vocês podem ir, por conta e risco: tá lá na Amazon Prime.
Nota: 1,0
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