A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou nesta segunda-feira os indicados ao Oscar desse ano. E, como é de praxe, a gente faz uma análise sobre as escolhas, bem como as grandes ausências, os esnobes e as surpresas da relação!
1) É tudo tão diferente nessa temporada que já está se arrastando - o Oscar ocorre somente em 25 de abril -, que muitos candidatos que já foram favoritos até mesmo para vencer em suas categorias, perderam força com o desenrolar do ano e a chegada das prévias. Acho que o caso mais gritante entre os filmes, nesse sentido, é o do sensacional Destacamento Blood, que foi tão esnobado que sequer o Delroy Lindo foi lembrado entre os coadjuvantes. Aliás, a obra recebeu apenas uma indicação, na categoria Trilha Sonora Original. Outro filme que sofreu com o "esnobe" foi o belo Relatos do Mundo. Nem a foto de Tom Hanks estampada na capa e a campanha da Netflix ajudaram nesse caso. O resultado? Apenas uma nominação na categoria Fotografia.
2) Ok, Relatos do Mundo e Destacamento Blood podem ter sido esnobados, mas ainda assim a Netflix passou o "rodo" ao conquistar 35 indicações - 11 a mais do que no ano de 2020. Quem faz a festa é o cinéfilo, que pode colocar a agenda em dia ao assistir diretamente no streaming obras, como, Mank - aliás, o filme de David Fincher lidera o número de nominações, com 10 -, Os 7 de Chicago, A Voz Suprema do Blues, Era uma Vez um Sonho, Crip Camp, Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars, Rosa e Momo, O Céu da Meia-Noite, Professor Polvo, A Caminho da Lua, Pieces of a Woman, Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca e O Tigre Branco, além dos já citados no tópico anterior.
3) Ainda entre as ausências, particularmente uma das que mais senti foi a da Regina King, diretora de Uma Noite em Miami, que bem que poderia ter sido lembrada em sua categoria, pelo belo trabalho no filme disponível na Amazon. Ainda assim, em matéria de "diversidade", é provável que esta seja uma das premiações mais democráticas da história - especialmente após a campanha do #OscarSoWhite. Além dos protagonistas negros em filmes como Judas e o Messias Negro e A Voz Suprema do Blues, nesse ano há espaço para um ator de etnia oriental (Steven Yeun por Minari) e até de origem muçulmana (Riz Ahmed, por O Som do Silêncio). E há também o fato de que, pela primeira vez na história, duas mulheres foram lembradas na categoria direção - uma delas, a Chloe Zhao, de Nomadland, é oriental. Já Emerald Fenell estava fazendo a sua estréia em Bela Vingança.
4) Aliás, falando em O Som do Silêncio e Bela Vingança, impressionante como estas obras ganharam força na reta final, antes do anúncio das premiações. Sobre o primeiro, a Amazon pode estar finalmente aprendendo como "trabalhar" as suas obras depois do fiasco do último ano. Tanto que até o Paul Raci foi lembrado como Ator Coadjuvante. Já o Bela Vingança certamente já trata como um prêmio o simples fato de ter sido lembrado: o tema espinhosos, nesse caso, certamente será uma barreira para o eterno conservadorismo de parte dos votantes.
5) Sinceramente achei uma baita surpresa a presença da Maria Bakalova por Borat: Fita de Cinema Seguinte entre as coadjuvantes. Ainda mais em um filme tão incisivamente cômico! Mas, confesso, adorei. Entre as surpresas, também simpatizei com a presença do Thomas Vinterberg entre os diretores. Adoro a filmografia do dinamarquês, ainda não assisti ao Druk: Mais Uma Rodada, mas gosto quando a coisa foge de óbvio! O mesmo vale para a única indicação de O Tigre Branco, que teve como prêmio de consolação uma menção na categoria Roteiro Adaptado.
6) Acreditem: Glenn Close conseguiu a raríssima proeza de ser indicada ao Oscar e ao Framboesa pelo MESMO PAPEL. Bom, eu já tinha dado a letra sobre essa bizarra possibilidade e quem já aguentou as duas horas de Era Uma Vez Um Sonho entende os motivos disso.
7) Achei uma peninha o divertido As Mortes de Dick Johnson ter ficado de fora na categoria Documentário. Aliás, ele saiu de um dos favoritos para completamente ignorado na relação final.
8) Também não deu para o Brasil na luta por um carecão dourado: o sonho Bacurau fica na gaveta (mas o filme segue sendo um espetáculo e AZAR do Oscar. Eles que lutem!).
9) Quase me passa batido o fato de que poderemos ver Chadwick Boseman recebendo o primeiro Oscar póstumo para um ator negro na história (concorre como Ator em A Voz Suprema do Blues) e só esse fato já nos deixa bastante animados para conferir a premiação!
10) Por fim, não sei onde andava a Academia que ignorou solenemente joias como First Cow, Estou Pensando em Acabar com Tudo e Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre. Numa premiação em meio à pandemia, com obras mais intimistas (e até introspectivas), é quase um equívoco o "esquecimento". Coisas do Oscar.
Agora é aguardar a premiação e aproveitar o longo tempo para colocar as sessões em dia!
Indicados:
Melhor Filme
Meu Pai
Judas e o Messias Negro
Mank
Minari
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhor Ator
Chadwick Boseman, por A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins, por Meu Pai
Riz Ahmed, por O Som do Metal
Steven Yeun, por Minari
Gary Oldman, por Mank
Melhor Atriz
Frances McDormand, por Nomadland
Viola Davis, por A Voz Suprema do Blues
Vanessa Kirby, por Pieces of a Woman
Andra Day, por Estados Unidos vs Billie Holiday
Carey Mulligan, por Bela Vingança
Melhor Diretor
Chloé Zhao, por Nomadland
Lee Isaac Chung, por Minari
Emerald Fennell, por Bela Vingança
David Fincher, por Mank
Thomas Vinterberg, por Another Round
Melhor Ator Coadjuvante
Sacha Baron Cohen, por Os 7 de Chicago
Leslie Odom, Jr., por Uma Noite em Miami
Daniel Kaluuya, por Judas e o Messias Negro
Paul Raci, por O Som do Metal
Lakeith Stanfield, por Judas e o Messias Negro
Melhor Atriz Coadjuvante
Yuh-Jung Youn, por Minari
Olivia Colman, por Meu Pai
Maria Bakalova, por Borat: Fita de Filme Seguinte
Amanda Seyfried, por Mank
Glenn Close, por Era uma Vez um Sonho
Melhor Roteiro Adaptado
Chloé Zhao, por Nomadland
Kemp Powers, por Uma Noite em Miami
Christopher Hampton, Florian Zeller, por Meu Pai
Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Bayhman, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman e Lee Kern, por Borat
Ramin Bohrani, por Tigre Branco
Melhor Roteiro Original
Lee Isaac Chung, por Minari
Aaron Sorkin, por Os 7 de Chicago
Will Berson, Shaka King, Keith Lucas e Kenny Lucas por Judas e o Messias Negro
Emerald Fennell, por Bela Vingança
Abraham Marder, Darius Marder e Derek Cianfrance, por O Som do Silêncio
Melhor Filme Internacional
The Man Who Sold His Skin - Tunísia
Collective - Romênia
Better Days - Hong Kong
Another Round -Dinamarca
Quo Vadis, Aida? - Bósnia e Herzegovina
Melhor Fotografia
Nomadland
Mank
Relatos do Mundo
Os 7 de Chicago
Judas e o Messias Negro
Melhor Documentário
Collective
Time
My Octopus Teacher
The Mole Agent
Crip Camp
Melhor Documentário em Curta-Metragem
Colette
A Love Song for Latasha
Hunger Ward
Do Not Split
A Concerto Is a Conversation
Melhor Curta-Metragem
Feeling Through
The Letter Room
The Present
Two Distant Strangers
White Eye
Melhor Animação
Soul
Wolfwalkers
Onward
Shaun, o Carneiro – O Filme – A Fazeda Contra-ataca
A Caminho da Lua
Melhor Curta de Animação
Burrow
Genius Loci
If Anything Happens I Love You
Opera
Yes-People
Melhor Canção Original
Husavik (Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga)
Hear My Voice (Os Sete de Chicago)
Speak Now (Uma Noite em Miami)
lo Sì (Seen) (Rosa e Momo)
Fight For You (Judas e o Messias Negro)
Melhor Trilha Sonora Original
Soul
Relatos do Mundo
Minari
Da 5 Bloods
Mank
Melhor Edição
O Som do Metal
Os 7 de Chicago
Bela Vingança
Nomadland
Meu Pai
Melhor Figurino
A Voz Suprema do Blues
Emma
Mulan
Mank
Pinocchio
Melhor Cabelo e Maquiagem
Emma
Era Uma Vez um Sonho
O Voz Suprema do Blues
Mank
Pinocchio
Melhor Edição de Som
O Som do Silêncio
Relatos do Mundo
Mank
Greyhound: na Mira do Inimigo
Soul
Melhor Design de Produção
Mank
Relatos do Mundo
Tenet
A Voz Suprema do Blues
Meu Pai
Melhores Efeitos Visuais
Love and Monsters
O Céu da Meia-Noite
Mulan
The One and Only Ivan
Tenet
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