quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

25 Melhores Discos Internacionais de 2015 (+ 15 Menções Honrosas)

Demorou mas saiu a nossa primeira listinha do ano! Nos últimos dias a nossa equipe - no caso o Henrique e eu - fizemos árdua pesquisa. Consultamos nossos arquivos, escutamos e reescutamos álbuns que marcaram esse 2015 pra chegar até a relação dos 25 Melhores Discos Internacionais de 2015. Como esta não é uma tarefa fácil, ainda incluímos 15 menções honrosas como forma de prestigiar ainda mais os bons lançamentos que marcaram o ano que termina. Mas, vamos lá: chega de papo furado! Segue a nossa lista!





















25) Best Coast (California Nights): melhor coisa do mundo quando uma banda consegue fazer um pop gostoso, com letra simples, refrão marcante e todos os elementos capazes de arrebanhar ouvintes mundo afora. Ainda mais pelo fato de hoje em dia haver um certo "ranço" por parte da crítica, aberta exclusivamente aos grupos excessivamente "cabeças" (e chatos), deixando para o plano inferior os artistas que, na aparência, não são assim tão elevados artisticamente. E quem lá quer ouvir música complexa o tempo todo? Pois os californianos, com seu estilo leve, colorido, de melodia praiana e versos juvenis, consiste-se em uma das bandas mais legais da atualidade.




24) Sufjan Stevens (Carrie & Lowell): temos de confessar a vocês o fato de não sermos especialistas em Sufjan Stevens. Mas o clima "Simon & Garfunkel na depressão" desse trabalho ganha qualquer ouvinte. A mãe de Stevens (a Carrie do título) teve uma vida problemática, por conta de um comportamento esquizofrênico e bipolar e também pelo uso abusivo de álcool e drogas. E a relação complicada com o padrasto Lowell também não ajudava muito. No disco o músico abre o coração e narra essa história, em clima intimista, com versos recheados de mensagens sinceras. E emocionantes. 





23) The Weeknd (Beauty Behind the Madness): se engana quem pensa que o novos disco de Abel Tesfaye - que responde pelo nome de The Weeknd - vive apenas do megahi e provável melhor música do ano Can't Feel My Face. Ao contrário: nunca antes em sua carreira a mistura de soul, funk, house music e até indie rock - com boas pitadas de Michael Jackson e Prince - tinha atingido um patamar tão elevado. O resultado é pouco mais de uma hora de grandes canções que farão todo mundo agitar na festa de fim de ano da firma. Ou dos colegas de aula. Ou da família. Enfim, qualquer festa!






22) Kendrick Lamar (To Pimp a Butterfly): Kendrick Lamar, como muitos jovens negros dos Estados Unidos, não teve infância fácil. Viu uma pessoa ser assassinada quando tinha apenas cinco anos de idade, viu seu pai se envolver com gente da pesada e dormiu em hoteis baratos ou mesmo no carro da família, por não terem dinheiro para pagar um apartamento. Fora o assédio diário para que entrasse na marginalidade ou mesmo o preconceito, muitas vezes vindo de policiais, simplesmente por ser negro. Mesmo curta, a vida está sendo vivida com intensidade, o que se traduz nesse trabalho que explora e amplia esses temas.

 



21) Ryan Adams (1989): O maior mérito de Ryan Adams, na recriação do multiplatinado álbum 1989 da cantora Taylor Swift, não foi apenas nos entregar um dos discos mais bonitos do ano ao trazer as incensadas canções para seu estilo particular, mas sim demonstrar a força das composições que deram recordes de vendas e notoriedade à cantora. Aprovado pela mesma, que ficou extremamente honrada pela homenagem, o disco traz versões que podem muito bem superar as originais. Escute I Wish You Would ou Out of the Woods e confirme. Leia a resenha completa.






20) Carly Rae Jepsen (Emotion): Com maior controle sobre tudo aquilo que fez enquanto estava dentro do estúdio, como revelou a alguns sites, Carly aproveitou bem a experiência e o trabalho dos produtores Rostam Batmanglij (integrante do Vampire Weekend) e Ariel Rechtshaid e Dev Hynes (do Blood Orange) para tornar o seu som mais contemporâneo, menos poluído por sintetizadores - alguém lembra do (irritante) hit Call Me Maybe? - e ligado àquilo que artistas alternativos da música eletrônica e dançante tem feito não apenas para as pistas, mas para o consumo em geral.Resultado? Um dos melhores trabalhos do ano. Leia a resenha completa.




19) Chvrches (Every Open Eye): impressionante a facilidade que os escoceses do Chvrches tem para trabalhar a música pop. Se no disco anterior, o ótimo The Bones Of What You Believe (2013), ainda havia uma certa barreira que situava a banda entre a música alternativa e a tendência para o sucesso comercial, com Every Open Eye, o grupo comandado pelo graciosa Lauren Mayberry abraça de vez aquilo que sabe fazer de melhor: canções grudentas, prontas pras pistas, para os rádios e para tocar nas casas de qualquer pessoa que goste de boa música! O caldeirão de referências parece simples - mas é nas letras complexas e no diálogo efervescente com o que de melhor há na música europeia - que reside a força do grupo.



18) Julia Holter (Have You in My Wilderness): a melhor notícia é que nunca foi tão fácil ouvir Julia Holter. Ela está mais pop, leve, fluída. As variações experimentais de jazz, ambient music e até mesmo dream pop que foram testadas anteriormente - em álbuns absolutamente complexos como Tragedy (2011) e Loud City Song (2013) - parecem ter sido deixadas de lado para dar lugar a um tipo de som mais acessível e radiofônico. Evidentemente a atenção aos detalhes, que tornam o seu trabalho quase único no mundo da música permanece, o que garante a altíssima qualidade de sempre.






17) Wilco (Star Wars): lançado da noite pro dia, o nono registro de inéditas do grupo de Alt Country mostrou que a banda está atenta àquilo que determinam as novas ferramentas tecnológicas, as redes sociais ou mesmo os formatos modernos de se consumir música. Primeiro o disco foi disponibilizado de graça no site da banda e nas plataformas de streaming. Depois era mais urgente que os trabalhos anteriores, com pouco mais de 30 minutos de grande energia instrumental e a excelência vocal de sempre. Como e fosse uma metáfora do Star Wars - recém lançado - o grupo de Jeff Tweedy chega a modernidade em grande forma. Leia a resenha completa.

 


16) Neon Indian (VEGA INTL. Night School) no novo lançamento de Alan Palomo e companhia permanece o clima oitentista, de pista de dança euro-pop-sexy (sério, absolutamente irresistível) - com muitos loops, samples e efeitos sonoros diversos -, mas se mantém ao mesmo tempo a densidade e o clima retrô post-punk, que aproxima o grupo de outras bandas do estilo chillwave - como Toro Y Moi, Ducktails e Washed Out. Com uma diferença fundamental nesse contexto todo: o Neon Indian nunca foi tão pop. Tão sonoro. Tão direto. Tão ganchudo e cheio de refrãos coloridos e certeiros como agora. Leia a resenha completa.





15) Hop Along (Painted Shut): Frances Quinlan, taí um nome para ser guardado. A frente do Hop Along ela lançou um dos disco mais surpreendentes do ano, figurando em diversas listas de melhores, não sendo diferente aqui no Picanha. Com um estilo vocal capaz de ir do canto doce e melodioso em um segundo, para, no instante seguinte, explodir em fúria rouca e roqueira Frances é a responsável por garantir a coesão entre as melodias que, se por um lado trafegam bem pertinho de grupos que fizeram sucesso nos anos 90, por outro, garantem um frescor quase não visto na música moderna. Em resumo: um baita dum disco!





14) Adele (25): Adele tem escutado Alabama Shakes, FKA Twigs e Kanye West e, aqui ali, em cada curva sempre classuda das composições do mais recente registro, é possível encontrar os referenciais bem de acordo com os artistas que lhe têm ocupado o tempo como ouvinte, nos últimos meses. No conjunto da obra permanece o estilo musical meio retrô-chic, que, em muitos casos, guarda semelhanças com aquele adotado por grupos românticos dos anos 80 (que hoje são escutados em rádios do segmento light). Leia a resenha completa.







13) Brandon Flowers (The Desired Effect): Os fãs do Killers "de raiz" se identificarão imediatamente com a coletânea de canções pop, feitas sob medida para tocar em rádios. O uso de sintetizadores, uma marca registrada do antigo grupo do artista, reforça o caráter oitentista da produção, ainda que o instrumento seja usado de forma menos carregada do que no último registro da banda de Flowers. E o melhor: como alguém bastante atento aquilo que tem sido feito na música moderna, especialmente no que se refere a música com base eletrônica, o cantor atualiza os seus temas, nunca soando excessivamente anacrônico ou fruto de alguma outra era que não a atual. Leia a resenha completa




12) Kacey Musgraves (Pageant Material): quem diria que nós do Picanha falaríamos, algum dia, de forma tão prazerosa da música sertaneja - ou country, se preferirem? Faça um teste: pegue uma canção como Biscuits, que tem aquele clima de rodeião do interior, com letra divertida e esperta e experimente ficar alheio. É absolutamente impossível. Musgraves abraça o ouvinte. O convida a participar, alternando momentos mais melancólicos ou reflexivos, como em Fine ou Family is Family, com outros mais movimentados e igualmente belos e magnéticos, como Dime Store Girl, Late to the Party e a já citada Biscuits. Leia a resenha completa.




11) Miguel (Wildheart): Nome forte do R&B americano, o cantor Miguel livra-se aqui um pouco das eletronices, trazendo um som mais orgânico para seu mais recente álbum, Wildheart. Elogiado mundo afora, o disco traz alguns riffs de guitarra para acompanhar versos tanto sensuais (Going to Hell) quanto de teor político/social (What’s Normal Anyway?). De brinde, ainda, a pérola pop Coffee, uma das melhores faixas do ano. Daqueles discos pra saborear com calma, descobrindo aos poucos suas nuances, seus detalhes e que fazem o trabalho crescer a cada audição.






10) Sleater-Kinney (No Cities to Love): o hiato de 10 anos parece ter feito muito bem para a banda de Olympia, Washington. O novo disco lançado nesse, com 10 músicas e pouco mais de meia hora de duração, mantém a já tradicional visceralidade e a verve roqueira que sempre caracterizaram o grupo. Afinal, nunca é demais lembrar que se trata de uma banda que "opera" com duas guitarras e uma bateria. O que torna o som cru e até agressivo para ouvidos que talvez estejam mais acostumados a ouvir cantoras pop sussurrando versos românticos e melosos em canções prontinhas pra tocar em alguma rádio light. Leia a resenha completa.





09) Tame Impala (Currents): ao tratar com carinho as suas novas composições, não olhando a elas como um veículo para o exercício de ideias individualistas ou sectárias e, sim, como manifestação artística capaz de agregar e de gerar em quem dela se apropria os mais variados sentimentos, o Tame Impala não para de cativar fãs e novos ouvintes. Com Currents, o clima etéreo e colorido, de arranjos extremamente bem elaborados feitos com guitarra, baixo, bateria e sintetizadores, nos fazem novamente viajar, seja para o litoral, para um passeio em meio a natureza, em por uma estrada do interior. Leia a resenha completa.





08) Courtney Barnett (Sometimes i Sit and Think, and Sometimes i Just Sit): a revista Rolling Stone Brasil fez uma matéria com Courney Barnett, intitulada Canções Sobre o Nada. E é exatamente isso. Num estilo meio Seinfeld, a australiana canta sobre banalidades do cotidiano, muitas delas relacionadas a vida dos jovens como ela, que possui apenas 27 anos. Algo que pode ser percebido já na capa do disco, ou mesmo no título das composições - uma delas se chama Nobody Really Cares if you Don't Go to the Party. Pode ser mais ilustrativo? Barnett canta como uma espécie de Sheryl Crow, mas passa seu recado em um dos melhores álbuns do ano!




07) Jamie XX (In Colour): a crítica tem se derretido em elogios ao falar da estreia solo do produtor Jamie Smith, ex-integrante do The XX. O londrino entrega um trabalho extremamente autoral, tendo como base uma sonoridade eletrônica, de barulhinhos, econômica nos vocais, mas grandiosa em sua proposta. Por vezes melancólico, em outras ensolarado, a impressão que se tem da obra de Jamie XX é de se ter estado durante toda uma madrugada em uma boate estilosa da capital inglesa. Experimentando desde os momentos que antecedem a festa, até aqueles que envolvem a manhã seguinte e as consequências desta. Absolutamente envolvente.




06) Tobias Jesso Jr. (Goon): impressionante a capacidade que alguns artistas da nova geração têm de se apropriar de estilos e formatos de música consagrados no passado, conseguindo ao mesmo tempo não apenas renovar estes mesmos modelos, mas ainda acrescentar a eles um frescor capaz de dotar os seus trabalhos de uma personalidade própria. É o caso do jovem Tobias Jesso Jr., que, com seu trabalho de estreia, conquistou a crítica estrangeira, comparando-o a ninguém menos com John Lennon na fase Imagine. Simples, singela, profunda. Muitas vezes tendo o vocal apenas amparado pelos dedilhados do piano. Sem firulas, Jesso fez um discaço! Leia a resenha completa.




05) Deerhunter (Fading Frontier): depois de uma sucessão de discos desafiadores e complexos - casos dos imperdíveis Halcyon Digest e Microcastle - em Fading Frontier é como se o Deerhunter tivesse passado uma temporada em turnê com o Jota Quest. Brincadeiras à parte, aqui temos a banda em seu momento mais melódico, com ecos de Big Star e até mesmo R.E.M., algo parecido com o que o Toro Y Moi fez, talvez não de um a maniera tão bem sucedida, com o álbum What For?, lançado nesse ano. Um dos mais belos lançamentos de 2015, o registro tem tudo para atrair novos ouvintes que até então torciam o nariz para o som mais hermético praticado por Bradford Cox e cia.



04) Alabama Shakes (Sound & Color): no novo registro de Brittany Howrd e companhia vemos um material mais diversificado, com algumas surpresas, mas sem decepcionar os fãs da banda. Pelo contrário, acrescentando elementos que enriquecem ainda mais o já precioso catálogo do grupo. Nesse sentido, Sound & Color traz um som quente, vintage, que, ao mesmo tempo que reverencia estilos clássicos (aos moldes da banda The Strokes), traz um som próprio facilmente reconhecível e relevante para esta segunda década do novo milênio. Isto só corrobora para que o Alabama Shakes seja considerada uma das bandas mais importantes da atualidade. Imperdível! Leia a resenha completa.



03) Shamir (Ratchet): em sua impressionante estreia, o cantor e produtor Shamir Bailey (ou apenas Shamir), de apenas 21 anos, canta como gente grande. Imagine você um inusitado encontro entre Michael Jackson, Janis Joplin e Outkast. Com uma pitada de modernosos como Psy. O resultado é um trabalho altamente dançante, cheio de groove, de batidas bem arranjadas, de hip hop. Algo que pode ser percebido, inclusive, na capa. As letras são sacanas, bem-humoradas e altamente diversificadas nos temas. We were fit for survival, no books but the Bible / Held out with a gun canta Shamir na ótima Demon. Impossível não sorrir!






02) Grimes (Art Angels): após uma temporada em Los Angeles, a cantora Claire Boucher, com o seu Grimes, resolveu descomplicar de vez o seu som, entregando um dos registros mais saborosos e grudentos do ano! Nesse registro absolutamente imperdível, a cantora mantém o clima sacro de outrora (laughing and being normal), dialoga com o hip hop, a música urbana e o dancehall (na vibrante SCREAM, parceria com Aristophanes) e brinca com tudo aquilo que caracteriza o synthpop oitentista (Kill V. Maim). Mas a sua música está limpa, sem aquele verniz exageradamente empoeirado, como no disco Visions, que poderia tornar a audição mais truncada. Mas tudo isso sem perder a sua característica. Leia a resenha completa.



01) Father John Misty (I Love You, Honeybear): se existe uma palavra que resume bem o trabalho do ex-baterista do Fleet Foxes Joshua Tillman - ou Father John Misty, como é conhecida a sua persona musical - é nostalgia. Ao ouvir as fabulosas canções de I Love You, Honeybear, seu segundo álbum, a impressão, em alguns casos, é de se estar fazendo parte de algum livro da época da literatura beat, talvez de John Fante ou Jack Kerouac. Em outras situações, pensamos estar em meio a algum filme de faroeste do John Ford ou do Sergio Leone, com uma trilha de estilo folk ou country tocada ao fundo. Em outros casos, somos jogados para a noite de uma cidade grande e tecnológica, que, como numa espécie de paradoxo, toca Vaya Con Dios ou qualquer outra banda oitentista, em algum bar sujo e decadente.

Pode ser que, em algumas dessas circunstâncias, todas essas referências se misturem, como se estivéssemos em algum filme de Quentin Tarantino, com trilha sonora de Elton John. E o mais legal de tudo isso: ainda que viajemos no tempo enquanto escutamos cada uma das músicas dessa preciosidade de pouco mais de 45 minutos, nunca nos sentimos diante de algo repetitivo ou pouco inovador. Father John Misty nos apresenta um arcabouço de referências, provavelmente parte de sua formação musical, que sim, nos faz viajar no tempo - mais ou menos como também ocorre com o trabalho do músico Christopher Owens e, consequentemente, de sua maravilhosa e infelizmente extinta banda Girls. Mas nunca sem nos permitir pensar estar diante de algo novo e que dialoga plenamente com o período em que vivemos. Leia a resenha completa.

E então, pessoal? Gostaram da lista? Escrevam pra nós dizendo quais os melhores do ano pra vocês? Em breve, no Picanha, publicaremos relações com os 25 melhores discos nacionais e com 25 mais importantes filmes do ano! =)

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