sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Disco da Semana - Carly Rae Jepsen (Emotion)

Caso você não esteja ligando o nome a pessoas, a Carly Rae Jepsen, é aquela da (irritante?) música Call Me Maybe, que se tornou um megahit das rádios em 2012. E, caso você ainda não tenha desistido de ler essa resenha depois dessa informação, temos uma boa novidade: a cantora e compositora canadense está em franca evolução desde o lançamento de seu primeiro disco, Tug Of War, agora no já longínquo 2008. Cria do programa Canadian Idol, a artista certamente se viu na encruzilhada de lançar trabalhos, no início da carreira, que apenas eram capazes de colocá-la ao lado de outras genéricas dentro do segmento das cantoras pop, casos de Katy Perry e Demi Lovato. Ainda que a cover de Sunshine On My Shoulders, ainda no primeiro disco, já desse um indicativo de que ela tinha outras credenciais na manga.

Evidentemente que as coisas não mudaram assim da água pro vinho na carreira de Carly, mas, próxima de completar 30 anos - no mês de novembro, a artista parece mais madura, incorporando uma série de outros elementos capazes de elevar as canções e o conjunto da obra a um outro patamar. A capa do novo disco, Emotion, recém chegado as lojas, já dá um pouco esse indicativo. Diferentemente, por exemplo, do que ocorria no trabalho anterior, Kiss Me, de 2012, a cantora já não aparece mais com a sua foto inserida em um fundo rosa, como se fosse uma espécie de produto genérico e mal acabado da cantora Pink. No novo álbum o fundo é preto e, ainda que o tema dos relacionamentos - e tudo o que os envolve, a paixão, os amores não correspondidos as frustrações - estejam novamente por lá.


Na música também tem mudanças. Com maior controle sobre tudo aquilo que fez enquanto estava dentro do estúdio, como revelou a alguns sites, Carly aproveitou bem a experiência e o trabalho dos produtores Rostam Batmanglij (integrante do Vampire Weekend) e Ariel Rechtshaid e Dev Hynes (do Blood Orange) para tornar o seu som mais contemporâneo, menos poluído por sintetizadores e ligado àquilo que artistas alternativos da música eletrônica e dançante tem feito não apenas para as pistas, mas para o consumo em geral. Dessa forma, não é impossível encontrar ecos de artistas tão distintos como Brandon Flowers,em Making the Most Of the Night; Madonna, em Favourite Colour e Boy Problems, Haim em Run Away With Me e até mesmo FKA Twigs se encontrando com Michael Jackson, na impressionante (e uma das mais modernas e sedutoras composições do disco), All That.

Por conta do sucesso com o trabalho, especialmente no que se refere à crítica, Carly já tem sido comparada à Taylor Swift, que, com o seu mais recente disco, 1989, também deixou pra trás os dias de guria bobinha que só se preocupava em chorar o fim do relacionamento, para apresentar um disco mais maduro e que dialogava com o contexto atual musical. Um dos maiores exemplos da evolução é o fato de a artista não ter tido medo de deixar pra trás os dias de estrela pop para se reinventar no mundo da música. É um bom momento para o meio chamado de Alternativo. [...] Rende menos grana, mas ainda gera uma boa receita, disse em entrevista veiculada no site Monkeybuzz. Só o fato de a artista ter essa percepção, aliada a vontade de apresentar algo diferente do que o mais do mesmo, já é o suficiente para que ela tenha muito crédito. A despeito de Call Me Maybe!

Nota: 7,5

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