quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Novidades em DVD: The Rover - A Caçada

De: David Michôd. Com: Guy Pearce, Robert Pattinson e Scoot McNairy. Drama/Crime/Ficção, Austrália/EUA, 103 minutos.

Dez anos após um colapso econômico global, um homem, Eric (Pearce), pára seu carro e entra em um bar de beira de estrada no deserto australiano. No local, uma música oriental toca enquanto do lado de fora uma caminhonete com três integrantes de uma gangue capota. Ao sair do bar, o homem percebe que seu carro foi roubado pelas pessoas que deixaram a pick up abandonada. Eric decide, então, pegar o veículo e sair atrás dos criminosos para reaver o seu carro. A motivação do homem permanece obscura: Quem é ele? O que deseja? O ambiente é hostil e as (poucas) pessoas que se encontram pelo caminho pouco amigáveis, lutando pela sobrevivência. Na caçada, Eric acaba encontrando Rey (Pattinson), irmão de um dos integrantes da gangue, que acabara de ser baleado pelos próprios. O clima desértico é complementado por uma trilha sonora incômoda que pontua todo o filme, onde poucos diálogos se fazem presentes e explosões de violência podem ocorrer a qualquer momento. Falar mais sobre o (pouco) enredo é entregar o filme - o que não significaria muita coisa por sinal.

Robert Pattinson oferece, aqui, uma performance diametralmente oposta àquela que o levou para o estrelato, o Edward da saga Crepúsculo. Com diversos maneirismos de um homem com um tipo de déficit neurológico, o ator consegue ser um bom contraponto ao taciturno Eric, um homem de poucas expressões e olhar profundo. Beirando o experimentalismo, o segundo filme do diretor australiano David Michôd - o primeiro foi o elogiado Reino Animal, de 2010 - mantém o clima claustrofóbico e incômodo de seu primeiro filme, porém sem alcançar o mesmo sucesso. VioLENTO, The Rover - A Caçada pode fazer aqueles que esperam por um filme de ação torcerem o nariz. Muitos esperavam um filme no estilo Mad Max, porém de semelhança só o país de origem, o contexto pós-apocalíptico, e as locações. Existencialista até certo ponto, o filme tenta demonstrar profundidade, mas sem dizer exatamente a que veio, com cenas longas e poucos diálogos. É claro que a trilha sonora e a fotografia valorizam a película, dando um ar peculiar, mas nada que já não tenhamos visto com muito mais qualidade em filmes como Drive (2011) e Onde os Fracos Não Tem Vez (2007).

Valorizando muito mais o percurso do que o início e a chegada, o filme pode provocar reações extremadas do tipo "ame ou odeie", porém no meu caso ficou apenas uma sensação de vazio ao final. Uma proposta ousada, com qualidades estéticas e atuações curiosas, e pessimista em relação à natureza humana (não é por acaso que a cena em que a pureza de certo personagem é retratada soa tão deslocada dentro da história, demonstrando, numa grande sacada, o poder que a música pop tem sobre a esperança de dias melhores - unindo, por sinal, as duas coisas que motivam este site a existir), The Rover deixa a expectativa sobre o que o talentoso diretor virá a desenvolver em seu próximo filme tendo em mãos um roteiro mais elaborado.

Nota: 5,2.



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