quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

10 Considerações Sobre o Show do Foo Fighters em Porto Alegre

1) Primeiro sobre o Kaiser Chiefs. Pois os ingleses fizeram um show vigoroso, barulhento e recheado de hits, como deve ser uma apresentação de abertura que não dura mais do que 40 minutos. É bem verdade que o foco principal foram as canções do álbum Education, Education, Education & War, lançado em março do ano passado - casos de Coming Home (um dos melhores momentos), Cannons e Misery Company, com o refrão da "risada macabra", que fechou a apresentação. Mas o público que aguardava a apresentação principal sacolejou mesmo foi com I Predict I Riot, Ruby - aquele momento em que todos do plateia se olharam e disseram em coro "oh, taí uma canção que conheço!" - e a melhor de todas as canções dos caras, chamada Never Miss a Beat - uma pérola presente no disco Off with Their Heads.

2) Ainda sobre o Kaiser, o vocalista Ricky Wilson esbanjou humildade e humor inglês ao afirmar com ar melancólico para uma plateia que ainda se acomodava no estacionamento da Fiergs: Oh, you guys are to see the Foo Fighters. De qualquer maneira, souberam brincar e aceitar bem o fato de serem a banda de apoio, com direito a coro junto com o público, que entoava o nome da principal atração da noite. Para quem gosta da banda, meu caso, ficou o gosto de "quero mais". Ainda mais com a ausência de petardos pop como The Factory Gates, Heat Dies Down e The Angry Mob.

3) Infelizmente não conseguimos ver a apresentação da Comunidade Ninjitsu, uma das favoritas aqui da casa. Enquanto aguardávamos na fila do lado de fora, podíamos ouvir o desfile de hits, como Merda de Bar. Parece ter sido um bom show. E, concordem ou não os fãs xiitas, bastante combinante com a noite.

4) As apresentações foram marcadas pela pontualidade. O Foo Fighters atrasou apenas cinco minutos. Mas quando entrou no palco, levou a plateia abaixo com um início de show irrepreensível, com as músicas Something From Nothing, The Pretender, Learn to Fly, Breakout, Arlandria, Generator e My Hero. Se fosse pra escolher a melhor sequência de sons da apresentação, na minha opinião seria essa. Uma abertura enérgica que fez todo mundo pular!

5) O espetáculo foi marcado por versões mais longas das canções, o que tornou alguns trechos do show um pouco mais cansativos - especialmente pra quem não é muito ligado em excessos de virtuosismo instrumental. Monkey Wrench, por exemplo, teve uma execução de cerca de 15 minutos, entre barulhinhos e firulas - chegou a parecer um pesado evento com o Pink Floyd em algumas horas. Isso explica, em partes, as quase três horas de apresentação.


6) Outro ponto que explica o tamanho do evento é o carisma de Dave Grohl. A vontade, bateu papo com o público, fez caretas, sorriu e brincou MUITO com a plateia. A cada vez que empunhava o microfone pra conversar soltava alguma pérola, como no momento em que disse que iriam tocar tantas canções, que tocariam até músicas do NONO álbum. Isto, apenas para, depois de ouvir a galera delirar, soltar um we don't have a nine record, arrancando risadas do público.

7) Além das músicas já citadas, a apresentação contou com outros hits do grupo, como Walk, I'll Stick Around, Times Like These, These Days e Rope - esta última uma boa surpresa já que, em algumas das exibições ela não tem sido tocada. Entre os covers estiveram Detroit Rock City do Kiss, Miss You dos Rolling Stones e Under Pressure do Queen com o David Bowie. O fechamento foi com Everlong.

8) Ausências sentidas foram de Big Me, This is a Call e The Feast and the Famine, canção do disco Sonic Highways que, inexplicavelmente, não tem entrado nos shows. Do disco lançado ano passado foram executadas, além da já citada Something from Nothing, Congregation, Outside e In the Clear.

9) A grande decepção da noite MESMO, foi o local dos shows. O estacionamento da Fiergs, por ser muito espaçoso, não parece contemplar de forma satisfatória a parte acústica. O som ficava espalhado e, curiosamente, até baixo, em alguns momentos. Durante o lento set acústico, em que tocaram Skin & Bones, Wheels e Times Like These, era mais possível ouvir a plateia conversando paralelamente do que ouvir Grohl cantando. Outro caos envolveu a saída. Com apenas uma porta para "desovar" mais de 30 mil pessoas, o processo foi lento, arrancando vaias, empurrões e gritos do público. No nosso caso, mesmo com a apresentação tendo terminado às 0h07 minutos, a saída do local ocorreu quase à 1h, com muito aperto e cotovelos nas costelas. A organização também falhou um tanto ao não disponibilizar uma segurança satisfatória ao local. Fora os preços impraticáveis. R$ 10 uma água de 500 ml? Tão de brinqueichon?

10 No mais, valeu muito curtir um espetáculo com uma das bandas que fez e faz parte da minha vida. Até lembrava ontem: o primeiro CD que comprei nessa minha existência foi o The Colour and the Shape, em 1996, quando tinha 15 anos. Poder ver os caras ao vivo quase 20 anos depois, não deixa de ser uma realização.


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