O filme Era Uma Vez em Nova York (The Immigrant, 2013), a julgar pelo título traduzido para o português, remete desde já a clássicos do cinema como Era Uma Vez em Tóquio (1953), Era Uma Vez no Oeste (1968) e Era Uma vez na América (1984), e não é para menos: a bela direção de arte, figurinos, e fotografia ajudam a formar a aura de "filmão clássico", embora este esteja mais para um melodrama baseado no relacionamento entre três pessoas (os imigrantes do título original) em ambientes fechados, do que para um épico de grandes proporções.
Passado durante o ano de 1921, o filme mostra a chegada da imigrante polonesa Ewa (Cotillard) e sua irmã aos Estados Unidos, após a Grande Guerra, em busca de melhores condições de vida - o famoso "sonho americano". No desembarque em Nova York, Ewa não recebe a visita de seus tios que moram no país, sendo assim acolhida pelo "cafetão" Bruno (Phoenix) para poder entrar na cidade. Enquanto isso, sua irmã acaba ficando em observação por suspeita de tuberculose. A partir daí dá pra perceber que a vida de Ewa não será nada fácil: necessitando de dinheiro para pagar a hospitalização da irmã e sobreviver neste ambiente hostil, Ewa passará por diversas provações - morais, familiares e pessoais. Há também, espaço para um triângulo amoroso envolvendo Bruno e o mágico Emil (Renner).
O ponto forte da película é justamente a dinâmica entre os três personagens, principalmente nas figuras de Bruno e Ewa que, nas atuações de Phoenix e Cotillard, demonstram uma complexidade comovente, fazendo o telespectador repensar e rever os julgamentos frente a estas trágicas figuras. Aliás, Cotillard já demonstra ser uma das grandes atrizes da atualidade, tendo neste Era Uma Vez em Nova York sua segunda grande e elogiada atuação do ano recente (a outra foi no filme Dois Dias, Uma Noite, dos irmãos Dardenne). Vencedora do Oscar pelo filme Piaf - Um Hino ao Amor (2007), a atriz enfrenta uma forte concorrência este ano, correndo por fora para as indicações ao prêmio de melhor atriz. Fechando ainda o filme com um dos planos finais mais belos, econômicos e elegantes que tenho lembrança, o diretor James Gray demonstra todo seu talento como cineasta, entregando uma obra que deve ser vista e recomendada. A nossa parte já foi feita.
Nota: 8,1.
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