O resultado disso é um passeio na floresta em que músicas de nomes, como Zebra, Crocodilo, Aranha e Hienas se intercalam com pequenas vinhetas sonoras que funcionam quase como um rascunho musical (uma forma de aproximar o público do que acontece no mundo real das produções). Ainda no terço inicial, As Feras, Essas Queridas é uma espécie de fio condutor do que o ouvinte encontrará durante os 42 minutos do álbum, com sua letra metafórica que leva ao limite as tensões "presa/predador". É uma música de guitarra barulhenta, percussão tribal, eletrônica ruidosa e versos cheios de ambiguidades (Te cacei pra mim, te tirei o couro / Tripas pra fora, tratеi com amor / Embora não pareça, foi com amor que eu tе / Destrinchei), que brilha e prepara o terreno para outras gemas. Essa dicotomia entre o comer literal e sexual reaparecerá diversas outras vezes, como no caso da bucólica Formiga (Sou sua caça, bicho do mato / Caçadora querendo contato) e na vigorosa Hienas (Não era pra ter sido assim / Tu me deu um bote quase no fim / Se ainda tivesse me comido tranquilo). É pura personalidade.
Nota: 8,5
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