Ok, pessoal, o mundo anda complicado mas aqui está a Rina Sawayama para nos lembrar que, juntos, talvez possamos dar a volta por cima. Enfrentar o que quer que seja. A mensagem pode soar meio óbvia, mas, de alguma forma, parece ser parte do conceito central de Hold The Girl, segundo trabalho da artista nipo-britânica. Abandonando, ao menos em partes, a fúria nü metal do disco de estreia - nosso nono colocado nos Melhores Internacionais de 2020 - Rina abraça com carinho o europop e a dance music, mesclando-o com o rock alternativo, o hyperpop e outros gêneros. O que resulta em uma coleção de canções heterogêneas e cheias de personalidade. "É um disco muito adulto, porque só é totalmente compreendido quando você se torna um adulto e pode relembrar as experiências que teve quando criança", comentou em entrevista à Rolling Stone.
Nesse sentido, é interessante notar como temas diversos que vão desde à opressão religiosa (Holy), passando pelo abismo entre gerações (Your Age), pela homofobia (Send My Love to John) até chegar a importância da autoaceitação (Frankestein) vão se descortinando em letras que fluem como uma verdadeira montanha-russa emocional - sempre amparadas por arranjos envolventes e melodias luminosas. Um outro bom exemplo vem da faixa-título, que Rina afirma ter sido uma espécie de insight pós sessão de terapia. "Foi a música que me desbloqueou e me deixou animada para escrever novamente", explicou. Cheio de contrastes, de idas e vindas, de encaixes nunca óbvios e ainda assim saborosamente acessíveis, Hold The Girl confirma Rina Sawayama como uma das grandes artistas de nosso tempo. Daquelas que olha pro futuro, ao mesmo tempo em que reverencia o passado.
Nota: 9,0
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