De: Graham Moore. Com Mark Rylance, Zoey Deutch, Simon Russell Beale e Johnny Flynn. Drama / Policial, Reino Unido, 2021, 106 minutos.
Tudo vai indo mais ou menos bem no local. Em meio a conversas sobre sonhos e oportunidades de viagens ao redor do mundo com Mable (Zoey Deutch), a sua secretária, e a divagações envolvendo as escolhas pessoais de certos clientes, Leonard parece ter segredos relacionados ao passado que insistem em aparecer em suas memórias. Quando chegou em Chicago, Leonard tinha cruzado o Atlântico, deixando para trás a sua Inglaterra natal. "Fugia do nazismo?", alguém pergunta. "Pior do que isso, da calça jeans", debocha, exagerando ao destacar a importância da onipresente peça que reduziria as suas perspectivas financeiras em Londres. Já na América, Leonard seria apadrinhado por Roy Boyle (Simon Russel Beale), chefão da máfia irlandesa. O que tornaria sua loja um ponto de encontro dos gângsteres - mais especificamente do filho de Boyle, Richie (Dylan O'Brien) e de seu parceiro Francis (Johnny Flynn).
Só que as coisas começam a dar errado quando Richie e Francis recebem uma fita cassete que pode ser o indicativo de que há um espião na organização. As suspeitas recaem no colo de todos: de Leonard, de Mable, de outros integrantes. Quem afinal desejaria vender informações para os La Fontaine, uma gangue rival? E, mais do que isso, quem teria interesse em vazar a gravação para o FBI? As tensões ampliadas converterão O Alfaiate em um jogo de gato e rato que utiliza apenas o claustrofóbico espaço da alfaiataria como ambiente. Com a câmera indo pra lá e para cá, circulando em meio aos personagens, revelações serão feitas de forma tópica, sem muita pressa, em uma experiência que tem nos diálogos um de seus pontos fortes. O que não significa que não haverá surpresas e reviravoltas até o instante final. Ao cabo é uma trama em que é preciso ficar atento, já que nem tudo é o que parece!
Elegante e envolvente, a narrativa utiliza a própria fabricação de peças de roupa - um processo meticuloso, que envolve diversos cortes, tecidos e costuras - como uma metáfora para o quebra-cabeças que o espectador precisará montar em meio a tudo. É um processo refinado, que é ampliado pelo desenho de produção impecável e pela fotografia de tons marrons escurecidos que parecem apenas reforçar o sentimento de tensão. [A PARTIR DAQUI CONTÉM SPOILER] Teatral, intimista, e com referências a clássicos como Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock, e Jogo Mortal (1972), de Joseph L. Mankiewicz, o filme ainda tem Mark Rylance esbanjando boa forma na hora de encarnar Leonard. Misterioso, de comportamento ambíguo, mas educado e metódico ao extremo, ele se manterá inabalável, quebrando estereótipos e reforçando a ideia de que o "segredo está nos detalhes".
Nota: 7,5
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