quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Curta Um Curta - A Incrível História de Henry Sugar (The Wonderful Story of Henry Sugar)

Vamos combinar que quando Wes Anderson consegue unir suas trucagens técnicas com uma boa história, o resultado costuma dar bom. E é justamente esse o caso de A Incrível História de Henry Sugar (The Wonderful Story of Henry Sugar), curta-metragem disponível na Netflix, que deverá ser um dos indicados ao Oscar em sua categoria (talvez seja até o favorito à estatueta). Aqui temos, assim como ocorre com Asteroid City (2023) e A Crônica Francesa (2021), uma obra metalinguística, com a geografia e os enquadramentos simétricos típicos do diretor, que se somam ao desenho de produção de encher os olhos (sério, os cenários parecem saídos de uma espécie de livro de colorir) e à fotografia de cores cintilantes. A trama é baseada em um conto de 1977, escrito por Roald Dahl, e volta quase 100 anos no tempo para nos apresentar a Henry Sugar (Benedict Cumberbatch), um homem riquíssimo (e solteiro), que herdou uma fortuna que serve, na maioria dos casos, pra financiar o seu vício em jogo.

Só que em certo dia, circulando por sua biblioteca, ele se depara com um livro escrito por um médico que acompanha o misterioso Imdad Khan (Ben Kingsley) - uma narrativa sobre a capacidade mística do sujeito de conseguir enxergar sem necessitar dos olhos. Em resumo, com seus poderes ele poderia, por exemplo, identificar uma carta de baralho que tivesse a sua face virada para baixo, apenas com a mente. No filme de Anderson, temos a história dentro da história de como Imdad aprende a sua habilidade - o que envolve um encontro com um guru que, supostamente, seria capaz de levitar enquanto meditava. Só que Imdad morre lá pelas tantas. O que não impede Henry de ficar fascinado com tudo aquilo. Aliás, mais do que fascinado: determinado a colocar em prática os ensinamentos do guru, para que ele possa se dar bem e lavar a baia nos cassinos. Em alguma medida, talvez a experiência seja até mais interessante pela beleza que parte de sua paleta de cores vivíssima. O que não reduz o impacto da mensagem de tintas redentoras.


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