Jamais haverá melodrama ficcional que se equipare aos efeitos reais (e devastadores) causados por uma guerra. Porque vamos combinar que o atual conflito entre Rússia e Ucrânia, de tão distante que está de nós, por vezes parece algo abstrato, que não nos diz respeito. Que não integra a nossa realidade. E pequenas obras como o tocante documentário em curta Camp Courage - que está disponível na Netflix e é um dos prováveis candidatos em sua categoria no Oscar 2024 -, servem para nos lembrar das dores reais de quem sofre, de fato. Possibilitando o exercício da empatia que, em alguma medida, também nos humaniza. Aqui acompanhamos a rotina da pequena Milana, uma pré-adolescente de onze anos, que perdeu parte da perna em uma explosão ocorria em 2015, quando tinha pouco mais de dois anos. Não bastasse esse trauma em si, ela ainda perderia a mãe no mesmo atentado, ocorrido na cidade de Mariupol.
Anos depois, a guerra de 2022 obrigaria a jovem, criada pela amorosa avó Olga, a se retirar da Ucrânia, buscando refúgio na Eslováquia. Só que a fuga de sua pátria de origem não significará paz - e muito menos a solução para as dores de guerra. E como forma de tentar superar os medos, Milana tem a oportunidade de se juntar à outras pessoas em um acampamento na cidade de Piesendorf, na Áustria - um projeto do coletivo Mountain Seed Foundation, organização sem fins lucrativos que tem a missão de minimizar o sofrimento de quem teve perdas devastadoras em conflitos tão brutais. Para Milana, que basicamente sobreviveu por um milagre após ter sido encontrada pelos bombeiros em meio aos destroços, não será fácil superar desafios que envolvem escalar montanhas, rapeis e outras atividades. "Quando você sofre traumas como o de Milana fica muito mais difícil ultrapassar essa borda e enfrentar o desconhecido", analisou o diretor Max Lowe. Cheia de instantes comoventes, esta é uma experiência redentora e que vale ser conferida.
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