De: Adele Lim. Com Ashley Park, Sherry Cola, Sabrina Wu e Stephanie Hsu. Comédia, EUA, 2023, 93 minutos.
E, justiça seja feita, eu amei os dois filmes oscarizados citados acima - as resenhas são a maior prova disso. Assim como sou um apaixonado pelo cinema do Japão, da Coreia do Sul ou da China. Mas o fato é que não consegui me conectar a contento com o projeto da diretora Adele Lim. E eu até faço uma espécie de "meia culpa" no sentido de que talvez eu não seja o público-alvo da obra. Com seu humor apressadíssimo, referências culturais dispersas, excentricidades sem limites e personagens que parecem sempre agir no modo over - no exagero mesmo -, o caso é que, lá pelas tantas, cansei. E comecei a olhar para o celular, esperando o final de uma vez. Há ideias boas? Há ideias boas. Especialmente quando o projeto se empenha em evidenciar o absurdo da xenofobia ou da discriminação racial que persiste nos tempos modernos.
Em uma das mais divertidas sequências, por exemplo, o quarteto está em um trem onde busca uma cabine que, obrigatoriamente, deverá ser compartilhada com desconhecidos. Após descartar outros vagões por motivos claramente preconceituosos, o grupo aceita dividir espaço com uma mulher loira, jovem e norte-americana que, mais adiante, se revelará como uma traficante de drogas. Outros instantes abordam o absurdo da intolerância mas de forma igualmente bem humorada, como no momento em que eles identificam as diferentes etnias asiáticas por meio de uma série de estereótipos. E estes são pontos positivos, inegavelmente. Na trama, somos apresentados às amigas de longa data Audrey (Ashley Park) - uma garota que foi adotada por pais brancos ainda criança - e Lolo (Sherry Cola), que se conhecem em um parquinho do bairro quando na juventude, continuando ligadas pelo fato de ambas serem de descendência asiática (o que na "branquela" Seattle é um louvável ponto em comum).
Com personalidades distintas, Audrey é a advogada de tom mais sério que aspira uma melhor posição no escritório que trabalha, ao passo que Lolo é uma artista plástica iconoclasta, que aposta em um kitsch sexualizado em suas peças (em uma maquete de um parquinho de diversões o escorregador é a réplica de um pênis, só pra ficar num exemplo). E quando o chefe de Audrey a envia para uma importante viagem de negócios à China, Lolo vai em sua companhia para lhe auxiliar nas traduções, já que a amiga tem pouco contato com seu País de origem. Às duas se juntam ainda Deadeye (Sabrina Wu) - uma prima de Lolo meio inepta no que diz respeito às interações sociais e ainda Kat (Stephanie Hsu), uma ex-colega de faculdade de Audrey que hoje trabalha como atriz em produções de época. Claro que essa junção será apenas uma desculpa para que diferenças venham à tona o tempo todo, com o quarteto vivendo uma série de estripulias. Com tudo piorando quando Audrey é desafiada a encontrar sua mãe biológica para, somente aí, concretizar o negócio. Rende. É barulhento. Tem uma sequência do ponto de vista de - acredite - uma vagina. Mas é pouco. Infelizmente.
Nota: 5,0
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