Ao cabo esse é um disco de corpo e de alma, de concreto e de abstrato, de tecnologia e de espiritualidade, de futuro e de passado. Barulhinhos modernos que se misturam à percussões africanas, vocais robotizados em letras repletas de devaneios divinos, que se chocam com os prazeres da carne. "Tecnicolor, divinas estrelas / Beijei uma foto pixelada" divaga a musicista em Tecnicolor, parceria com Céu. O expediente segue com a saborosa Homenagem que, com sua letra divertidamente safada (Mas quando me vê passar bate uma saudade / Chega em casa pensa em mim faz uma homenagem), se equilibra entre o minimalismo e o deboche quando o assunto é o amor (e o sexo). Experimental em alguns instantes (Eu Estou Aqui), acessível em outros (Desabriga), o álbum é pura personalidade pós-pandemia. "O disco fala sobre a dificuldade de acessar a espiritualidade em um mundo tão desconectado [...] A gente nunca esteve tão conectado com a nossa realidade, mas nunca tão desconectado com a gente" resumiu em entrevista para a Revista Noize.
Nota: 9,0
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