segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Tesouros Cinéfilos - Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit)

De: Robert Zemeckis. Com Bob Hoskins, Charles Fleischer, Christopher Lloyd, Joanna Cassidy, Kathleen Turner e Stubby Kaye. Comédia / Animação / Fantasia, EUA, 1988, 103 minutos.

Um dos filmes mais inovadores e divertidos dos anos 80 e que, como sessão nostalgia, segue insuperável. Mais ou menos assim da pra resumir a experiência de se assistir ao clássico da Sessão da Tarde Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit) - obra dirigida por Robert Zemeckis, que acaba de completar 35 anos de seu lançamento. E revisitar essa produção foi satisfatório não apenas por poder constatar as suas evidentes qualidades técnicas - a mescla de live action com animação é simplesmente perfeita -, mas também por perceber que a narrativa detetivesca é muito boa! A trama se passa em uma espécie de realidade alternativa na Los Angeles de 1947, onde seres humanos e personagens de desenho animado (os chamados toons) convivem normalmente. Só que nesse cenário, Roger Rabbit (Charles Fleischer) está com dificuldade para atuar em seu novo projeto, o que faz com que o produtor RK Maroon (Alan Tilvern) contrate um detetive particular, por achar que o coelho está com "problemas conjugais".

É aí que entra em cena Eddie Valiant (o ótimo Bob Hoskins), que é incumbido de ir atrás da estonteante Jessica Rabbit (que recebeu a voz sedutora e rouca de Kathleen Turner) para tentar descobrir se os rumores de que ela está tendo um caso com Marvin Acme (Stubby Kaye) - basicamente o dono de Toontown - são reais. E ao que tudo indica o caso é sim verdadeiro: Eddie obtém fotos comprometedoras da dupla que são entregues para Roger, que entra em desespero com a traição. Só que a coisa piora quando, na manhã seguinte, Acme é encontrado morto, assassinado. Com as circunstância do crime recaindo sobre Roger! Com segredos do passado envolvendo sua relação com os toons - seu irmão teria sido morto por um deles em circunstâncias que não ficam claras -, Eddie não estava querendo assumir o caso. Mas quando percebe que tudo parece ser uma tramoia pra incriminar o coelho resolve dar continuidade à investigação.



Claro que todo esse contexto não passará de uma ótima desculpa para um sem fim de piadas e de gags que envolvem a exótica relação entre humanos e toons. Quando chega no bar em que Jessica trabalha, por exemplo, Eddie se depara com a Betty Boop (Mae Questel), que brinca com o fato de ter de estar fazendo um bico de garçonete por "perdido espaço" com o advento do cinema colorido (por ser um desenho em preto e branco). Em outro instante, o investigador se depara com o "elenco" de Fantasia (1940), que teria sido contratado a preço de banana por Maroon para uso em seus filmes. E o quê dizer do Bebê Herman (Lou Hirsch) que, a despeito de sua aparência, é um senhor de cinquenta anos que vive fumando charutos, é ranzinza e reclama de não poder transar porque a mente não acompanha o corpo? É tudo tão freneticamente engraçado, com tantas esquetes simultâneas por metro quadrado, que a gente quase esquece da chantagem que envolve Roger.

E que tem a ver com a enigmática presença do Juiz Doom (Christopher Lloyd) - uma sinistra figura do Tribunal Superior de Toontown, que parece ter interesse na cidade e que desenvolveu a única arma letal para os desenhos: uma espécie de ácido que é resultado de uma mistura química conhecida como The Dip (vocês vão lembrar do líquido esverdeado que jorra por toda a parte no terço final). Com idas e vindas entre escritórios, bares, becos e estúdios de cinema, Eddie e Roger formam uma das mais improváveis duplas de herois da história do cinema, com o primeiro sendo a porção sisuda, ao passo que o coelho é a figura exageradamente cartunesca, que tem o objetivo de fazer rir. Com a trama se desenvolvendo em meio a ocorrências que envolvem um testamento perdido que poderá ruir Toontown, a obra ainda reserva para o seu terço final uma hilária surpresa - que não chega nem a ser tão surpreendente. E que resultará em um desfecho bem humorado, levemente sinistro e que atesta a qualidade da produção, que receberia três estatuetas do Oscar (Edição, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais). Tá disponível no Disney+ e vale recordar!


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