sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Pitaquinho Musical - Paramore (This Is Why)

Em novembro de 2022 o Paramore decidiu trocar a imagem do álbum homônimo de 2013, que mostrava os três então integrantes da banda em uma foto de capa clássica de banda. Se você abrir algum serviço de streaming e procurar o disco, irá encontrar uma foto de Hayley Williams de costas, vestindo uma jaqueta com a frase grow up que, no bom português, significa “cresça”. Talvez a cantora e principal nome do trio estivesse nos dando um recado: já estamos com trinta e poucos anos, gente. Mensagem que já havia ficado clara nos dois trabalhos solos de Hayley, o ótimo Petals For Armor (2020) - nosso 21º colocado na lista de melhores internacionais daquele ano - e o catártico e melancólico Flowers For Vases/Descansos (2021). O próprio After Laughter (2017), que havia sido o último lançamento do grupo, já apresentava letras menos rebeldes e românticas do que o usual, mas, ainda assim, você estava seguro nos ritmos dançantes e nos riffs de guitarra. Mas, se você compartilha conosco os gloriosos trinta e poucos anos sabe que a vida não é, por definição, um lugar seguro, confortável e previsível. O capitalismo corrói nossa saúde mental, os relacionamentos acabam e nos deixam ainda mais solitários do que parecia possível, uma pandemia ou mais uma guerra incompreensível podem simplesmente acontecer e, bem, precisamos lidar com isso.

 
 
E, discutindo todos os processos e traumas desse “crescer”, depois de seis longos anos, a banda de pop punk e emo do Tennessee nos presenteou com This Is Why, um aguardado sexto álbum. A primeira impressão que fica quando iniciamos a jornada do disco é que a escrita intimista e melancólica que Hayley vinha produzindo nos projetos solos ganhou uma roupagem mais realista, menos centrada no problema, e uniu-se a posições mais reflexivas e voltadas à sociedade e comportamentos (This Is Why, Running Out of Time). As primeiras faixas nos lembram que o Paramore enérgico, das guitarras marcantes, está em forma, como exemplifica a ótima e até nervosa The News. Contudo, são canções como Big Man Little Dignity, Liar e Thick Skull que soam realmente como novidade para o grupo. Hayley traz vocais menos intensos, mas muito expressivos. O ponto alto do álbum é Crave, penúltima música, que é uma espécie de fechamento temático de uma longa e emocionalmente difícil fase da líder do grupo. Sensível, honesta e com pitadas de esperança no futuro, como são os nossos trinta e poucos anos.
 
Nota: 9.5
 

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