Preciso dizer q vocês que é simplesmente impossível analisar Turma da Mônica: Laços como analiso qualquer outro filme. Por que bastou cinco minutos de projeção e eu, invadido pela nostalgia, quase fui as lágrimas. É sério. Eu cresci lendo os gibis da turminha criada por Maurício de Souza. Mais do que isso: eu aprendi a LER de posse dessas revistinhas. Com cinco anos de idade. É muito provável que, ainda criança, eu tenha me "tornado" jornalista por causa da Mônica, do Cebolinha, do Cascão, da Magali. Então ao ver o Cebolinha (Kevin Vechiatto) e Cascão (Gabriel Moreira) elaborando em live action um daqueles planos bobos para derrotar a Mônica (Giulia Barreto), mas que SEMPRE dão errado, só me restou sorrir (e me emocionar). Foi uma espécie de carinho à minha infância - o que, em tempos de Corona Vírus, parece ter o seu valor ampliado. Aliás, eu sequer tinha cogitado assistir à película de Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs). E é impressionante o bem que me fez.
Sobre a trama, ela não poderia ser mais absurdamente simples: após o plano mal sucedido contra a Mônica, Cebolinha e a sua família tem o Floquinho roubado. Ele some, sem muita explicação. É claro que essa é a desculpa perfeita pra turminha se empenhar na busca, que envolverá a entrada em uma sinistra floresta, que lhes levará até o seu algoz. Em linhas gerais pode-se dizer que o filme tem duas partes bem definidas. A primeira, claramente, busca dar um afago nos fãs. Em meio a correria da Mônica atrás dos meninos, com o coelhinho Sansão em punho, ocorre um desfile de personagens secundários - Xaveco, Titi, Aninha, Jeremias, as irmãs Cremilda e Clotilde -, que servirão para que brinquemos de identificá-los. É também na primeira parte que um iluminado Maurício de Souza aparece em uma ponta, que contribui para o caráter quase idílico das homenagens.
Já na segunda parte, somos envolvidos na aventura em si, com a narrativa ficando levemente mais séria, conforme a turminha se aproxima do sequestrador do Floquinho. O que não impedirá que a jornada em si seja divertida, como comprova a maravilhosa sequência em que o Louco (Rodrigo Santoro) aparece, fazendo as suas maluquices, sempre acompanhado do Cebolinha. E, ainda que a intenção seja a de fazer rir, não deixa de haver no projeto uma série de mensagens, especialmente sobre a importância das amizades - o que se consolida a partir do instante em que todas as crianças percebem que precisarão trabalhar juntas para derrotar o inimigo. E além dessas duas partes e que acompanhamos os meninos, há ainda um arco dramático paralelo em que os pais, preocupados, se ocupam das buscas das crianças que estão desaparecidas - e não deixa de ser legal ver atores como Mônica Iozzi interpretando a dona Luíza (a mãe da Mônica) e Paulo Vilhena e Fafá Rennó encarnando o senhor e a senhora Cebola.
Em relação à parte técnica, o caprichado desenho de produção se ocupa em dar ao fictício bairro do Limoeiro todas as cores que lhe são características nos quadrinhos, o mesmo valendo para os figurinos. No mais, outras questões que se poderiam se tornar meio difíceis de digerir no live action, se tornam motivo para ótimas piadas - como no momento em que Cebolinha censura os demais por sempre perderem os seus pares de tênis, ou no instante em que uma pessoa pergunta algo sobre a cor do cachorro que todos procuram: "mas, ele é verde?" Sim, eu sei que a trama é boba, sim, eu sei que os meninos não são os melhores atores do mundo (o Cebolinha às vezes até esquece de não falar o erre), mas o caso é que senti completamente envolvido. Tocado. E já estou ansioso pela continuação Turma da Mônica: Lições que está, inicialmente, programada para o final deste ano. Na real eu tinha meio que esquecido como era apaixonado por essa turminha. Redescobri agora. E valeu a pena.
Nota: 8,0
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