Um pouco mais de safadeza e menos de sofrência. Talvez seja a maturidade e a confiança de chegar ao terceiro álbum - o primeiro por uma grande gravadora, a Universal Music -, mas a impressão que se tem do novo trabalho de Duda Beat, é a de uma artista disposta a investir em um lado mais vivo, mais dançante, mais sensual, como um contraponto a certa melancolia brega, que marcaria os hits do início da carreira (como era o caso de Bixinho, que integrava o ótimo Sinto Muito, de 2018). Em alguma medida, o título do projeto, Tara e Tal, já evidencia esse processo de transformação, de uma cantora que mergulha em sentimentos mais intensos, mais potentes. "A 'tara' é o desejo de me libertar, de me jogar, e o 'tal' é o que vem depois, seja isso bom ou ruim", explicou em entrevista à Veja São Paulo, sobre aquele que parece ser também o seu disco mais eletrônico, dançante.
Todas essas percepções são reforçadas quando a gente ouve canções como as divertidas e ousadas Preparada e Saudade de Você, que conseguem ser romântica e hedonista em igual medida, esta última culminando naquele que talvez seja um dos grandes refrãos da temporada (Saudade de você aqui agora / De noite vou te ver / Quero rebolar em cima de você / Bem melhor, bem melhor, bem melhor). Duda parece estar mais disposta a verbalizar seus desejos, sem a preocupação de ter de se provar tanto para os outros. Claro que isso não significa romper em definitivo com o passado e a mescla de estilos que unem ritmos nordestinos, com o miami bass, o rock dos anos 80 e o reggaeton é um exemplo das múltiplas possibilidades do registro. O resultado são canções de melodias ricas, complexas, que jogam o ouvinte para o inferninho da pista de dança hipnótica e da noite fervilhante, mas sem ignorar aquele fundinho de melancolia que pode aparecer quando a madrugada avança.
Nota: 8,5
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