terça-feira, 12 de novembro de 2019

Novidades em DVD/Now - É Culpa da Alegria (Ode To Joy)

De Jason Winer. Com Morena Baccarin, Martin Freeman, Melissa Rauch e Jake Lacy. Comédia romântica, EUA, 2019, 97 minutos.

Existe uma premissa básica pra fazer com que uma comédia romântica funcione: a gente tem que torcer para que o casal central da trama fique junto. Temos de nos importar com eles. Desejar que eles superem todas as adversidades que lhes foram impostas para que, ao final, quando houver a derradeira cena do beijo que salva tudo, aquela sequência absurdamente clichê em que tudo se repara, em que a trilha sonora sobe e o travelling circular ocorre, seja, para nós espectadores, também um momento catártico. Que simbolize a esperança. O desejo por um futuro melhor. O sonho consolidado. Bom, eu estava querendo assistir algo leve e aluguei esse exemplar de como NÃO FAZER um filme desse gênero. Aliás, o que me surpreende é pensar que produtores de cinema pegaram o seu "suado" dinheiro para investir em uma obra que, além de não funcionar como romance, também não funciona como comédia, por que simplesmente a gente não dá risada. Em nenhum momento. NENHUM. E eu tô falando de um meio sorriso que seja. De canto de boca, vá lá.

Mas não, É Culpa da Alegria (Ode To Joy) também não tem graça. Aliás, as tentativas de fazer comédia são bizarras, machistas, antiquadas. Por exemplo, em uma das primeiras sequências, vemos a personagem vivida por Morena Baccarin (de nome Francesca) entrar em uma biblioteca com o namorado para discutirem a relação. Ao descobrir o motivo da ida a um ambiente silencioso para uma DR - a jovem seria muito histérica -, ela sobe na mesa para gritar com tudo e todos. Bom, se não bastasse o absurdo da sequência em si - que se fosse algo propositalmente nonsense, poderia servir ao humor -, ela ainda piora quando Charlie (Martin Freeman) se apresenta a ela com uma epifania sobre o futuro do relacionamento daquele casal. E, como cereja do bolo, o morto não é "nem embalsamado" e a fila já anda: Charlie, incentivado por seus colegas de trabalho, convida Francesca para sair. Sim, o casal central da película será o Martin Freeman e a Morena Baccarin - por que é bem normal a mulher bonita, inteligente e interessante desejar o cara esquisito. Nos filmes é.


Na trama, Charlie sofre de cataplexia, um sintoma de narcolepsia que causa paralisação súbita quando ele experiencia fortes emoções - mais especificamente a felicidade. Assim, ele desenvolve algumas técnicas para não desmaiar todas as vezes que vive ou simplesmente presencia um evento feliz - e a forma que a narrativa busca nos apresentar essa condição também é péssima, ostensiva, nada sutil. Basta Charlie sair para a rua, que ele inevitavelmente se deparará com cenas afáveis - como a de uma grávida que deixa as compras cair e é auxiliada por um idoso. Só que como lidar com a euforia de uma nova paixão em um mundo em que não é possível se entregar de corpo e alma sem desmaiar, sofrer, apagar? Charlie resolve que, para manter Francesca por perto, a solução é incentivar o seu irmão Cooper (Jake Lacy) a sair com ela. Assim ao menos, de forma altruísta, ele poderá estar em contato com ela nas reuniões familiares. Bizarro. Verossímil? Não. Engraçado? Nunca. Romântico? Preciso responder?

Nesse ínterim, Charlie conhece Bethany (Melissa Rauch, a ótima Bernadette de Big Bang Theory), que até combinaria mais com ele, já que ela parece também ter problemas psicológicos - aliás, que convenção é essa de que as mulheres em certas comédias românticas devem ser neuróticas? Mas, ao final, mesmo sendo um semi virgem de quase cinquenta anos (sua condição lhe impediu de namorar DESDE A ADOLESCÊNCIA), ele lutará pelo amor de Francesca que, mesmo sem ter sequer beijado o sujeito, estará falando ao final da obra em ter filhos com ele (sim, por que uma boa comédia romântica clichê não pode terminar sem o desejo de ter filhos, claro). Pra não dizer que a catástrofe é total, há uma personagem interessante na película, ainda que careça de algumas camadas a mais, que é a tia de Francesca, que tem um câncer terminal, mas vive com divertida vitalidade (papel de Jane Curtin), sendo uma das incentivadoras da sobrinha. No mais, foi uma hora e meia que, de quebra, ainda se arrasta. Não ri. Não me emocionei. Aliás, quase desmaiei de desgosto. Tal qual o protagonista, nos seus momentos de maior euforia.

Nota: 2,0


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