terça-feira, 19 de novembro de 2019

Foi Um Disco Que Passou Em Minha Vida - Skank (Calango)

Diferentemente do que ocorreu com outros álbuns que já figuraram aqui no Foi Um Disco Que Passou Em Minha Vida, eu sinceramente não lembro qual foi a primeira vez na vida que ouvi alguma canção do Skank. E nem em que momento ela se tornou uma espécie de !banda do coração" na juventude. O que eu sei é que, com 13 ou 14 anos de idade, Jackie Tequila, Esmola, Pacato Cidadão, Te Ver, A Cerca e outras tantas, se transformaram naquele porto seguro musical, capaz de mesclar ótimas melodias, arranjos criativos e letras diversificadas - que podiam ser românticas em algum momento, excêntricas em outro ou mesmo recheadas por críticas sociais eventuais. Na realidade, tenho viva a memória da vizinhança no bairro Moinhos, aqui em Lajeado, em volta do 3 em 1 que tocava incansavelmente a fitinha do álbum Calango - com direito a letras decoradas e muita cantoria no chuveiro.

Tentando puxar pela memória, acho que foi com Jackie Tequila que tudo começou. Não sei se foi o primeiro single. Mas aquele clima de reggae praiano, cheio de suingue, uma percussão harmoniosamente simpática, tudo me ganhou. E ainda havia a letra, que versava sobre funk, baião, misturava um inglês meio improvável (Essa menina tá dizendo don't worry) e fechava tudo com citações a Tenessee Williams (claro, nem reparávamos), ilha, Coca Cola, Taiti, uma mistureba à brasileira, de um romantismo poético, esperançoso. Bem à moda que um apaixonado adolescente espinhento sonhava. As demais músicas vieram na esteira e não paravam de tocar nas rádios daquele 1995 ardorosamente febril. Aliás, esse é um daqueles casos de disco com mais da metade das canções se tornando de "trabalho", ganhando videoclipe e apresentação no Faustão (ou no Gugu).


Sobre videoclipes, é simplesmente impossível citar o Calango sem falar do vídeo de A Cerca. Dirigido por Gringo Cardia, transformava e embolada regionalista em imagem e a improvável "briga de vizinhos" da letra (Terequitem, ô pra cá você não vem) era gloriosamente materializada. Aliás, vale recordar. Outras canções, como Te Ver, É Proibido Fumar (cover de Roberto Carlos) e Pacato Cidadão também receberam videoclipe, em uma época em que a MTV era o símbolo da divulgação oficial daquilo que as bandas pretendiam tornar conhecido. E, mesmo as canções não tão conhecidas, como O Beijo e A Reza (uma das preferidas), Sam e Amolação, passaram a se tornar queridas do público, conforme o disco foi ganhando espaço. Com cada uma delas mostrando a habilidade única do coletivo - formado por Samuel Rosa, Henrique Porugal, Haroldo Ferretti e Lelo Zanetti -, em criar baladas, rocks juvenis e reggaes.

O disco vendeu mais de um milhão de cópias (na época que se ia no Gugu pra receber o Disco de Platina) e pavimentou o caminho para que a banda lançasse um sem fim de outros trabalhos inesquecíveis (O Samba Poconé, Siderado, Maquinarama, Cosmotron), que renderiam hits, como, Resposta, Dois Rios, Uma Partida de Futebol, Garota Nacional, Vou Deixar, Tão Seu, Balada do Amor Inabalável, Saideira, Canção Noturna e, mais recentemente, Esquecimento. Ainda que não tivesse mais a relevância daquela época - hoje em dia tudo é o hedonismo e o niilismo do sertanejo universitário -, o fim do coletivo mineiro foi meio inesperado, deixando meio órfãos os fãs das antigas, que acreditavam que Samuel Rosa e companhia ainda pudessem ter "lenha pra queimar". Ainda assim, o que fica é a memória das grandes canções lançadas nos anos 90 e que, para sempre estão no coração dos fãs.

Um comentário:

  1. Realmente uma grande banda que ja tiramos algumas horas da vida escutando suas belas melodias!!!

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