quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Curta Um Curta - Superoutro
Quem acompanha a carreira do diretor Edgard Navarro sabe que o seu cinema é o de confronto! Iconoclasta, questionador, atrevido, é responsável por uma filmografia suja, pornográfica, escatológica, que dialoga com a produção que ficou conhecida como Boca do Lixo - e que tinha a intenção, no caso dele, de provocar. Provocar instituições, sistemas políticos, religião, famosos da TV, colocando o dedo na ferida - especialmente no que diz respeito à hipocrisia da sociedade. Ainda que O Rei do Cagaço (1977) e Exposed (1978) tenham desafiado à Ditadura Militar, foi com o clássico Superoutro que ele atingiu o seu ápice criativo. Na história do "louco" (Bertrand Duarte em modo insano) que grita desesperadamente "ACORDA HUMANIDADE", uma pancada sobre desigualdade econômica, desencanto político e cultura da normose como única forma aceitável de existência. Com uma série de frases icônicas - "O que seria dos maluco se não fosse os viado?", "Deus é grande mas tá mole!" - o filme é pura poesia marginal, recheado de um anarquismo libertino, hedonista e que merece ser lembrado - especialmente em tempos de resistência política. Não é por acaso que a Associação Brasileiro dos Críticos de Cinema (Abraccine) o considerou o sétimo melhor curta-metragem da história. Ele segue relevante, afinal.
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