Bom, a trilha sonora do filme é muito boa, naturalmente. Surge para pontuar momento de delicadeza (e também de incerteza) na vida do protagonista que, de volta para a casa dos pais, não sabe muito bem o que fazer ou o que quer da vida. Sua existência se resume as horas em que fica na piscina e que, lá pelas tantas, passam a se alternar com os encontros fortuitos com a Mrs. Robinson de Bancroft. E, sobre estes encontros, a parte que mais gosto nessa película que, ainda hoje, é considerada um clássico, é justamente o terço inicial. Isto por que poucas o nervosismo e a inexperiência de um homem jovem diante da iminência de fazer sexo com uma mulher bem mais velha, foi tão bem retratado como no segundo filme do diretor Mike Nichols (Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?). Benjamin está SEMPRE suando, tenso, pouco relaxado. E, aparentemente virgem aos 21 anos, inventa uma série de desculpas para consumar o ato. Sim, trata-se de um caso de adultério, mas os motivos das "esquivas" do jovem não parecem estar ligado a isso.
Por que no mais, contando as outras partes do filme, é inacreditável como a obra envelheceu mal. Aliás, eu diria que, nos dias de hoje, o comportamento meio psicótico de Benjamin, um jovem mimadinho pelos pais que se descobre um tipo de hedonismo perdido em algum lugar de sua mente, seria praticamente inaceitável. Bom, como exemplo do que falo, basta lembrar da patética sequência final, em que o rapaz fica gritando para Elaine que nem um maluco, dentro da Igreja em que ela está na iminência de se casar. A própria urgência de consumar um casamento seria algo antiquado, conservador para os dias de hoje. Fora o fato de que Benjamin fica literalmente perseguindo Elaine na faculdade em que ela estuda, estando com ela em todos os ambientes, com todas as outras pessoas (colegas, amigas), insistindo para que ela case com ele. Quase sem lhe dar sossego. Em qualquer outra situação, provavelmente seria recomendada uma medida protetiva a jovem. Mas, no fim, eles ficam juntos. Coisa da época, claro.
Bom, evidentemente vocês se lembram que Elaine era filha da Mrs. Robinson. E esta parte também gera um componente de tensão que é ok para o filme - há uma ótima cena de discussão com o pai da moça, por exemplo. E é na primeira metade que está, por sinal, a sequência mais icônica da obra: aquela em que Benjamin aparece como uma figura "pequena", diante da curvatura da perna da mulher que lhe pretende seduzir. Ah, e como curiosidade Anne Bancroft tinha apenas seis anos a mais do que Hoffmann. Mas um trabalho elegante que somava boa maquiagem e utilização adequada de figurinos, transformou ele em um rapaz de 21 anos e ela numa mulher de 42. No fim das contas o que a crítica em geral considera, é que este é um filme de amadurecimento, sobre pessoas buscando ser felizes em um mundo cheio de inseguranças, de poucas perspectivas e de gritantes conflitos geracionais. O que talvez explique as atitudes extremas daqueles que assistimos.
Indicado a um punhado de Oscar na cerimônia de 1968, a produção viria a faturar a estatueta apenas na categoria Melhor Diretor - este fato pavimentaria a carreira de Nichols, que faleceu há exatos cinco anos, em novembro de 2014, e que nos entregou outras boas produções (como o recente Closer: Perto Demais). E vale lembrar que a película não foi indicada para Melhor Canção Original, por que Mrs. Robinson surge no filme ainda como uma versão inacabada, que mais tarde se tornaria single que bateria recordes (tudo isso depois de a obra ter sido lançado). No mais, ainda que a película apareça em todas as listas de melhores da história, a nostalgia fica mesmo por causa das músicas de Simon & Garfunkel, que funcionam para dar conta da confusão mental estabelecida na figura de Benjamin, suas inseguranças e incertezas.
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