Ao optar pelo produtor Rich Costey (Fiona Apple, Muse, Franz Ferdinand, entre outros) houve uma sensível mudança na sonoridade dos escoceses, trazendo uma produção recheada de elementos eletrônicos e truques de estúdio espertos, de forma a dar novas camadas ao som da banda. Interessante notar como as características tão associadas ao grupo continuam presentes: seja nos riffs de guitarra, nas quebras de andamento ou no peso conjugado às melodias radiofônicas, as composições do líder Simon Neil não causam estranhamento aos fãs que esperavam mais daquilo a que já estavam acostumados - embora em entrevistas Neil tenha dito que este era o "melhor disco", ou "o mais experimental" até o momento. Se existe algum experimentalismo aqui é mais na busca de elementos inéditos (o uso da eletrônica mencionado anteriormente) mas que de forma alguma descaracterizam o seu etilo já consagrado.
Talvez o único problema de Ellipsis seja lançar suas melhores cartas logo no início da audição. Com uma primeira metade praticamente irrepreensível, cria-se uma expectativa que falha em se concretizar. Embora canções como Herex (com seu andamento quebrado e melodia bacana) ou Flammable (outra candidata a single para tocar no rádio) sejam cativantes, o terço final desaponta um pouco. Se em On a Bang temos novamente o peso e uma harmonia que nos pega de surpresa, Small Wishes consegue ser apenas simpática ao emular o country em uma canção que destoa do resto. Howl traz um rock inofensivo e previsível enquanto que People é uma balada que, de forma desesperançosa, promete um ápice que jamais chega, encerrando a obra em uma nota agridoce que deixa um gosto levemente amargo na boca do ouvinte. A edição deluxe do álbum traz a dispensável Don't, Won't, Can't e a boa In the Name of the Wee Man, não modificando o resultado final.
Sem ser a maravilha toda que a banda prometeu, nem seu melhor álbum (os discos Opposites e Only Revolutions continuam sendo meus favoritos), Ellipsis pode e deve contribuir para que o Biffy Clyro alcance novos públicos e chegue aos ouvidos via FM's da vida, com seu som peculiar pronto para conquistar os apreciadores do bom rock. E não seria nada mal ver os caras aparecendo no Brasil para alguns shows, visto que suas apresentações ao vivo conseguem ser ainda mais intensas que seus discos.
Nota: 8,0.
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