terça-feira, 26 de julho de 2016

Encontro com a Professora - Batman, Superman e Loki (Que Não Tem Nada a Ver Com Isso)

Sempre gostei de super-heróis. Embora tenha me deliciado muito com Tio Patinhas, Mônica e Cebolinha, o que curtia mesmo eram as pilhas de gibis da Liga da Justiça e, principalmente, as do Homem-Aranha e do Batman, meus preferidos. Gosto de pensar que o que me encantava no “Cabeça de teia” e no Morcego era a humanidade deles, no primeiro mais sarcástica e, no segundo, absolutamente sombria. Esses gibis eram a minha leitura clandestina, primeiro roubados do meu irmão, depois comprados, escondido da mãe. E aí, começam os filmes, já que Hollywood nunca perde tempo com a possibilidade de lucro. Foram décadas de produções de êxito, mas relativamente esporádicas, até o boom da DC Comics e, sobretudo, da Marvel, nos anos 2000. Atualmente, creio que as melhores são as que envolvem os Vingadores, com destaque para os filmes homônimos e para a excelente franquia do Capitão América, herói que jamais encantou a minha infância e adolescência.

Ele e o Super-Homem sempre me pareceram insossos demais, naquele fervor patriótico (apesar de um deles ser alienígena). Os uniformes entregam a principal missão deles: salvar o mundo, leia-se EUA, do perigo que vem de fora – o que soa completamente irônico em relação ao Superman, mas que, ao mesmo tempo, revela o “inevitável” amor pela América. E sabemos todos de que América se está falando. A atual franquia do Capitão rompeu um pouco com isso: manteve a disciplina, mas acrescentou personalidade. Gostei mesmo e, no geral, adoro estabelecer as relações entre os filmes e os quadrinhos, lembrar as genealogias, se se pode chamar assim, dos vilões e a trajetória dos heróis. Coisa de nostálgicos.



Mas, quando tudo parece perfeito, eis que surge Batman versus Super-Homem – a Origem da Justiça (2016), dirigido por Zack Snyder. O filme é incoerente do começo ao fim e peca, principalmente, por fazer o que a franquia do Homem-Aranha fez. Ou seja, encher o enredo de vilões, tornando todos subaproveitados. Não é novidade para ninguém a importância que tem um bom vilão, com o perdão do trocadilho. Loki que o diga...

Eis que Batman odeia Superman que odeia Bruce Wayne. Para mediar a birra entre os dois meninos, surge a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) que, aliás, lembra muito a Lynda Carter do seriado entre 1975 e 1979. O ódio entre os dois heróis nasce de forma inverossímil, transformado Wayne em alguém que não pensa e fixa as próprias frustrações no oponente. Ora, Bruce sempre um personagem complexo, não obtuso. E, ainda que saibamos pouco sobre os possíveis tormentos psicológicos de Clark Kent, é fácil perceber que conhece as agruras de ser herói. Portanto, a briga deles poderia ser facilmente resolvida numa conversa de bar. Dando-se conta disso, finalmente, Snyder começa a encher o filme de inimigos de ambos os heróis. E, aí, só podemos esperar que o filme termine logo. Ou que Loki apareça...


Na trama, Ben Affleck volta a atuar como nos primeiros tempos, isto é, sem expressão. A boa notícia é que agora sabemos que não houve trauma com Daredevil, de 2003. Henry Cavill se confirma como um dos rostos mais simétricos do cinema. E só. E ainda tem o Jesse Eisenberg, compondo um histriônico Lex Luthor, o que, mais uma vez, detona com o tempero de um bom anti-herói. No final, quando assume a feição careca, como é conhecido, a cena a la Darth Vader é de matar! Enfim, falar mal de Batman versus Super-Homem renderia laudas, mas ninguém precisa perder tempo com cinema ruim. E sempre resta algo. No meio dessa confusão toda, escondidinho, está Jeremy Irons – que deve ter uma dívida enorme para pagar – com seu sotaque britânico maravilhoso, deixando saudade em cada aparição. E, só para repetir, também senti falta de Loki. Muita falta.

Texto: Rosane Cardoso

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