terça-feira, 5 de julho de 2016

Grandes Cenas do Cinema - Luzes da Cidade (City Lights)

Filme: Luzes da Cidade
Cena: Vendedora de flores finalmente encontra o seu benfeitor

Vamos combinar que não seria nenhum exagero fazer o quadro Grandes Cenas do Cinema apenas com os filmes do "vagabundo" mais famoso da sétima arte, dada a quantidade quase infinita de sequências icônicas entregues pelo mestre Charles Chaplin em suas obras. O próprio Luzes da Cidade (City Lights), lançado em 1931, tem muitas cenas clássicas, mas certamente nenhuma delas supera o epílogo, momento revelador em que a vendedora de flores - vivida de forma absolutamente tocante pela atriz Virgínia Cherril -, finalmente encontra e reconhece o seu benfeitor.



O nosso querido protagonista passa o filme inteiro fazendo a plateia rir em meio a uma série de desventuras após salvar um excêntrico milionário de um suicídio, fazendo amizade com ele. Só que o ricaço não o reconhece quando está sóbrio, apenas quando está bebaço, o que resultará em alguns mal-entendidos - além de várias sequências engraçadas, como a da janta, em que Carlitos se confunde e come uma serpentina como se fosse espaguete. Em paralelo a isso, o nobre vagabundo conhece uma vendedora de flores cega e resolve fazer de tudo para levantar a grana que possa ajudá-la a fazer uma cirurgia para recobrar a visão.

Carlitos acredita que o ricaço possa ser o caminho para alcançar seu objetivo, se sujeitando, inclusive, a alguns "empregos" fajutos que não dão muito certo - como o de lutador de boxe (em mais uma cena memorável). Após muitas tentativas, Carlitos alcança o seu objetivo mas acaba preso pela polícia. Quando ele é solto, em um dia inesperado, ele reencontra a florista, que não o reconhece de imediato. O que se vê a partir daí é absolutamente comovente, com a vendedora, que agora pode ver, inicialmente utilizando um tom de deboche em relação do homem que parece "paralisado" em frente a loja em que trabalha. Ao sair e perceber, após tocar seu braço, que se trata de seu benfeitor, ela tem uma epifania, proferindo a frase de duplo sentido - "agora eu posso ver" - mais icônica do cinema. Não é uma cena para chorar. É uma cena para derrubar RIOS de lágrimas. E tudo feito da forma mais natural possível, com interpretações singelas, sutis e que se valem muito mais dos olhares e dos silêncios, do que das palavras. (até mesmo pelo fato de Chaplin ter renegado a tecnologia sonora, optando pelo cinema mudo até quase o final de sua carreira) Simplesmente inesquecível!


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