segunda-feira, 4 de julho de 2016

10 Discos Para Morrer Antes de Ouvir (De Artistas que Gostamos)

O pessoal da Revista Bula fez, recentemente, um divertidíssimo post com os 20 Livros Para Morrer Antes de Ler, que procurava ajudar as pessoas a evitarem o "desperdício da existência", ao sugerir obras em que era preferível manter a distância - e olha que tinha muito autor consagrado lá no meio! Como nós, do Picanha, adoramos copiar boas ideias somos muito criativos, resolvemos aplicar a mesma lógica para bandas e cantores que gostamos e que, em algum momento de suas carreiras, pisaram feio na bola com algum registro absolutamente dispensável. O velho chavão diz que "é melhor ser surdo do que ouvir certas coisas". Bom, "certas coisas", no nosso caso são os 10 Discos Para Morrer Antes de Ouvir. Boa leitura!

#10 Belle and Sebastian (Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant, 2000): os escoceses têm muitos discos legais, para que você se preocupe em perder tempo com o pior registro da carreira de Stuart Murdoch e companhia. Após três álbuns absolutamente matadores - Tigermilk (1996), If You're Feeling Sinister (1996) e The Boy With The Arab Strap (1998) - todos eles recheados por aquela fofura urgente, ao mesmo tempo melancólica e ensolada que conquistou todos os indiezinhos dos anos 90, a banda resolveu dar uma invetadinha básica: baixou um pouco o ritmo, incorporou elementos excessivamente sutis de orquestração romântica e soou repetitiva até mesmo quando não era. O resultado foi um álbum cansativo, chato e, hoje, só lembrado com carinho pelos fãs mais ardorosos. E olhe lá.


#09 Silversun Pickups (Better Nature, 2015): quando surgiu em 2006 com o ótimo Carnavas, o Silversun Pickups apareceu como uma grata surpresa que mergulhava diretamente nos anos 90, bebendo de fontes tão distintas como o Smashing Pumpkins e o bem... o Smashing Pumpkins, novamente. Sim, a banda parecia DEMAIS com o grupo comandado por Billy Corgan, mas os hits do registro eram tão efervescentes e de uma alma roqueira tão intensa que o trabalho chegou a figurar em listas de melhores daquele ano. De lá para cá foram mais três discos. Todos eles repetindo fórmulas que foram se tornando a cada dia mais cansativas. Hoje, o Silversun Pickups - pela sua absoluta falta de capacidade para se reinventar - pode ser considerada apenas a "banda chata que parece o Smashing Pumpkins". Uma pena.


#08 The Strokes (Angles, 2011): quando foi divulgado o single Under Cover Of Darkness, os fãs chegaram a salivar pela real possibilidade de reencontrar o Strokes de início de carreira, aquele mesmo de Is This It (2001) e que todo mundo amava - especialmente após o lançamento do apenas regular First Impressions Of Earth (2006), hoje vendido em lojas de músicas nos balaios, a "preço de banana". Mas a canção se mostrou um legítimo oásis no meio do deserto. Em um disco absolutamente irregular Julian Casablancas e companhia fizeram uma maçaroca sonora que tinha música caribenha (Machu Picchu), rock oitentista (Two Kind Of Hapiness), cancioneiro eletrônico de gosto duvidoso (You're So Right) e outras tantas invencionices. A sensação foi a mesma de perder Gre-Nal em casa. Terrível.


#07 Coldplay (Ghost Stories, 2014): o Coldplay nunca foi o bicho, todos sabemos, mas nesse disco, lançado em 2014, o grupo abusou da paciência até do fã mais devoto. Com o relacionamento com a atriz Gwyneth Palthrow terminado no começo daquele ano - para desespero das revistas de fofocas -, Martin resolveu injetar toda a sua "força criativa" nesse registro. Quer dizer, "força criativa" é mais uma expressão. Com um apanhado de músicas lentas, melancólicas e de letras sobre sofrimento amoroso, o vocalista exorciza os demônios - e quase manda junto o ouvinte pra bem longe, com tanta tristeza traduzida em música ruim. Sorte que, quase ao final do álbum, a belíssima A Sky Full Of Stars - traz de volta aquela bandas que, em algum momento lááá do disco Parachutes (2000), aprendemos a gostar.


#06 Manic Street Preachers (Send Away The Tigers, 2007): existe um certo paradoxo nesse álbum, já que uma das canções que mais ouvi da banda, o megahit You're Love Alone Is Not Alone, está nesse registro. Mas, definitivamente essa música - que conta com a parceria da cantora Nina Persson do Cardigans - não representa de maneira alguma o cancioneiro dos galeses, que tão bem misturam britpop com rock melódico. Não bastasse esse fato, o restante do disco jamais alcança a grandiosidade, a imponência e o significado de trabalhos fundamentais como The Holy Bible (1994), Everything Must Go (1996) e This Is My Truth Tell Me Yours (1998). Foi, definitivamente, uma pequena bola fora. Tanto que, no trabalho seguinte, a banda já voltou a boa forma com o até hoje lembrado Journal for Plague Lovers (2009).


#05 Cícero (Sábado, 2013): com o disco Canções de Apartamento (2011) o músico carioca Cícero deu uma verdadeira aula de como fazer um grande disco. Gravou e tocou todos os instrumentos, se apropriou de um referencial diversificado da música moderna, misturou tudo com uma MPB sofisticada, mas sem soar rebuscada, e cunhou, talvez, o melhor trabalho nacional daquele ano. Com direito a, no mínimo três canções inesquecíveis: Tempo de Pipa, Ensaio Sobre Ela e Vagalumes Cegos. Com o jogo todo ganho, qual deve ser o passo seguinte? Um disco todo ao contrário, desconstruído, hermético, de verve concretista, voltado a satisfazer absolutamente ninguém que não seja a si próprio. Cícero poderia ter demonstrado o eventual virtuosismo ou mesmo refinamento de outras formas. Assim, fez um disco chato, sem pé nem cabeça, com o pior da MPB moderna que tanto irrita parte da crítica.


#04 Smashing Pumpkins (Zeitgeist, 2007): tudo o que o Smashing Pumpkins tinha de versátil e de bacana no início de carreira, com uma vasta capacidade de explorar sonoridades distintas - fosse com a potente psicodelia roqueira de Cherub Rock, o pop adocicado de Today ou mesmo as orquestrações elaboradas e surrealistas de Tonight Tonight se perdem completamente com esse dispensável registro de 2007. Billy Corgan, com uma inadvertida ânsia de reaparecer para o mainstream, tocou (praticamente) todos os instrumentos, tornando o disco uma sequência de canções excessivamente soturnas, pouco inspiradas e repetitivas. Pode até parecer uma espécie de maldição, mas desde esse trabalho, o Smashing Pumpkins jamais foi o mesmo, lançando com Oceania (2012) e Monuments Of a Elegy (2014), trabalhos não mais do que médios.


#03 The Killers (Battle Born): tudo que a banda de Brandon Flowers tinha de legal - as emanações pop/oitentistas, os refrões pegajosos, as letras sarcásticas - parecem ter desaparecido nesse registro, que dá a impressão de ter sido feito a toque de caixa. Infelizmente nada se salva nesse trabalho, que é só aborrecimento em meio a construções óbvias e vocal choroso. Até mesmo a capa do disco parece estranha. A crítica já tinha torcido o nariz para o irregular Day & Age, lançado em 2008. Só que quando Battle Born veio ao mundo ele se mostrou etão ruim, que o disco anterior, recheado de hits - Human, This Is Your Life, Spaceman, The World We Live In - ficava parecendo uma obra-prima. Sorte que Flowers já recuperou a boa forma com uma ótima carreira solo de, até agora, dois discos lançados.


#02 The Decemberists (Hazards Of Love, 2009): O Decemberists vinha de uma sequência de três discos fundamentais - Her Majesty (2003), Picaresque (2005) e The Crane Wife (2006). Neles, apresentavam o melhor de seu som, uma mistura de "rock de cabaré", música circense e vaudeville, com instrumentos distintos como violino, xilofone e acordeão e personagens enigmáticos, como, baronesas, prostitutas, concubinas e reis mouros. A propósito, uma banda criativa e original como poucas, nos dias de hoje. Agora, entender os motivos pelos quais o grupo resolveu fazer uma espécie de opera-rock com ecos de heavy metal neste intragável Hazards Of Love) é algo que até o fã mais engajado deve se perguntar até hoje. Não à toa, a banda superou esse (quase inadmissível) tropeço, lançando, no trabalho seguinte, seu disco mais acessível: The King Is Dead (2011).


#01 Mumford and Sons (Babel, 2012): o mais incrível do Mumford and Sons é que, muito provavelmente, eles mesmo perceberam que são uma banda chata pra cacete e resolveram mudar de estilo no mais recente registro, intitulado Wilder Mind (2015). Não tá escrito em lugar nenhum que se você se apropriar de um filão mais do que batido - o das musiquetas country tocadas com banjo, com letrinhas chorosas e autocomiserativas e, ainda amparadas, por uma inadvertida aura de culto religioso - será garantia de música boa. Tudo nesse disco parece certinho demais, coxa demais, como se o quarteto fosse uma espécie de gaveta organizadora em que tudo está no seu devido lugar, resultando num trabalho oco, pouco inspirado e nada autêntico. Talvez não seja nem justa a presença do M&S nessa lista, já que, em geral, seus discos são muito fracos. Mas não resisti.

E pra vocês? Existe algum disco em que é preferível morrer do que ouvir? Nos escreva nos comentários! =D

Um comentário:

  1. concordo totalmente com o battleborn, mas achei injusto o angles nessa lista.
    é um disco que precisa amadurecer nos ouvidos... coloca qualquer um do teenage funclub nessa lista e fechamos a conta!! haha abraço!

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