terça-feira, 15 de março de 2016

Espaço do Leitor - Encontros e Desencontros (por Tammy Moraes)

Já fazia algum tempo que o Espaço do Leitor - um de nossos quadros preferidos aqui do Picanha - não dava as caras. E, a convite da nossa produção (este jornalista que vos tecla, no caso) a querida amiga, parceira, leitora e estudante de jornalismo Tammy Moraes - que faz um belíssimo trabalho no diário A Hora, aqui em Lajeado - resolveu escrever sobre um de seus filmes preferidos, no caso o arrebatador Encontros e Desencontros (Lost In Translation). Com vocês o imperdível - e apaixonado e sincero - texto da Tammy sobre a bela obra, que também é uma das favoritas aqui da casa!

Encontros e Desencontros (Lost In Translation)

De: Sofia Copolla. Com Bill Murray, Scarlett Johansson, Giovani Ribisi e Anna Faris. Comédia dramática / Romance, EUA / Japão, 2004, 102 minutos. 


Conheci Sofia Coppola muito por acaso. Foi em meados de 2005, depois de uma habitual ida à locadora. Na ocasião, ao colocar o disco no aparelho de DVD, pela primeira e única vez o menu brilhando na tela não correspondia ao nome da capa. Estranhei mas resolvi dar uma chance. Tratava-se de um tal Encontros e Desencontros. Apesar de eu não passar de uma criança à época, a identificação com o filme foi imediata. Em poucos minutos, soube que seria um de meus favoritos.

Conta a história de dois americanos no Japão, que se conhecem no hotel onde estão hospedados. Muito solitários na ocasião, acabam criando relação baseada na companhia, onde conversar e simplesmente estar junto é o mais importante. O que mais me chamou a atenção de início foi a sensibilidade de condução da história. Somente anos mais tarde eu viria a descobrir que Sofia consegue transpassar isso a todos os seus filmes, independentemente da história. Também só depois soube que o nome original do longa é Lost in Translation, ou algo tipo "perdidos na tradução”, o que faz muito mais sentido pois os personagens se viram como podem sem falar japonês.



O roteiro tem premissa simples e a história é conduzida cheia de silêncios e melancolia em meio aos ares urbanos de Tóquio. Tudo para retratar o vazio existencial pelos quais os personagens passavam, mesmo em fases muito diferentes da vida. Scarlett Johansson e Bill Murray, que interpretam os protagonistas, estão em total sintonia, tanto entre si quanto com a premissa do filme. A fala mansa e os gestos comedidos traduzem muito disso.

Confesso que ao ver o filme pela primeira vez, fui conquistada pela imparidade. Com o passar dos anos, cada vez mais entendia pelo que os personagens passavam: a solidão, sensação de estar “emperrado”, vontade de mudar velhos hábitos e se conectar verdadeiramente com as pessoas. Não há nada como uma obra que ganhe novo significado toda vez que contemplada. É a magia do cinema em sua mais pura forma.

Quanto mais você sabe quem é e o que quer, menos deixa as coisas te chatearem. – Bob Harris (personagem de Bill Murray)

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