terça-feira, 29 de março de 2016

Novidades em DVD - No Coração do Mar (In the Heart Of the Sea)

De: Ron Howard. Com Chris Hemsworth, Benjamin Walker, Cillian Murphy, Ben Whishaw e Brendan Gleeson. Aventura / Fantasia, EUA, 2015, 122 minutos.

Quem acompanha de perto o trabalho do diretor Ron Howard sabe que, em sua produtiva carreira, ele equilibra uma série de altos e baixos. Se por um lado, o americano é capaz de verdadeiras obras-primas modernas como Uma Mente Brilhante (2001) e Frost/Nixon (2008), por outro, poderá conceber verdadeiras bombas dignas de um Framboesa de Ouro, casos de O Grinch (2000) e da lamentável versão para O Código Da Vinci (2006) - o livro já não é grande coisa, é preciso que se diga. Ainda assim, não se pode negar o seu esforço em fazer o cinemão no formato em que Hollywood foi sendo construída (e se consolidou), com grandes públicos lotando cinemas com o único objetivo de se divertir. Não à toa, mesmo filmes de Howard considerados menores - caso do ótimo Rush - No Limite da Emoção (2013) -, sempre são um indicativo de que o seu prestígio permanece em alta.

O que lhe dá por exemplo, a "moral" necessária para realizar um filme que toma por base a história por trás do livro Moby Dick - não aquele escrito por Hermann Melville em 1850 e sim, outra, contada por Nathaniel Philbrick anos mais tarde. E que se inspira justamente em um incidente real que foi utilizado por Melville para construir a sua obra: o naufrágio do baleeiro Essex, ocorrido em 1820. Na história de No Coração do Mar (In the Heart Of the Sea) o citado baleeiro parte para o alto mar em busca de óleo de baleia - produto de grande valor de mercado na época. O navio é liderado pela nada experiente - e absolutamente arrogante - capitão George Pollard (Walker), que tem no intrépido Owen Chase (Hemsworth), o seu primeiro imediato. Não é preciso nem 15 minutos de filme para saber que a maior embate da trama não será exatamente a do homem contra a natureza: e sim aquela que envolve a antipatia entre esses dois sujeitos.


Pollard, fruto da meritocracia - coisa de 200 anos atrás, algo impensável nos dias de hoje, né? - é totalmente inseguro em sua função, estando ali apenas por ser filho de um fidalgo de sobrenome imponente. Chase, que deveria ser o verdadeiro capitão pelo seu empenho e dedicação em uma tarefa que não apenas executa com maestria, mas também com humildade e habilidade, oferece o contraponto ao "patrão" da embarcação. Que tentará lhe sabotar de todas as formas, já que Chase, na avaliação de Pollard, por ser um simples filho de camponês, sequer deveria estar ali passando tarefas aos demais tripulantes. A trégua entre ambos apenas ocorrerá quando a expedição sofrer um ataque de um enorme cachalote de mais de 30 metros de comprimento - o que poderá colocar a vida de toda a tripulação em risco.

Se não chega a ser uma história exatamente inovadora no que se refere aos arcos dramáticos, por outro a sessão, num curioso paradoxo, se tornará justamente "saborosa" por aquilo que ela tem de mais simples. E isso não significa que os seus subtextos ou personagens secundários sejam insignificantes, ou que o roteiro seja simplista. Fora o fato de que o elenco é absolutamente carismático - além de Hemsworth e Walker, completam a escalação Cillian Murphy (que andava meio sumido), Ben Whishaw (que vive Melville) e Brendan Gleeson (que conta a história ao autor). E se o filme tem alguns problemas, estes estão relacionados a uma certa indefinição em relação a "agenda ambientalista" e também a estética meio irreal, especialmente nos planos abertos (sensação ampliada pela fotografia de um colorido meio excessivo). Mas nada que comprometa o filme, que ainda se constitui em indicação certeira pra quem é fã da Sessão da Tarde.

Nota: 7,0


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