segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Cinema - Divertida Mente

De: Pete Docter. Com Amy Poehler, Bill Hader, Mindy Kaling, Lewis Black e Diane Lane. Animação / Comédia, EUA, 2015, 94 minutos.

Já faz algum tempo que impera a ideia de que animação não é produto exclusivo para as crianças. E a Pixar também tem parte nesse processo. É só puxar pela memória: uma obra-prima como Wall-E, de 2008, não era apenas a história de um robozinho solitário que se enamora de uma moderna robô. Também era um filme que apresentava um futuro distópico, consequência do consumismo desenfreado e do pouco cuidado com a natureza no nosso planeta. Já Up - Altas Aventuras, falava sobre perseverança e sobre a importância de se acreditar na concretização de sonhos. Ainda que nas aparências fosse apenas a história de um idoso e de seu grupo peculiar de amigos que vivem grandes aventuras (Sessão da Tarde?). Os exemplos são vários e filmes como Toy Story, Ratatouille e Procurando Nemo também estão cheias de mensagens voltadas a adultos e crianças.

Com o recém lançado Divertida Mente (Inside Out) não é diferente. Na trama somos apresentados a uma simpática menina de 11 anos chamada Riley, que mora no Minessota com os pais. Riley, como qualquer pré-adolescente de sua idade, é feliz no local em que vive, rodeada pelos amigos, por bons momentos em família e por partidas de hóquei. Tudo se altera quando os pais resolvem se mudar para San Francisco, sendo ao mesmo tempo complicado e comovente o período de adaptação da menina. Mas o que ocorre do lado de fora da mente de Riley, a vida real, serve apenas como pano de fundo para aquilo que realmente importa: o que ocorre dentro de seu cérebro. É lá que convivem as emoções - Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza - sendo elas as responsáveis por formar as memórias, o caráter e a personalidade da jovem, desde os seus primeiros dias de vida.



Assim, falando, a ideia parece impossível. Ou mesmo impraticável! Mas não esqueça que estamos falando da Pixar, onde tudo parece realizável. A Alegria funciona como uma espécie de líder, que se esforça bastante para fazer com que a vida de Riley seja sempre feliz - não à toa as principais emoções e que vão, ao final de um dia de "trabalho", para a memória permanente, são concebidas por ela. Entretanto, uma confusão na sala de controle faz com que a Alegria e a Tristeza sejam expelidas para fora do local. Agora, elas precisam percorrer as várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley para que possam retornar à sala de controle - e, enquanto isto não acontece, a vida da garota muda radicalmente. Especialmente pelo fato de, no comando, estarem agora as outras três emoções que tentam equilibrar as coisas, enquanto a vida da garota muda radicalmente.

A busca da Alegria e da Tristeza pelo caminho para "casa" rende momentos quase surrealistas, especialmente quando elas passam por outros setores, como os relacionados aos sonhos ou ao pensamento abstrato. Ou mesmo ao encontrar ideias e pensamentos já há muito esquecidos, como no caso do amigo imaginário Bing Bong. Da mesma forma, a transição entre cenários é fluída e nunca faz com que o espectador se perca, uma vez que Riley funciona não apenas como personagem, mas também como um curioso cenário. Com personagens divertidos e uma ideia maluca - mas executada de maneira altamente inventiva -, a obra ainda tem um ensinamento básico válido para todos nós: a de que todas as emoções têm importância na nossa vida, sendo capazes de nos fortalecer e de serem catalisadoras da formação enquanto sujeitos. O que não é pouco.

Nota: 9,0


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