Na lógica do mercado musical, sempre fico um tanto impressionado quando me deparo com algum artista que, aparentemente, não tem a atenção ou mesmo o reconhecimento que merece. E esse é o meu sentimento quando escuto a CMAT. Como assim as pessoas não estão simplesmente falando dela? Como não a estão apontando como uma aposta certeira para as listas de melhores de 2023? Segunda colocada na nossa relação do ano passado, com o singular (e pouco divulgado) If My Wife New I'd Be Dead, Ciara Mary-Alice Thompson retorna com Crazymad, For Me - novo registro de inéditas em que novamente mistura o indie, o folk e o pop colorido, em letras divertidamente cínicas, povoadas por referências culturais diversas e que falam de relacionamentos tóxicos, de tramas mal resolvidas e de dilemas cotidianos de forma afiada, debochada, imprevisível.
Preservando a personalidade do trabalho anterior, a irlandesa converte cada uma de suas composições em verdadeiros hinos cheios de sarcasmo que, com seu apelo comercial irresistível, parecem prontos para serem cantados a plenos pulmões pelo público. Um bom exemplo desse expediente pode ser encontrado na festiva e nostálgica Where Are Your Kids Tonight?, dueto com John Grant em letra que parece olhar para o passado na hora de refletir sobre o futuro. Já quando reduz velocidade, como no caso da espetacular Vincent Kompany - sim, numa citação ao cabelo (!) do ex-jogador belga, a artista mantém a sua verve que pende pra leve excentricidade na hora de debochar de si própria (Eu tenho uma maneira perversa de odiar minha própria companhia / Ela não é tão ruim, mas me colocou novamente em apuros / Quando, confortavelmente, assista dezesseis horas seguidas das Gilmore Girls). Vocês precisam descobrir.
Nota: 9,0
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