terça-feira, 25 de outubro de 2022

Pitaquinho Musical - Taylor Swift (Midnights)

Midnights. O título do décimo disco de Taylor Swift pode ter pego o fã da era 1989 (2014) meio desprevenido. Especialmente para quem esperava um álbum mais movimentado depois do passeio onírico e plácido proposto nos anteriores folklore / evermore (2020). Só que a artista parece ter retornado pra pista no modo barzinho. Estilo fim de noite, discreta. Sem agitação. Sem grandes arroubos imersos em lantejoulas coloridas. Peguemos, por exemplo, a excepcional Question...?, a sétima faixa do trabalho. Há uma verborragia de quem prefere a conversa do que a dança. De quem já bebeu alguns goles e já tá no "brilho". E que fica ali divagando sobre se "Alguém já te beijou em uma sala lotada? / Com cada um de seus amigos tirando sarro de você? Mas quinze segundos depois eles estavam batendo palmas também?". É uma coisa que soa ao mesmo tempo juvenil e adulta, inexperiente e madura. E nessas horas, nós, como ouvintes, já estamos batendo palmas também.

 


Um disco qualquer da Taylor, a crítica, os fãs, o mundo todo já sabe: é algo meio imprevisível. Pra onde vai? Ou onde vem? Nos tempos modernos não há single, não há uma pista. Em muitos casos há apenas uma data. E a expectativa lá no alto. Ainda assim, ali no íntimo, a gente sabe que a matéria-prima não vai mudar muito em meio à emanações pop resplandecentes, acenos à música oitentista e ao alt country e também ao R&B da década seguinte. Num caldeirão de referências que se mistura , mas que apara as arestas, que tira a fumaça em excesso, que faz o polimento como um grande coador em que se vão bagaços, sementes e tudo o mais. A meia-noite da cantora é a do basicão bem feito. Longe da dramaticidade do passado - basta lembrar do histrionismo divertido de uma Blank Space por exemplo -, mas com personalidade, intensidade e vigor. Mesclando um leve experimentalismo com a solidez suave do pop grudento. Como comprova a magnética Snow on the Beach, feita em parceria com a Lana Del Rey. Mas tem mais, bem mais. É só dar o play.

Nota: 8,5


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