quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Pitaquinho Musical - Planet Hemp (JARDINEIROS)

"A arte de combate é o lugar onde eu melhor escrevo e mais gosto de escrever". (Marcelo D2)

Sim, acreditem: a mistura de evangelistão, fetiche armamentista e agropop que compõe o bolsonarismo é tão bizarra que este foi um dos motivos para que o Planet Hemp saísse de um hiato de vinte e dois anos sem lançar um novo trabalho. Era tudo mato quando Marcelo D2 entregou ao mundo o agora distante A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000) e, ouvindo as canções do recém-chegado JARDINEIROS, é praticamente impossível não pensar no mal-estar completo de nossa nação, que funciona como pano de fundo para versos potentes que jogam luz a todo o absurdo atual. "A gente achou que nunca mais iríamos fazer um disco, porque estávamos satisfeitos com nossas obras, até o Brasil nos obrigar a sair desse lugar de conforto. É necessário para o público e é necessário para gente", comentou Marcelo D2 em entrevista para o portal O Dia.



Nesse sentido não deixa de ser interessante notar como a banda ressurge com todo o vigor - com o se tivesse muito a dizer (e ela tem). Aliás, diferente de outros grupos de rock que marcaram os anos 90, D2 e companhia seguem fiéis ao que acreditam, não se dobrando a ideologias difusas que flertam com o fascismo (e vocês sabem muito bem de quem estamos falando). Porrada atrás de porrada, o Planet Hemp entrega do começo com DISTOPIA - que tem participação do rapper Criolo - à sinuosa ONDA FORTE uma série de músicas marcadas pelo forte caráter político, sem medo de enfiar o dedo na ferida. Um bom exemplo disso está na visceral TACA FOGO ("Vivem em seus condomínios, malditos minions fazendo arminha com a mão / Tem coisa mais cafona, rico roubando em nome de Deus cristão?"). Mais claro, impossível. E, como não poderia deixar de ser, o tema favorito da banda não fica de fora, vide a ondulante faixa-título.

Nota: 9,0


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