De: David Leitch. Com Brad Pitt, Aaron Taylor-Johnson, Michael Shannon, Brian Tyree Henry, Joey King e Logan Lerman. Ação / Comédia, EUA, 2022, 126 minutos.
Talvez não houvesse nada de mais nisso, mas ambos ficam longos minutos divagando sobre se foram 16 ou 17 mortes, até que abre um flashback bizarro que busca recordar todas elas - numa espetacularização tão rasa da violência, que beira o constrangimento (sensação ampliada pela desnecessária quebra da quarta parede em que os "números" vão sendo somados). Sim, a despeito dos apelidos patéticos, Limão e Tangerina querem provar pro público o quão durões eles são. Aliás, um mal de absolutamente TODOS os personagens masculinos, que são tão mal desenhados, que parecem apenas um agrupamento de sujeitos tolos, de personalidade idêntica entre si. E talvez isso possa explicar, ao menos em partes, a predileção de Leitch em elaborar tantas sequências em câmera lenta, com edição frenética, em que algum dos "viris" (sim, entre aspas) protagonistas, aparece em primeiro plano, com cara de mau. Todo mundo é muito mau, todo mundo tem cara de mau. Uau, que inovador.
O incômodo prossegue na completa desorganização do roteiro de Zak Olkewicz e, confesso que se sentir meio perdido num filme de ação que não parece fazer nenhum tipo de tributo à inteligência nunca é uma coisa boa. Que bandido é qual mesmo? Qual o objetivo desse? E daquele? Alguém é o real vilão? Todos? A maçaroca do texto é tão rocambolesca, que faz os piores filmes do Guy Ritchie - Como Revolver (2005) ou Rock'n Rolla: A Grande Roubada (2008) parecerem pequenas obras-primas. Outra mania desse tipo de projeto que em mim dá um efeito contrário - ou apenas ranço mesmo - é a da participação especial. Eu, na real, estou pouco me importando se vai aparecer o Ryan Reynolds, ou a Sandra Bullock ou o Chaning Tatum lá no meio. Who cares? Não muda nada na narrativa. Não significa nada diferente pra história. E só irrita. "Uau, vamos colocar uma mulher empoderada aqui pra fazer fita com as feministas", deve ter pensando alguém durante o desenvolvimento do projeto. Um desperdício para a talentosa Joey King, que brilha muito mais na ótima série The Act.
Ah, sobre o filme em si, um bando de matadores de aluguel / caçadores de recompensas em uma viagem interminável em um trem-bala de Tóquio a Kyoto, cada qual com a sua missão. Protagonista, Brad Pitt é o tal Joaninha - sim, os apelidos tolinhos -, que precisa recuperar uma maleta cheia de dinheiro, o que ele faz em três minutos. Desencadeando uma enxurrada de eventos que servem somente pra uma ou outra gracinha com cheiro de naftalina, que decorrem de um texto completamente sem carisma. Sem charme algum. Lá pelas tantas até frase de autoajuda é dita - algo como "se você não decidir seu destino, o seu destino decide por você" (e eu peço perdão se não lembro se era exatamente assim, porque a essa altura do campeonato eu já estava torcendo pro suplício terminar). Pra não dizer que é um completo desastre, algumas sequências espalhadas de ação são boas (a das mortes no casamento é ótima). Mas é só. Tudo parece plastificado. Encaixotado em um padrãozinho. De cores saturadas. De figurinos nerd / kitsch que não dizem nada. De referências à cultura pop incel que agrada marmanjo na casa dos 30. É quase difícil não se irritar em meio a tanta estupidez. Passe longe.
Nota: 3,0
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